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Doar tempo para ouvir o outro é também uma forma de autoconhecimento. Saiba como funciona o trabalho no Centro de Valorização da Vida

Uma espécie de pronto-socorro emocional, com atendimento 24 horas, gratuito e sigiloso. Assim funciona o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma rede de apoio para prevenir o suicídio, mas que acaba ajudando qualquer pessoa que esteja passando por algum tipo de angústia, solidão ou sofrimento.

Criado em São Paulo na década de 60, o CVV foi se expandindo aos poucos até chegar a 21 estados, mais o Distrito Federal. Com cerca de três mil voluntários cadastrados para atendimento, em 2018, realizou mais de três milhões de atendimento em todo o país.

Os contatos para atendimento são feitos pelo 188, chat e e-mail. Há também 110 postos de atendimento presencial espalhados por todo o Brasil.

Os números impressionam, mas a demanda por ajuda emocional parece aumentar a cada dia. O Brasil é, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país com maior índice de depressão da América Latina, com 5,8% da população diagnosticada. Também somos líderes em portadores do Transtorno de Ansiedade, que acomete 9,3% dos brasileiros.

O suicídio é considerado problema de saúde pública: a cada 45 minutos, um brasileiro tira a própria vida. Ainda assim, nove em cada dez mortes por suicídio podem ser evitadas, de acordo com a OMS. Para conscientizar a população e promover ações preventivas, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) promove, todos os anos, a campanha nacional Setembro Amarelo.

Doando tempo para valorizar vida

Uma simples conversa pode fazer a diferença na vida de alguém. Assim, os voluntários do Centro de Valorização da Vida doam quatro horas por semana para conversar com outra pessoa por telefone, voip, de forma anônima, sem julgamentos ou críticas.

Para ser um plantonista do Programa de Apoio Emocional é preciso ter mais de 18 anos e participar de um curso gratuito de preparação de voluntários em uma das sedes da organização. Há também a opção EaD.

O paulista José Correia, de 66 anos, é voluntário do CVV há 27 anos. Segundo ele, o segredo desse tipo de trabalho é não tentar ocupar o papel de super-herói. “Você não vai resolver o problema de ninguém. O que acontece é um acolhimento através de uma conversa despida de preconceitos e julgamentos. Isso proporciona um encontro da pessoa com ela mesma para que esvazie suas dores ou aumente sua capacidade interior de lidar com angústias e sofrimento”.

Ao longo dos anos, José percebeu que o público que procura o atendimento do CVV rejuvenesceu e se diversificou, o que ele credita à expansão do serviço para as redes sociais, à facilidade de comunicação pelo smartphone e ao atendimento em todo o Brasil.

Quem procura atendimento?

Nem todo mundo que procura o apoio emocional do CVV está pensando em tirar a própria vida. Há casos de gente que recebeu notícia ruim, perdeu um ente querido ou animal de estimação, que está passando por dificuldades financeiras. Também não são incomuns ligações que trazem problemas pontuais do dia a dia, como uma briga com o chefe. Algumas pessoas sentem-se sozinhas e procuram o serviço para ouvir um simples “oi” ou “boa noite”.

“Muitas pessoas têm dificuldade de serem elas mesmas e de confidenciar algo que as incomoda. Em função do sigilo que o voluntário oferece, ela consegue compartilhar angústias melhor do que com seu melhor confidente”, José Correia, voluntário do CVV há 27 anos.

Uma via de mão dupla

O sigilo e o respeito pela história do outro são fundamentais para todos que se envolvem com este tipo de trabalho voluntário. Exercitar a empatia é uma exigência diária.

“O sofrimento de quem está do outro lado da linha não deve ser minimizado e o voluntário deve deixar claro ao seu interlocutor que está entendendo o que ele diz. Isso ajuda a completar a confiança para que a conversa flua. É um ato de compreensão incondicional que deve ser exercitado”, afirma José.

E não é só quem faz a ligação que se beneficia dessa dinâmica de compartilhamento emocional. Quem trabalha como plantonista voluntário do CVV também acaba passando por um processo de autoconhecimento.

“Depois de começar a trabalhar com o CVV, me tornei uma pessoa mais tolerante e transparente, além de melhorar meu processo de escuta e compreensão do outro. É uma valorização da vida não só do outro, mas sua e de quem está ao seu redor também”, acredita o voluntário.

Quer ajudar?

Quem deseja ser um plantonista do Programa de Apoio Emocional do Centro de Valorização da Vida deve preencher um formulário e se cadastrar gratuitamente no curso de preparação de voluntário.Também é possível contribuir de outras maneiras, auxiliando na divulgação e organização de eventos, trabalhando pela captação de recursos e com suporte tecnológico, por exemplo. Basta mandar e-mail para comunicacao@cvv.org.br.

Para ficar por dentro da agenda de cursos e atividades promovidas pelo CVV clique aqui ou acompanhe os perfis nas redes sociais Instagram, Facebook e Youtube.

Como funciona o trabalho voluntário de prevenção ao suicídio?
Como funciona o trabalho voluntário de prevenção ao suicídio?