O brincar representa para a criança uma linguagem própria de conexão com o mundo e a chance de desenvolver habilidades essenciais para um desenvolvimento integral
Correr, pular, inventar, encenar. O que está por trás do brincar? A partir deste universo criado pela imaginação das crianças, competências importantes são aprendidas para a vida. Brincar livre traz a oportunidade de desenvolver relações, conviver com o diferente, estimular a experimentação, além de resultar em uma visão mais otimista do mundo.
“O brincar é a linguagem central e inerente da infância. Não existe uma criança que não saiba brincar, isso faz parte do desenvolvimento dela. É onde ela expressa sua subjetividade, cria hipóteses, aprende a negociar, e exercita a capacidade criativa. O ato de brincar representa o gesto primordial de exploração do mundo e do conhecimento do outro”, diz a pedagoga Ana Claudia de Arruda Leite.
Em um mundo estruturado por convenções e valores sociais, e cada vez mais dominado pela tecnologia, o espaço para a brincadeira se mostra ainda mais importante para reconhecer o potencial transformador em cada um de nós.
Vivo Brincar
O Brasil é o país com as crianças mais conectadas do mundo. Elas têm ficado 161% mais tempo nas telas do que ao ar livre. De olho neste cenário e pensando na importância do equilíbrio, a Vivo lançou a iniciativa Vivo Brincar, que estimula as crianças a deixarem um pouco de lado os celulares, videogames e computadores e aproveitarem a possibilidade infinita das brincadeiras.
É claro que a tecnologia faz parte da vida das crianças e pode ser muito positiva, mas também é importante valorizar o espaço para a imaginação e a conexão com o mundo, sem o intermédio das telas.
Para ajudar pais, educadores e crianças a pensarem em alternativas, a Vivo criou uma plataforma que reúne diversas informações, dicas e atividades voltadas para a importância do brincar, como, por exemplo, os tutoriais de brincadeiras comandados pela personagem Violeta, que é a responsável por levar a mensagem da iniciativa para o público infantil.
O site disponibiliza ainda desenhos para colorir, descontos e vídeos produzidos em parceria com o projeto TempoJunto, que trazem diferentes ideias de como aproveitar melhor o tempo com as crianças. Confira aqui!
Os adultos no mundo do brincar
E, neste contexto, qual é o papel do adulto para incentivar a brincadeira? Tanto os pais quanto os educadores estão em um estágio de desenvolvimento diferente do da criança e por isso é tão difícil chegar em um lugar comum entre as duas formas de ver o mundo. A rotina corrida e as demandas da vida em sociedade também contribuem para que sobre menos tempo para esse resgate lúdico no dia a dia.
“Não dá pra gente voltar a ser criança. Ainda que seja possível retomar alguns aspectos como criatividade e o vínculo com o outro, é muito comum o adulto bater de frente com a lógica infantil, tentando direcioná-la para o racional”, diz Ana Claudia. “Mesmo com essas diferenças, muita coisa pode ser feita para que o brincar aconteça de um jeito potente”.
A primeira coisa, na visão da pedagoga, é reconhecer a criança como um sujeito ativo, que parte de uma outra perspectiva de tempo, de espaço e de entendimento de vida. Uma vez entendendo isso, o adulto pode exercer seu papel de estabelecer limites, mas direcionando-os para um aprendizado integral. Um exemplo prático é limitar o tempo das crianças com as telas, deixando-as criar maneiras próprias de lidar com o tédio e a frustração.
Outra saída é alternar o tempo disponível das crianças, para que o brincar também tenha sua vez. É claro que o inglês, o teatro e o esporte são importantes e necessários para o desenvolvimento, mas deixar que a criança tenha tempo para escolher o que quer fazer também é um incentivo ao brincar.
“O adulto não precisa sentar e se obrigar a entrar na lógica da criança o tempo todo, mas precisa estar presente para garantir que o brincar de qualidade esteja disponível como uma opção de atividade e expressão”, conclui.
Educação integral e o brincar na escola
É por meio da brincadeira que as crianças desenvolvem habilidades de interação no meio social, emocional, cognitivo e intelectual. É onde fazem descobertas, escolhas e exercem a autonomia com relação a suas próprias ferramentas de conexão com o que as cerca. No contexto educacional e legislativo, brincar é um direito e também um dos passos para uma educação integral.
Ana Claudia acrescenta que, para além das diretrizes como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que trazem propostas para esse tipo de educação, a escola tem de reavaliar a maneira como trabalha o aprendizado adquirido ao brincar.
“Hoje, a importância do brincar é um consenso. Mas não atingiremos o desenvolvimento esperado se trouxermos a brincadeira para o contexto educacional de uma forma totalmente planejada, normatizada, controlada e moralizante. Se for assim, deixa de ser brincadeira para se tornar jogo pedagógico”, reforça.
A ideia é que as escolas reservem um tempo, dentro do currículo pré-estabelecido, para que as crianças possam escolher como querem brincar. O papel do educador é fundamental na observação dessas brincadeiras e na preparação desse espaço, pois os materiais disponíveis também definem um brincar de qualidade.
“Escutar e observar com atenção os gestos da criança é extremamente importante na educação infantil”, complementa a pedagoga. “É importante que o professor esteja presente e, se for preciso, faça mediação de algumas situações, provoque novas descobertas e oriente as crianças no sentido de encontrar as respostas das hipóteses que formulam sem interferir diretamente nesse processo de descoberta”.
As ideias da plataforma Vivo Brincar também podem ser usadas para estimular a brincadeira dentro da sala de aula. Confira!