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Contar histórias faz parte do nosso dia a dia, o que nos torna narradores em potencial. Confira como usar as histórias para aprender e se divertir!

Imagem mostra mulher lendo livro. Ela está sentada sobre almofadas coloridas.

A infância é um período cheio de possibilidades lúdicas. Nessa etapa, a construção da identidade e das experiências são marcadas por uma percepção única, potencializada por uma habilidade que faz sentido para toda a vida: a de contação de histórias.

“A gente não vive sem contar histórias. O que nos faz humanos não é a capacidade de pensar, mas sim de elaborar esses pensamentos e experiências. Somos seres discursivos”, afirma Penélope Martins, escritora de livros infanto-juvenis e mediadora de leitura. “Esse discurso só acontece na presença do outro. Quando você diz algo a alguém, você passa a existir”, complementa.

A escritora destaca a importância de resgatar o hábito da leitura e da contação de histórias diante de um mundo cada vez mais conectado. Práticas que além de intrínsecas ao potencial narrador, ajudam a desenvolver habilidades socioemocionais essenciais para a vida.

A hora de dormir pode ser uma boa oportunidade para contar histórias. O Vivo Brincar traz essa e outras dicas de brincadeiras para tornar este momento mais divertido. A iniciativa lançada pela Vivo tem como objetivo estimular as crianças a deixarem um pouco de lado os eletrônicos para aproveitarem as infinitas possibilidades de brincadeiras.

O poder de contar histórias

Empatia, convivências, diversidade. Esses são alguns dos valores que podem ser trabalhados através de histórias. Os personagens das mais diversas origens mostram possibilidades para construir novos caminhos para lidar com o outro. Na opinião de Elis Neves, que faz parte do projeto Agbalá Conta, iniciativa de estímulo a leituras de narrativas africanas, esse é o grande poder de contar histórias.

“Quando você conta uma história, leva a criança para outro universo, que ela constrói se colocando naquele lugar. A narrativa dá ensinamentos práticos a partir do lúdico, desconstruindo estereótipos e reconstruindo identidade. Talvez você ensine uma matéria para uma criança e ela esqueça rapidamente, mas uma história tem um poder transformador tão grande que é capaz de acompanhá-la pelo resto da vida”, aponta a educadora.

Elis chama a atenção para as reações imediatas das crianças ao ouvir um conto e ressalta que ao acontecer de forma interativa, a história acessa diretamente referências que essas crianças encontram na memória. E é essa experiência que transforma as histórias em algo vivo, divertido, e com um grande potencial como metodologia de ensino-aprendizagem.

“As pessoas costumam dizer que as crianças de hoje não gostam mais de ler, mas isso não é verdade. Basta notar o brilho no olhar delas quando você faz uma pausa numa história de suspense, quando diz algo engraçado e muda de voz. Nós, adultos, é que precisamos resgatar essa disposição para imaginar”, acredita.

O narrador dentro de nós

Antes de começar a mediar leituras com grupos de crianças, adolescentes e adultos, Penélope Martins conta que primeiro teve que descobrir sua “narradora interior”. Advogada e mãe de dois filhos, foi alertada sobre sua vocação pelas próprias crianças da família. No início, foi voluntária em projetos de mediação de leitura, mas só depois passou a transformar suas histórias inventadas em livros.

“A minha formação de narradora está ligada a minha constituição desde a infância, ouvindo meus avós contarem suas histórias. Não foi aprendida. É claro que para ser um mediador de leitura é importante observar os narradores, assistir a apresentações, mas o principal é encontrar dentro de si as vozes de quem costumava te contar histórias, ou pensar na forma como você teria gostado de ouvi-las”, diz.

Segundo a autora, qualquer um pode contar histórias. Um mediador de leituras pode ser um escritor,um educador, um voluntário, um pai, uma mãe, e por aí vai. “Os únicos fatores que diferem um profissional que conta histórias em larga escala são o rigor de escolher bem as palavras, o repertório e a responsabilidade pela experiência e pelo aprendizado do outro.”

No caso de educadores e voluntários, as experiências se assemelham, pois as atividades realizadas tem um propósito de desenvolvimento e aprendizado que englobam múltiplas interpretações e subjetividades. Já os pais e familiares, embora também queiram ensinar e desenvolver, têm maior convivência e afetos individuais. Portanto, o rigor dá lugar à busca por conexão e vínculo.

Como atrair a atenção das crianças?

Como competir com estímulos que vem dos computadores, celulares e videogames? A escritora Penélope e a educadora Elis dão algumas recomendações que podem ajudar os pais, professores e voluntários a estimular o hábito da leitura. Confira a seguir.

Não desista!

As crianças podem não estar interessadas ou prestando atenção naquele momento, mas isso não é motivo para desistir. Tente de novo! O ideal é não forçar e nem insistir, mas se dispor a conhecer e conversar mais com as crianças, sugerir referências a partir dos gostos individuais, se oferecer para ler um livro em conjunto e histórias em voz alta.

Divirta-se!

Crie o hábito de ouvir histórias, busque se abrir para o narrador que existe dentro de você. Leia as histórias antes, e se pergunte como você gostaria de ouvi-las. Quando estiver com as crianças, se divirta e se permita abandonar as amarras da sua própria interpretação. Observe como elas respondem.

Trabalhe uma escuta ativa

A escuta de uma história não pode ser passiva. Além de trabalhar habilidades socioemocionais, as histórias estimulam os questionamentos, as reflexões e as múltiplas interpretações. As crianças vão querer dividir em voz alta o que estão pensando, e nessa hora é importante que os adultos incentivem essa leitura com interação, não invalidando as interpretações feitas.

Não se esqueça dos adolescentes

É muito comum relacionarmos a mediação de leitura às crianças pequenas, que ainda não aprenderam a ler sozinhas. Mas é muito importante que esse estímulo continue ao longo da vida. Os adolescentes tendem a deixar de enxergar a leitura como diversão e associá-la à obrigação. Por isso, mostre interesse nas leituras que ele faz, se ofereça pra ler junto. Esse momento compartilhado faz com que vocês se desconectem dos celulares e construam uma relação de afeto.

Como usar a contação de histórias a favor do brincar
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