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Organizações da sociedade civil se unem para debater os aprendizados durante a pandemia. Saiba mais sobre a iniciativa e conheça outros movimentos que se propõem a transformar a educação

#Educação

A imagem mostra uma crianca negra em destaque de máscara de proteção colorida e blusa de manga comprida cinza sentada em uma carteira escolar dentro de uma sala de aula. Ao fundo, é possível ver mais crianças sentadas, também de máscara.

Como trazer o debate da volta às aulas de forma transformadora? A campanha Reviravolta da Escola nasceu desta inquietação. Ela é uma iniciativa de organizações da sociedade civil dispostas a refletir de forma crítica sobre os aprendizados que a pandemia proporcionou, assim como oferecer apoio a redes, escolas e territórios para que repensem a sua forma de atuação. Isso não significa desconsiderar o modelo educacional que era feito antes da pandemia, mas sim estimular a sua contínua transformação.

As organizações irão promover ações e produzir conteúdos que buscam discutir as aprendizagens vividas em 2020, assim como os caminhos possíveis para se recriar a escola necessária para o mundo pós-pandemia. O debate foi aberto com a live de lançamento “Qual o papel da escola neste contexto?” em que participaram representantes de instituições parceiras da campanha e foi mediada por Pilar Lacerda, diretora da Fundação SM Brasil.

“Vamos herdar uma sociedade com muito mais gente na miséria, com muito mais pobreza, e com 42 milhões de estudantes brasileiros que foram expostos a diferentes tipos de aprendizagens. No entanto é um absurdo dizer que não teve aprendizagem, tiveram muitas. Um dos legados da pandemia na educação é que a gente não aprofunde a exclusão. Que a gente pense em projetos transformadores que tragam aprendizagens significativa”, afirma Pilar Lacerda durante a live.

É possível ter acesso à artigos, reflexões, relatos de experiências, materiais mão na massa e outros conteúdos pelo site especial da #Reviravolta da Escola. Ao longo deste texto você encontra as discussões trazidas nestes conteúdos.

 

Por que é preciso de uma reviravolta? 

“A escola hoje está longe de ser o que a gente quer para os estudantes e para nós educadores”, diz Tereza Perez, diretora-presidente da Comunidade Educativa CEDAC. “Nós não temos uma escola inclusiva. A escola está velha, estamos vestindo uma roupa que não nos serve mais. Ela espera que todos aprendam as mesmas coisas no mesmo ritmo. A gente acaba ficando muito preocupado em cumprir o currículo, sem perceber direito o que acontece com as aprendizagens”, complementa.

Este modelo de educação, criticado por Tereza, sofreu forte abalo com a pandemia e o distanciamento social. Ao final de 2020, familiares e setores educacionais passaram a pensar na reprovação de estudantes e a lamentar a perda de conteúdos.

Em seu artigo “Reprovação não, reviravolta, sim” Perez defende que a reprovação dos estudantes não é um desfecho aceitável. As formas avaliativas que permitem a reprovação dos estudantes são sustentadas pelo conceito de cronologia e monocromia das escolas. Cronologia diz respeito à estruturação do sistema escolar: anos, agrupamentos por idade, unidades de tempo regular, bimestres, trimestres. A monocromia da aprendizagem diz respeito a tratar todas as crianças e estudantes como se fossem iguais e almejando que tenham as mesmas aprendizagens.

“Se queremos que todos tenham aprendizagens equivalentes, precisamos considerar as diversidades. A crença na monocromia é a principal responsável pelo não aprendizado, pelo abandono da escola e pela indisciplina”, afirma no artigo.

A Unicef aponta que no Brasil há 7 milhões de estudantes da Educação Básica em situação de distorção idade-série – ou seja: têm dois ou mais anos de atraso escolar. Estudantes de cor/raça indígena, preta e parda tendem a ser mais prejudicados no que se refere à taxa de distorção idade-série, tanto no meio urbano, quanto no meio rural.

A taxa de distorção idade-série entre meninas e meninos negros é significativamente maior do que entre brancos. A reprovação não está ligada somente à aprendizagem, mas também ao racismo estrutural.

 

Importância da inovação 

Escolas mais inovadoras tendem a ser mais flexíveis e possuir maior repertório para criar novas formas de manter os processos pedagógicos durante a pandemia. Estas instituições trabalham em cima de um currículo integral em que o papel da educação não se resume à formação acadêmica mais a potencialização de todas as dimensões da experiência humana: desenvolvimento intelectual, afetivo, social e cultural.

A importância da inovação ficou latente durante a pandemia, pois, segundo Helena Singer, vice-presidente da Ashoka para América Latina, as escolas inovadoras conseguiram se adaptar melhor ao novo contexto. “É por isso que estas instituições precisam ser amplamente divulgadas, amplamente conhecidas, porque elas já trazem referências e possibilidades que podem inspirar e orientar outros educadores, comunidades, estudantes em seus processos de reviravolta da escola”, afirma Singer.

Além das questões sanitárias 

A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), em conjunto com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) elaboraram o manifesto “Ocupar escolas, proteger pessoas e valorizar a educação”. O documento amplia a discussão para além de protocolos sanitários e decisões sobre reabrir ou não as escolas.

“Onde aconteceu a articulação dos agentes da educação, saúde, assistência social, foi possível garantir direitos fundamentais dos estudantes e suas famílias, como a segurança alimentar, a prevenção ao contágio do Covid-19 e o acesso a recursos educacionais”, escreve.

 

Escola ao ar livre 

Os órgãos da saúde alertam que a maior forma de disseminação do novo coronavírus é em ambientes fechados. Além de ser mais seguro, trazer o ambiente escolar para o ar livre permite que os estudantes possam entrar em contato com a natureza.

O Instituto Alana, por meio do Programa Criança e Natureza, lançou o documento Planejando a reabertura das escolas – A contribuição das pesquisas sobre os benefícios da natureza na educação escolar. O texto faz referências a pesquisas sobre os benefícios da aprendizagem em meio à natureza, experiências passadas de pandemias, e a forma como escolas internacionais estão realizando essa reabertura hoje.

É possível encontrar na publicação elementos que auxiliem no planejamento da realização dessas atividades ao ar livre, como aproveitar os pátios escolares, praças e parques próximos à escola, e criar salas de aula temporárias. Em uma das recomendações para o retorno às aulas, o documento sugere parcerias com parques e clubes municipais, bem como o aproveitamento de praças no entorno da escola para o desenvolvimento das aulas.

Conheça outros movimentos que também se propõem a transformar a educação brasileira:

Movimento de Inovação na Educação (MIE)

O Movimento de Inovação na Educação integra redes, escolas, profissionais, ativistas e iniciativas sociais que atuam pela transformação da educação em seus diversos campos. O principal objetivo é apoiar as organizações voltadas para a educação que inovam em seus projetos políticos pedagógicos. O MIE é resultado da parceria entre a Fundação Telefônica Vivo, a Associação Cidade Escola Aprendiz e a Ashoka.

A criação do movimento resultou em uma plataforma para disseminar metodologias e práticas educativas que inovam em todo o Brasil. É possível encontrar um mapa interativo com a distribuição das iniciativas inovadoras, assim como notícias, artigos, entrevistas e publicações relacionadas ao tema.

Todos Pela Educação

O Todos Pela Educação é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, suprapartidária e independente que tem como missão engajar o poder público e a sociedade brasileira no compromisso pela efetivação do direito das crianças e jovens a uma Educação Básica de qualidade.

Em 2021, buscando maneiras para garantir o direito à Educação de crianças que viveram os impactados da Covid-19, o Todos desenvolveu a websérie Educação Já Municípios. Ela tem 6 episódios e conta com 14 especialistas. Nesta iniciativa são discutidos os desafios do ensino no atual contexto e levantadas recomendações para o avanço educacional.

Movimento Colabora Educação

O MCE tem por objetivo incentivar ações cooperativas entre entes federados no âmbito das políticas públicas de educação. Publicações, artigos, seminários e discussões são alguns dos eixos de atuação do Movimento. Em parceria com o Instituto Positivo, o MCE produz a Revista Colaboração. A 6a edição da revista faz uma retrospectiva do ano de 2020, e busca analisar as aprendizagens, os erros, e soluções encontradas na área da educação.

O Movimento Colabora Educação conta com os seguintes membros: BID, Instituto Positivo, Instituto Natura, Instituto Unibanco, Fundação Itaú Social, Movimento Todos pela Educação e Fundação Lemann.

Movimento pela Base

O Movimento pela Base é um grupo não governamental e apartidário de pessoas, organizações e entidades que se dedica à construção e implementação da BNCC e do Novo Ensino Médio. O Movimento promove debates, mobiliza atores importantes em torno da causa, produz estudos e pesquisas, e busca garantir que os princípios considerados fundamentais para a Base possam, de fato, ser usados nas escolas brasileiras, ajudando assim a melhorar a Educação no país.

Em dezembro de 2020, o Movimento promoveu o Seminário “2 anos da BNCC da Educação Básica“, e na ocasião, também foi lançado o Observatório da Implementação da BNCC e do Novo Ensino Médio, uma plataforma pública que reúne informações e dados atualizados sobre o avanço da BNCC e do Novo Ensino Médio nas redes de ensino e nas políticas nacionais.

Campanha #Reviravolta da Escola propõe repensar, de forma crítica, a volta às aulas
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