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Diante de um contexto global que aponta a educação digital como uma tendência e a conectividade como uma urgência, programas globais de desenvolvimento apostam em soluções coletivas

#Educação; #ProFuturo

Imagem mostra menina escrevendo em um caderno. Na frente dela se vê um tablet.

O mundo não está conectado para todos. Cerca de dois terços de crianças e adolescentes ao redor do globo têm acesso limitado à tecnologia. Muitas delas estão entre os 250 milhões de estudantes que ainda enfrentam os impactos do fechamento das escolas devido à pandemia de coronavírus. Diante desse cenário, o desafio de diminuir as lacunas e disparidades entre as comunidades escolares se intensifica.

Segundo relatório lançado em dezembro de 2020 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com a União Internacional de Telecomunicações (ITU), os jovens de famílias de baixa renda e que moram em regiões rurais são os mais afetados, colocando-os ainda mais em desvantagem em relação às outras crianças que fazem parte de um  mesmo sistema educacional.

Considerando que a educação digital se estabeleceu como modelo vigente durante a pandemia, e é também uma tendência para os próximos anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 23.8 bilhões de jovens possam evadir da escola pelas consequências econômicas trazidas pela crise.

“A transformação desse cenário é possível, desde que seja construída em parceria com diversos agentes da sociedade, sejam eles de setores públicos ou privados. Para garantir a aprendizagem de educadores e estudantes, sem deixar nenhuma criança para trás, temos de implementar ações para alcançar aqueles sem acesso às tecnologias e intensificar a parceria com as comunidades e organizações locais”, afirmou Letícia de Rato, gerente de parcerias do Programa ProFuturo, durante o evento global enlightED 2020.

Conheça algumas iniciativas que se dedicam a responder a esses desafios, diminuindo as desigualdades sociais que interferem no acesso à educação:

   1. ProFuturo no Líbano

Desde 2011, quando uma guerra civil se estabeleceu na Síria, cerca de 910 mil pessoas chegaram ao Líbano. Segundo a agência da ONU, Acnur, desse total, 490 mil são crianças em idade escolar (3 a 18 anos). Sem acesso à infraestrutura adequada, muitas famílias vivem abaixo da linha de pobreza e isso reflete diretamente o acesso dessas crianças à educação.

Há quatro anos o programa global ProFuturo passou a atuar no território e, ao lado das organizações locais, cria estratégias para minimizar as dificuldades de acesso. As disciplinas trabalhadas, com e sem o uso de tecnologias, são: Linguagens (inglês, espanhol, francês), Matemática, Ciências, Pensamento Computacional, Habilidades Socioemocionais e Cidadania.

Rawaa Mady, coordenadora de projetos do ProFuturo no Líbano, conta que as dificuldades de acesso no país do Oriente Médio se potencializaram com a pandemia. “As estradas foram bloqueadas durante quase o ano todo e as crianças não tinham como se locomover até a escola’.  Para auxiliar na adaptação, a equipe ProFuturo criou uma plataforma onde os estudantes pudessem acessar o conteúdo online. Antes da pandemia, a turma só acessava os recursos digitais na escola. Mas devido ao fechamento das instituições, as crianças puderam levar os tablets para casa e acessar os conteúdos a distância.

   2. Teach for Africa
A Fundação Empieza por Educar (ExE) realiza um programa de desenvolvimento voltado para profissionais da educação que querem trabalhar em benefício da igualdade de oportunidades. Ao longo de dois anos, estes educadores ensinam em centros educacionais localizados em regiões vulneráveis, com o objetivo de  estimular o aprendizado de competências acadêmicas fundamentais para os jovens do século XXI.

Em parceria com o ProFuturo, a ExE lançou um projeto que formou 15 mil docentes na Libéria, Nigéria e Tanzânia, em 2020. Para alcançar estes educadores, os programas globais se uniram a três organizações locais (Teach for Nigeria, Teach for Liberia e Teach for Tanzânia), que fizeram um processo de recrutamento e seleção de jovens talentos comprometidos com a transformação social de suas comunidades.

“O que fazemos é selecionar esses educadores talentosos mas que tem poucas oportunidades em suas comunidades, capacitá-los e envolvê-los nesse processo de construir um mundo mais igualitário.  Não é apenas um treinamento de habilidades pedagógicas, mas sim de liderança. Para que eles se enxerguem como os agentes de mudança que são”, acrescentou Pablo Milanés, CEO do Empieza por Educar, durante a apresentação do projeto no enlightED 2020.

   3. Giga Connect
Inaugurado em 2019, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela União Internacional de Telecomunicações (ITU),  o Giga Connect é um projeto global com objetivo de promover conectividade para todas as escolas. Embora a meta seja difícil de atingir, a iniciativa estabelece estratégias para funcionar como uma plataforma de conexão entre os governos e as medidas necessárias de infraestrutura e investimento em telecomunicações.

Atualmente, o Giga atua em três regiões: Cazaquistão, Estados do Caribe Oriental e na África Subsaariana, mais especificamente em Ruanda, Quênia e Serra Leoa. A plataforma utiliza as escolas para identificar a demanda por conectividade, mapeando e gerando dados sobre as condições de acesso, para depois aconselhar na construção de modelos e melhores soluções técnicas para conectar e capacitar jovens nas competências digitais.

“A pandemia de COVID-19 tornou o Giga ainda mais relevante, à medida que buscamos superar a exclusão digital e capacitar professores, alunos e famílias para usar a tecnologia a favor da educação e da continuidade do processo de ensino-aprendizagem. Há uma clareza ainda maior para a necessidade de melhorar a inclusão digital, desenvolver habilidades do século XXI e criar oportunidades para crianças e jovens”, afirma Dr. Didacus Jules, Diretor-Geral da Comissão OECS, em entrevista para o portal do Giga.

3 iniciativas globais que atuam para aproximar comunidades escolares da tecnologia
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