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Chega ao fim a formação continuada em projeto de vida na rede pública da Bahia, apoiada pela Fundação Telefônica Vivo

#Educadores#PenseGrande#Projetodevida

Imagem mostra uma jovem sentada atrás de uma mesa com um notebook a frente dela e um copo de café descartável ao lado

A Escolas Conectadas é uma plataforma de formação continuada que oferece cursos gratuitos a educadores de todo Brasil. Faz parte do ProFuturo, o principal programa global de educação da Fundação Telefônica e que foi criado em parceria com a Fundação “la Caixa”.

Já o Pense Grande é um programa de apoio e incentivo à cultura empreendedora para que jovens ampliem suas possibilidades de futuro.

O ano de 2020 mostrou que é essencial se adaptar para acompanhar as mudanças trazidas pela conjuntura mundial. Não só porque estamos diante de uma pandemia que modifica a forma como interagimos, mas também por estarmos diante de uma geração que demanda o desenvolvimento de novas competências e habilidades. Nesse contexto, se encerra o ciclo de formação continuada em projeto de vida para 700 educadores da rede pública estadual da Bahia.

Alinhada às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular e com foco no Novo Ensino Médio, a formação foi conduzida em uma parceria entre a Fundação Telefônica Vivo e a Secretaria da Educação do Estado da Bahia com a intenção de facilitar o processo de transição curricular até 2023 e  tendo os educadores como agentes de transformação.

Com acompanhamento contínuo dos parceiros locais AFETO – Educação, Comunicação e Juventudes e CIPÓ – Comunicação Interativa, as atividades totalizaram 41 horas de conteúdo formativo, divididos em dois módulos, e alcançaram 50% das instituições de Ensino Médio do território baiano.

Devido à impossibilidade de encontros presenciais, os educadores puderam contar com apoio da plataforma Escolas Conectadas e tiveram como base a metodologia do programa Pense Grande. Também foram usados canais de comunicação digitais, como o WhatsApp, para proporcionar a troca de experiência e conhecimentos entre os educadores.

No futuro, as melhores experiências deverão ser reunidas em um e-book para sistematizar as descobertas que podem servir de modelo para outras redes de ensino. Conheça abaixo alguns participantes da formação e as lições que ficaram do processo.

 

Viver é melhor que sonhar 

No município de Ubaitaba, localizado no sul da Bahia, a experiência de Adriano Souza Paraíso responde a diversas realidades. Trabalha há 29 anos na rede estadual de ensino e leciona Geografia no Colégio Estadual Octacílio Manoel Gomes, onde também já atuou como diretor por nove anos.

A escola atende cerca de 800 estudantes, sendo que uma parcela reside na zona rural e teve acesso limitado à internet durante a pandemia. Com uma infraestrutura que não atende a algumas demandas do século XXI, o educador sempre buscou maneiras de aproveitar o território como ferramenta de educação integral, além de se atualizar em relação às novas tecnologias. Trabalhando pela primeira vez com projeto de vida, descobriu uma nova forma de se aproximar dos jovens.

“O curso me mudou como pessoa, me fez compreender melhor o meu próprio projeto ao longo de meus 52 anos de vida. Quando você propõe ao indivíduo um espaço para se autoconhecer, identificar as suas competências, os seus limites, e como ele pode avançar, permite que novas perspectivas se abram”, conta Adriano.

Para ele, as discussões em torno de temas como a relação entre o “eu” e o “outro”, a construção das identidades das juventudes brasileiras e o futuro do trabalho foram grandes destaques da formação continuada. Além da interação e da troca com os outros colegas de profissão. Parafraseando o cantor e compositor Belchior, o professor Adriano Souza Paraíso descreve seus próximos passos: “Viver é melhor que sonhar. Agora quero viver na escola tudo o que sonhei e o que o curso oferecido pela rede estadual pôde fortalecer em mim. Voltarei outro professor com mais compromisso e mais capacidade de enxergar meus estudantes”.

Romper as barreiras com acolhimento 

Yone Santiago, 53 anos, é coordenadora pedagógica e professora de Línguas e destaca o acolhimento da equipe executora, da secretaria de Educação e da Fundação Telefônica Vivo como o grande diferencial do curso baseado na metodologia Pense Grande. Há 20 anos lecionando na rede estadual e na rede privada, a educadora também é pós-graduada em Gestão Escolar e reconhece os desafios para implementar novas práticas pedagógicas.

“Quando faltam recursos, principalmente relacionados ao acesso à internet, os educadores têm um duplo desafio para apresentar uma ferramenta nova. Estamos aprendendo e ao mesmo tempo ensinando. Por isso, o comprometimento da equipe formadora ao longo do curso foi muito significativo no apoio para superar essas primeiras barreiras”, opina Yone.

Com os planejamentos feitos durante o curso, a educadora pretende aprofundar ainda mais o trabalho que já começou a desenvolver com os estudantes do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Ypiranga, em Salvador (BA). Yone conta que o desempenho dos jovens melhorou depois das atividades de orientação vocacional e psicopedagogia. Ela espera que a formação ofereça caminhos para que o planejamento estruturado dos objetivos de vida possa acrescentar ainda mais nessa experiência.

Mantendo os corações aquecidos 

Já Maria Conceição Gomes, que leciona há mais de 30 anos e é professora de Português e algumas eletivas no Colégio Estadual Costa e Silva, localizado no distrito de Suçuarana em Tanhaçu (BA), acredita em uma escola que mantenha as portas abertas e as mãos dadas com toda a comunidade e não só com pais e estudantes.

Acostumada a trabalhar em projetos que dão protagonismo aos estudantes como a Feira de Ciências, a educadora se diz apaixonada por sua profissão e acredita que apenas a educação é capaz de mudar o rumo do país. “É a sala de aula que faz a vida se tornar cada dia mais interessante, porque nós levamos o conhecimento, mas nós o buscamos ao mesmo tempo e crescemos junto aos nossos jovens estudantes”, reflete.

Em contato com 157 estudantes, ela afirma que muitos estão se queixando de problemas emocionais neste período de atividades remotas. Para ela, não é possível inovar na educação sem levar em conta as relações, a afetividade e a aprendizagem. As questões técnicas são importantes, mas o lado humano se sobressai. O educador precisa chegar ao jovem para fazê-lo pensar sobre seu papel no mundo e como cidadão.

“Essa formação foi um presente valiosíssimo que recebi da direção da escola. Veio para se somar a tudo aquilo que penso. A educação só vai mudar verdadeiramente quando as relações mudarem. Não adianta termos a tecnologia em nossas mãos, termos formações, se nós não transformarmos isso em processos de humanização. Em relação ao professor e ao aluno, mas também em relação a todos na escola. Enquanto isso não mudar, nada será transformado”, acredita Maria Conceição.

Para a educadora o caminho para a implementação de um novo ensino que apoie os jovens a desenvolverem projetos de vida consistentes e condizentes com seus sonhos está em manter os corações aquecidos. “Quando existe amor na relação entre professor e aluno, o aluno pode não gostar da disciplina, pode sentir toda a dificuldade do mundo, mas ele vai querer ser melhor, porque se sente acolhido. Então, que nós possamos mostrar para o outro que é possível construir um projeto de vida permeado de amor, de querer. Aprender a aprender, querer crescer como ser humano, porque todos nós somos capazes!”, encerra a professora.

Educadores da Bahia compartilham ensinamentos após formação em projeto de vida
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