O primeiro encontro da série Conversas que Aproximam debateu formas de aprimorar competências digitais; saiba mais!
A série Conversas que Aproximam, promovida pela Fundação Telefônica Vivo, teve início no dia 20 de agosto com o tema Competências Digitais e como Inovar na Educação. O primeiro de sete encontros online e abertos ao público trouxe três especialistas no tema para falar sobre a adaptação de estudantes e professores ao ensino remoto durante a pandemia e a adoção de práticas inovadoras e alinhadas aos meios digitais.
Renata Altman, gerente de Projetos Sociais da Fundação Telefônica Vivo, foi a mediadora da live e iniciou o encontro contando que o objetivo do projeto é não só trazer debates relevantes, mas também aproximar as pessoas no distanciamento social.
A série Conversas que Aproximam vai promover sete encontros online com temas relevantes para o atual momento da educação. Serão três bate-papos voltados para educadores, reunindo especialistas para debater sobre o cenário atual com trocas de experiências sobre novas práticas pedagógicas, ferramentas digitais e como inovar na educação. Além disso, teremos mais quatro encontros com foco em empreendedorismo e o desenvolvimento de projetos de vida dos estudantes. Fique ligado em nossas redes sociais!
Lilian Bacich, doutora em psicologia escolar e do desenvolvimento humano; Julia Pinheiro Andrade, mestre em filosofia da educação e professora nos institutos Singularidades e Vera Cruz; e Mara Mansani, educadora especializada em alfabetização e blogueira da Revista Nova Escola, trouxeram exemplos do que fazem, e como fazem, os professores de escolas públicas para inovar na educação. Elas compartilharam ainda as próprias experiências e abordaram temas como metodologias ativas, formas de usar a tecnologia como ferramenta para aprimorar práticas pedagógicas e dicas para criar conteúdo junto dos estudantes. “Estamos cansados de ouvir sobre este cenário, mas ele nos traz a esta conversa. Com a pandemia, a educação foi uma das áreas mais afetadas. Sabemos que temos enormes desafios de acesso, mas a ideia aqui é olhar para o copo cheio. As competências digitais são essenciais e é preciso manter o processo de ensino e aprendizagem neste contexto de aprendizagem remota”, afirmou.
Aprendizado remoto e híbrido com significado
A maioria dos Estados no país vivem hoje a realidade do distanciamento social, com um aprendizado remoto, ou seja, no qual se estabelece algum tipo de troca a distância com os estudantes. Segundo Lilian Bacich agora caminhamos para um futuro híbrido, onde haverá momentos online alternados com atividades presenciais.
“O ensino híbrido requer a presença, então é o que gente terá daqui para frente quando começarmos a receber outra vez as crianças nas escolas”, explica. Para ela, o ensino híbrido significa “juntar a melhor forma do online, com o aluno produzindo e se relacionando com tecnologia para contribuir na construção de conhecimento, e o presencial, com o olho no olho, o debate e outras trocas. E como se conecta tudo isso? É desenhar roteiros com momentos em que o aluno trabalha de forma assíncrona – ou seja, no tempo dele – e momentos em que ele trabalha na escola com os pares, prezando pela inovação”.
Leia também: Seis dicas para preparar aulas a distância
Apesar de todas as dificuldades de acesso à tecnologia, os professores estão tendo uma grande curva de aprendizado de competências digitais e se adaptando da melhor maneira possível. Lilian ressaltou o exemplo da rede de ensino público de Ponta Grossa (PR). “As próprias professoras gravam as aulas e distribuem fisicamente os materiais que os estudantes vão responder assistindo a essas aulas na TV. Eles respondem, a escola recolhe e os professores já planejam novas aulas a partir das dificuldades e da troca com os alunos. Estão conseguindo 96% de retorno”, detalhou.
Metodologias ativas e ferramentas para educação
A professora Julia Pinheiro Andrade, que trabalha com metodologias ativas e formação de educadores, destacou como é possível inovar na educação, ainda que o acesso à tecnologia seja limitado.
“É pensar no desenvolvimento da investigação com sentido e significado. Independentemente da ferramenta, entender qual o conhecimento essencial está acontecendo e se está acontecendo de forma clara para os estudantes com as famílias também participando disso”, explica.
E se a internet é um mundo que reúne diversos fatores de dispersão para os estudantes, é também um lugar que oferece ferramentas. “Temos que construir um conhecimento novo e imersivo. Um escape room pode ajudar a fixar conteúdo e engajar os estudantes. Recursos digitais como o Padlet e o Flipgrid ajudam a criar murais digitais com a produção de vídeos para tornar visível a curva de aprendizado em momentos assíncronos, quando não estão todos online. E o uso é simples, é possível criar as atividades e compartilhar os links pelo Whatsapp”, exemplificou.
Para ela, os meios digitais ajudam a promover o protagonismo dos estudantes na medida em que, por exemplo, facilitam a escuta e a coleta de informações. “Em Ciências, é possível entender o que eles já sabem sobre bactérias anaeróbias por meio de formulários online, e isso já vai aparecer tabelado automaticamente. Depois, é possível propor uma investigação na cozinha, discutir quais alimentos têm bactérias e propor uma experiência: fazer um bolo com fermento e outro sem, documentando hipóteses e aquilo que está sendo observado. Sempre que estudar um tema, deixar espaço para os estudantes participarem”.
Além de muitas outras dicas, ela também recomendou o uso de mapas de foco alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que ajudam a olhar para o que é essencial do currículo escolar, possibilitando a organização em múltiplas linguagens, pensando em ferramentas para fazer um trabalho significativo focado em como inovar na educação.
Alfabetizando a distância
Mara Mansani, educadora especialista em alfabetização que leciona há 30 anos, falou sobre o choque inicial provocado pela suspensão das aulas que deu lugar à combinação de diferentes possibilidades de ensino. “É um ano de muita aprendizagem, acho que nunca aprendi tanto e fui formada em tão pouco tempo com compartilhamento de saberes entre professores e tendo nossos estudantes como protagonistas”, disse.
“Se nem todos têm acesso aos recursos digitais, a gente prepara o material impresso, ou os pais vêm buscar de forma organizada e seguindo protocolos de saúde. Montamos materiais alinhados à BNCC para que nenhuma família fique para trás”. Para a educadora, o trabalho de alfabetização requer continuidade e, por isso, envolver os pais na educação é parte essencial.
Leia também: O que a pandemia ensinou sobre equidade na educação?
Ela trouxe o exemplo da rede de ensino de Jacareí (SP), que tem usado orientações impressas aos pais com tutoriais explicativos. “As crianças estão brincando com os potes das mães e aprendendo matemática assim, tendo vivências de leituras. São os professores que criam essa rotina para as famílias possam contribuir”.
Para a educadora, é preciso propor aprendizagens que fujam do passivo e a tecnologia não se resume a deixar o aluno em frente a uma tela por 8 horas. “Se mando conteúdo para os pais, coloco em diferentes linguagens: música, vídeos curtos, um conteúdo cultural bem curado. Em uma atividade, mandei um vídeo sobre como a cenoura se tornou alimento junto a uma lista de legumes e verduras para fazer salada. É possível recomendar uma lenda, materiais que envolvam o assunto e um tutorial para a família”, exemplificou.
Para ela, quando for possível retornar às aulas presenciais será essencial fazer um trabalho de recuperação de alunos defasados. “É um momento complicado e o mundo está vivendo isso. Vamos ter um trabalho muito forte de diagnóstico e de acolhida emocional dos estudantes, mas não acredito em ano perdido”, finalizou a professora Mara.
Confira na íntegra o Conversas que Aproximam: Competências Digitais e Inovação na Educação: