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Com os desafios impostos pelo isolamento social, o vínculo com as famílias e as metodologias participativas se tornaram essenciais para repensar os processos pedagógicos na alfabetização.

Alfabetização é muito mais do que saber ler e escrever. Além de ser um direito e representar a transição da rotina de aprendizagem na Educação Infantil para o Ensino Fundamental, é por meio dessa capacidade que conseguimos desempenhar atividades diárias com autonomia, expandir o alcance da comunicação e expressão e atingir melhores colocações profissionais.

O curso online “Alfabetizando na diversidade”, que faz parte da plataforma Escolas Conectadas – iniciativa do ProFuturo, programa global da Fundação Telefônica Vivo e da Fundação Bancária “la Caixa” – abrirá novas turmas no dia 14 de setembro.
Voltado para educadores dos anos iniciais, tem como objetivo reunir experiências e construir coletivamente estratégias e práticas com a ajuda de ferramentas que possam potencializar o processo de alfabetização. Com carga horária de 50 horas e certificado pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, a formação está disponível gratuitamente na plataforma. Inscreva-se aqui!

Com as medidas de isolamento social e a adaptação para o ensino remoto, os desafios para a faixa etária dos 5 a 7 anos, em fase de alfabetização, trouxeram uma grande preocupação. Por outro lado, também mostraram oportunidades de repensar os processos pedagógicos e o papel da escola.Mesmo antes da pandemia de coronavírus, a alfabetização já era uma prioridade no país. Segundo a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), lançada pelo IBGE em junho deste ano, o país ainda se vê distante da meta do Plano Nacional de Educação de erradicar o analfabetismo até 2024.

“Temos buscado dar um atendimento individualizado às crianças, mas é com o coletivo que teremos de nos preocupar quando voltarmos à escola. A prioridade agora é darmos para as crianças, através de processos pedagógicos significativos, a perspectiva de futuro”, defende Silvana Augusto, consultora de formação de professores da Educação Infantil.

Um acordo com as famílias

A alfabetização é uma fase onde o acompanhamento presencial é importante, tanto para o desenvolvimento cognitivo, quanto para o repertório socioemocional. Na impossibilidade de dividir espaços públicos, as famílias foram chamadas para participar ativamente dessa interação.

“Adaptar aulas a distância tem levado para as famílias uma responsabilidade ainda maior. Mesmo com os planejamentos didáticos e detalhados, que contextualizam a finalidade de cada atividade, nós compreendemos que os pais não estudaram para serem professores e nem devem ocupar esse papel”, conta Vanessa Martins, educadora alfabetizadora da rede municipal de São Luís, no Maranhão.

Além da dificuldade de conciliar as rotinas, Vanessa relata que as diferentes realidades e condições impactam nesse processo. “O que estamos fazendo este ano é uma introdução ao processo de alfabetização, através do contato com a leitura, com histórias e livros, e com o alfabeto. A ideia é que depois possamos recuperar esse processo coletivo nos anos seguintes, de forma mais aprofundada”, explica a educadora.

Parte da estratégia utilizada por ela é manter o vínculo através de áudios, vídeos e reuniões individuais através do WhatsApp. Um ponto positivo destacado por Vanessa foi o envolvimento da comunidade, que se mobilizou para que as famílias sem acesso a celulares pudessem enviar retornos sobre as atividades.

Reinventar constante da educação

Outro exemplo é o caso de Ioneide de Souza Tavares, educadora no município de Quixeramobim, no interior do Ceará. Mesmo contando com apoio de uma rede de ensino considerada referência em resultados de alfabetização, os desafios não deixaram de existir.

“Esse com certeza foi o momento mais difícil em meus 25 anos de trabalho. Nós, educadores, tivemos de nos reinventar e criar novos métodos e estratégias para não deixar ninguém para trás”, compartilha Ioneide. “Estamos falando da etapa mais importante do processo educacional, que é um reflexo na qualidade de educação que oferecemos nos anos seguintes”.

A educadora acrescenta, ainda, que o grande divisor de águas para traçar estratégias durante este período tem sido a escuta, o diálogo e a orientação das famílias. Para ela, estreitar esses laços entre todos os agentes da escola é o que fará diferença na educação pós-pandemia.

Como se planejar para alfabetizar pós-pandemia?

Com a ajuda das educadoras Silvana, Vanessa e Ioneide, selecionamos algumas sugestões de estratégias relacionadas à alfabetização, que podem ajudam a minimizar as perdas nos processos pedagógicos durante esse período de isolamento.

Propor metodologias mais claras e lúdicas

Propor atividades que levam a autonomia e a reflexão das crianças sobre o sistema da escrita e do alfabeto são formas de iniciar esse primeiro contato de uma forma divertida e significativa. Isso pode ser feito através de desenhos, brincadeiras e contação de histórias, por exemplo.

Embora as atividades possam ser pensadas sem o uso de tecnologia, há propostas gamificadas e online que podem ajudar no engajamento a distância. O site Brincando com Ariê e o Instituto Alfa e Beto disponibilizaram, gratuitamente, jogos para trabalhar pré-alfabetização e pós-alfabetização.

Manter o canal de comunicação com as famílias

Uma das oportunidades trazidas pelo período de isolamento social é a aproximação das crianças, da família e dos educadores. Mesmo no período volta às aulas, é importante manter esse vínculo e um canal de comunicação sempre aberto. Entender as condições em que os estudantes vivem é fundamental para desenhar estratégias pedagógicas mais assertivas.

“Temos tido a chance de desenvolver atividades e materiais para os estudantes e para seus familiares. Muitos deles são semianalfabetos ou não tem o hábito de leitura e, através das nossas aulas, eles também podem recuperar algum déficit de aprendizagem”, conta Vanessa Martins, sobre sua experiência durante as aulas remotas.

Trazer atividades temáticas para contextualizar o período da pandemia

Quando voltarem às aulas, as crianças terão diferentes informações sobre o coronavírus. É importante trazer atividades temáticas, reforçar as medidas de seguranças e prepará-los para uma contextualização de mundo. Cuidar das emoções, dos medos e da saúde neste momento, é quase tão fundamental quanto o conteúdo.

Aprendizado em pares

Depois de realizar avaliações diagnósticas e observar as necessidades da turma, uma sugestão é não separar os estudantes de acordo com os níveis de aprendizagem, mas sim misturá-los em grupos de diferentes estágios. Com a mediação dos educadores, isso fará com que as crianças auxiliem umas as outras e resgatem a ideia de aprender coletivamente, desenvolvendo habilidades como empatia, autonomia e colaboração.

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