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Através de um grupo numa rede social, mulheres trocam vivências e oferecem ajuda para outras colegas que estejam enfrentando desafios no mercado de trabalho, além da participação em rodas de conversa e debates sobre diversidade de gênero

As três cadetes da 42 SP posam para foto

A porcentagem de mulheres que atuam na área de Tecnologia da Informação no Brasil é de 25%. Segundo dados do programa YouthSpark, da Microsoft, apenas 18% delas são graduadas em Ciência da Computação. Apesar da área já não ser exclusivamente ocupada por homens, os números mostram que ainda falta muito para alcançar diversidade e igualdade nas oportunidades de emprego para as mulheres no setor.E esse cenário se agrava ainda mais quando o recorte são mulheres negras na tecnologia

“A tecnologia afeta cada vez mais a maneira como vivemos, e é uma área ainda dominada por homens, com produtos feitos para homens e testados em homens”, conta a designer de games Laura Couto, 31 anos. “Para essa realidade mudar, precisamos ter mulheres trabalhando nessas áreas, e participando de maneira proporcional no desenvolvimento de novos produtos e tecnologias”, acredita.

O incentivo para promover esse acesso mais igualitário conta com a contribuição 42 São Pauloque chega ao Brasil, sendo a primeira unidade na América Latina, em parceria com a Fundação Telefônica Vivo e Instituto 42. Trazendo um modelo gratuito e que não envolve grade de disciplinas, necessidades de experiência prévia, horários fixos e notas, a 42 coloca os algoritmos para trabalhar a favor do raciocínio lógico, incentivando a diversidade,que é um dos valores da iniciativa.

Mesmo com a proposta inovadora, a 42 ainda reflete alguns dados estruturais no que diz respeito à questão de gênero. Na fase atual, apenas 20% — dos 125 estudantes selecionados — são mulheres. “Existem coisas que estão fora do alcance da escola, problemas que são da nossa sociedade e cultura, e não podem ser ‘consertados’ com tanta facilidade”, acrescenta Laura,cadete da primeira turma do curso.

Barreiras encontradas

Muitas das estudantes que decidiram investir na experiência da 42 São Paulo enfrentaram desafios para que pudessem estar presentes fisicamente durante o processo seletivo, uma imersão de 26 dias,chamada de piscina, que introduz o método de aprendizagem e seleciona quem irá prosseguir.Também tiveram que lidar com as cobranças e expectativas, tanto em relação aos projetos que exigiram tempo e dedicação, quanto com as demais atividades que desempenham fora da escola.

“O sobrenome da mulher é cobrança. Queremos ser a aluna nota 10, provar que somos capazes e ao mesmo tempo somos cobradas pela sociedade para sermos mães perfeitas, filhas perfeitas, esposas perfeitas”, diz Erica Suguimoto, professora de ioga que está apostando em uma transição de carreira. “Infelizmente já tive esse sentimento de ser subestimada apenas por ser mulher, sobretudo na faculdade. E vi acontecer com outras amigas e colegas”.

Mãe de três filhas e autodidata na programação, Erica que morou no Japão e voltou ao Brasil teve de convencer a si mesma que a oportunidade na 42 São Paulo era mesmo para ela. Afinal, ser mãe e não estar no começo de carreira pareciam um impeditivo. Hoje, ela conta com o marido para cuidar das filhas no interior de São Paulo, mas diz saber que nem todas as mulheres têm a mesma relação de parceria que possibilita essa mudança na rotina.

A cadete Laura Couto reforça que o apoio é fundamental para que uma mulher se sinta motivada a enfrentar as barreiras de um mercado de trabalho hostil. Sua esposa assume os cuidados da casa e das demais responsabilidades do dia a dia para que ela possa conquistar mais espaços. “Um homem tem o direito de ser questionador, de expor suas ideias. Uma mulher, se tiver o mesmo comportamento, é considerada rude. Especialmente em ambientes majoritariamente masculinos, como é o caso da área de tecnologia, uma mulher acaba muitas vezes sendo isolada ou tratada como uma intrusa”, afirma.

Imagem mostra mulheres dentro da 42 SP mexendo nos computadores

“Minas”da 42

Percebendo muitos pontos em comum com outras colegas, a designer Eliane Lang decidiu criar uma rede de apoio para que mulheres se sentissem motivadas durante a Piscina. Através de um grupo no WhatsApp chamado Minas 42, mulheres com realidades completamente diferentes compartilhavam experiências, dúvidas e inseguranças ao mesmo tempo em que incentivavam uma a outra a não desistir do processo.

“Quando a gente criou o grupo aqui na 42 a ideia era essa: uma levanta a outra. É um exercício de muita empatia. Eu não sou mãe, mas muitas colegas eram e eu me colocava no lugar delas. Quando elas falavam sobre um caso de machismo no trabalho ou quando duvidavam da própria capacidade de estar ali, estávamos todas juntas”, conta Eliane.

Formada em Engenharia e na curva de aprendizado da programação, Eliane tem 42 anos e se lembra de um episódio na infância que exemplifica bem o que as mulheres que trabalham com a tecnologia, dentro e fora da 42, passam. “Quando eu era criança, minha família comprou um computador e eu não podia mexer porque era coisa de homem. Anos mais tarde, decidi fazer Engenharia e me perguntaram se eu tinha certeza de que era isso mesmo que eu queria fazer”.

Programação para Minas, Manas & Monas.

No dia 12 de março, a 42 SP abre as portas para o evento gratuito 42 for Minas, Manas & Monas. O objetivo é unir mulheres inspiradoras para debater a evolução da história das mulheres na tecnologia e na programação. As vagas são limitadas. Saiba como participar!

Ela acredita que grupos como o Minas 42 são fundamentais para desconstruir esses estigmas e fortalecer conhecimentos e oportunidades de mulheres para mulheres. Algumas das integrantes tinham dificuldades para interagir e se colocar diante de homens, porque se sentiam silenciadas. Com o grupo isso foi, aos poucos, mudando e tomando proporções para além do ambiente da escola.

“O Minas 42 nasceu de uma necessidade ruim e se transformou em uma coisa boa. Ele transbordou as fronteiras da escola e a gente começou a incluir pessoas que nem pensavam em fazer a 42 São Paulo nos debates que tínhamos lá dentro. Outras mulheres, interessadas em tecnologia, começaram a manifestar interesse em participar”, relembra a designer.

O grupo continua ativo e Laura, Erica e Eliane sentem que se precisarem de apoio podem contar umas com as outras. As meninas também apontam as rodas de conversa, os debates e a disponibilidade em rever os processos como diferenciais essenciais na 42 São Paulo, que contribuem para a transformação desse cenário. Dentro da tecnologia e fora dela.

Quer fazer parte do modelo inovador de aprendizagem da 42 São Paulo? As inscrições estão abertas! Acesse o site para criar sua conta e saiba como participar do processo seletivo.

42 São Paulo apoia mulheres na área de tecnologia
42 São Paulo apoia mulheres na área de tecnologia