Em um contexto educacional de transformação, a educação empreendedora ajuda professores a deixar o ensino mais dinâmico e engajar os estudantes no tema.
Como praticar a inovação na educação e oferecer possibilidades mais dinâmicas de aprendizado aos estudantes? Um dos caminhos é por meio da Educação Empreendedora, metodologia que está começando a fazer parte do currículo escolar de algumas instituições.
“A educação empreendedora é uma metodologia inovadora e ativa, na qual o aluno consegue contextualizar o que aprendeu dos conteúdos ensinados pelo professor, além de desenvolver várias competências e se preparar melhor para o mercado de trabalho”, explica Carolina Fonseca, professora e diretora executiva da Extraclass, que atua no desenvolvimento de metodologias de ensino para educadores baseadas na educação empreendedora.
Com experiência lecionando nos sistemas público e particular, Carolina afirma que já percebe as escolas se movimentando para que os professores trabalhem esse conceito em sala de aula, principalmente por meio da formação.
Os diferenciais da educação empreendedora
“O atual modelo de educação (que já precisa de transformações, segundo especialistas) ainda é focado demais na exposição de conteúdos, o que limita o desenvolvimento de uma série de competências nos alunos”, acredita Carolina. A educação empreendedora é apontada pela especialista como uma das maneiras de lidar com a questão.
Dentro do escopo de reforma do ensino médio, o empreendedorismo também se mostra uma necessidade. “Estamos formando esses jovens para um mercado em movimentação constante. Temos que começar a pensar também no papel do empreendedorismo para trazer políticas que permitam aos jovens serem empreendedores por desejo, não só por necessidade”, afirma Ana Inoue, assessora de educação do Itaú BBA.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é outra entidade entusiasta da educação empreendedora, que “proporciona o empoderamento e o desenvolvimento de novas formas de pensar e agir, conectando os jovens estudantes a conteúdos inovadores, metodologias ágeis e ferramentas que são capazes de estimular o surgimento de novos modelos de negócio, bem como de desenvolver comportamentos empreendedores”, segundo a instituição.
De acordo com a diretora da Extraclass, outros comportamentos aprimorados por meio da educação empreendedora são de ordem socioemocional, como maneiras de lidar com frustração pelo risco que a atividade empreendedora oferece e a capacidade de trabalhar em equipe. Tudo isso com a mão na massa.
Empreendendo na prática
A prática pode aumentar o engajamento e a frequência dos estudantes, melhorando as suas notas. Outra vantagem é que os alunos ficam mais interessados pelas disciplinas e tendem a pesquisar fora da escola para aprender mais sobre os assuntos abordados dentro do modelo de educação empreendedora. “Os alunos realmente conseguem ver a educação de outro ângulo, pois a enxergam na prática, não apenas em um ensino teórico”, complementa Carolina Fonseca.
Foi esse interesse que levou uma turma de alunos de Fundamental II de uma escola particular a mobilizar toda a comunidade escolar em torno de uma preocupação relacionada à alta produção de lixo em São Paulo. Ao longo do projeto, que teve a duração de um semestre, os professores apenas mediaram o processo de aprendizagem. “Eles trouxeram uma dor, nós discutimos e demos voz a eles”, lembra a especialista. “Trabalhamos a temática mostrando o que era aterro sanitário, levamos os estudantes para conhecer uma cooperativa de reciclagem e conversarem com catadores sobre consumismo, reciclagem e o trabalho de separação, limpeza e venda dos resíduos. Os alunos viram todo o processo e começaram uma movimentação dentro da escola para conscientizar funcionários, professores e alunos, envolvendo toda a comunidade escolar”, detalha.
Cada grupo de estudantes desenvolveu uma solução para reduzir a produção de lixo e apresentou para os gestores da escola com base em pesquisas, artigos e outras informações. “Eles fizeram até as contas de qual seria o valor de retorno sobre o investimento feito em suas ideias. Ao final do ano, os gestores escolheram uma solução para aplicar na escola. Os alunos chegaram a um nível de empreendedorismo que nem eu esperava”, conclui Carolina.