Do acompanhamento do desenvolvimento educacional até o preenchimento de um diário de classe, a Ciência de Dados está transformando a rotina em sala de aula
Assim como diversos setores, a Educação também está em constante evolução. A área se rendeu à Ciência de Dados e já aproveita os benefícios do uso de dados em sala de aula para aperfeiçoar o processo de ensino-aprendizagem. Dados podem ser utilizados para monitorar o aluno e acompanhar sua trajetória, analisando o seu desenvolvimento e progresso.
E essa é uma das grandes vantagens da Ciência de Dados para a Educação, de acordo com Priscilla Nascimento, mestre em Informática na área de Inteligência Artificial Aplicada à Educação pela Universidade Federal do Amazonas.
“Uma plataforma de ensino a distância oferece conteúdos adequados ao perfil do aluno, identificando suas lacunas e potencialidades, oferecendo uma trilha de aprendizagem para auxiliá-lo. Também pode beneficiar a comunidade acadêmica para obter estatísticas sobre os estudantes, traçar perfis e projetar melhorias no processo pedagógico”, explica.
Aprendizagem invertida, realidade aumentada, educação 4.0 e educação maker são algumas das tecnologias e metodologias já disponíveis em sala de aula. Atualmente, os dados podem ser usados para recomendar objetos de aprendizagem e enviar alertas sobre evasão escolar. E a Ciência de Dados também pode auxiliar os alunos em um contexto multidisciplinar.
“Alguns países estão incluindo a estatística e a Ciência de Dados na sua grade curricular. Em Los Angeles (EUA), os estudantes podem optar por álgebra ou Ciência de Dados. Essas ações estão disseminando a Ciência de Dados e proporcionando aos alunos contato com uma visão crítica e analítica. Estamos lapidando os futuros profissionais de Ciência de Dados!”, enfatiza.
Confira 4 ocasiões em que a Ciência de Dados pode ajudar na rotina dos professores.
1- Acompanhar a evolução dos alunos
Pela plataforma Khan Academy, por exemplo, os professores conseguem acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos. É possível acessar um painel de progresso do estudante, com dados como o total de minutos de aprendizado, as habilidades em que houve evolução ou as que não tiveram progresso.
As técnicas de Ciência de Dados também ajudam a identificar o perfil de aprendizagem de cada aluno, respeitando suas características individuais. Nesse sentido, a plataforma pode indicar recursos para potencializar o entendimento de determinado conteúdo.
“Um aluno que tem um perfil mais visual, a recomendação de vídeos e podcasts é mais viável para potencializar a aprendizagem”, afirma Priscilla.
A plataforma disponibiliza videoaulas, exercícios e outros conteúdos. Ainda possui um curso para educadores aprenderem a utilizar suas ferramentas em sala de aula.
2- Facilitar as atividades do educador em sala de aula
Um banco de dados educacionais pode ajudar a tornar mais prático o dia a dia do professor. O diário de classe digital, por exemplo, apoia o educador na definição de suas aulas e para registrar tudo que acontece em sala de aula.
A Ciência de Dados entra nesse cenário quando é feito o cadastro do conteúdo ensinado aos alunos, o gerenciamento da presença dos estudantes, a finalização das notas de avaliação e os boletins. Com esses dados, o educador consegue acompanhar estratégias e metodologias e gerar gráficos sobre o desempenho de cada estudante.
3- Desenvolver a visão crítica e analítica dos estudantes para Ciência de Dados
Isso pode ser feito com a inclusão de conceitos de estatística no currículo escolar. Os alunos podem, por exemplo, montar seu próprio conjunto de dados por meio de um questionário com perguntas sobre o seu dia a dia. Nome, idade, gênero, atividades que mais gosta, endereço, esporte que pratica, memória favorita, dificuldade de aprendizagem são algumas informações que podem ser preenchidas.
Assim, professores podem trabalhar com coleta de dados e identificar as variáveis existentes para o conjunto de dados. Também empregar conceitos estatísticos como mínimo, máximo, percentis, desvio padrão e elaborar gráficos.
“Por exemplo, qual a porcentagem de disciplinas com mais dificuldade de aprendizagem? Com isso, eles conseguem aprender sobre o domínio de análise de dados e como ela pode ser empregada para apoiar a sua aprendizagem”, detalha a especialista.
4- Melhorar a gestão de negócios educacionais
“Outra plataforma que fornece ferramentas de learning analytics é o Moodle. Trata-se de um ambiente virtual de aprendizagem de software livre que oferece ferramentas de análise colaborativa, entre outras funções”, indica Priscilla.
Escolas que adotam o Moodle como um sistema de gestão educacional conseguem acessar em um só lugar conteúdos, avaliações e as notas dos alunos ou de uma determinada turma. Gradativamente, o sistema registra todas as interações e informações compartilhadas. Na gestão educacional, esses dados podem ser úteis para o acesso ao histórico de uma turma na ocasião da chegada de um novo professor, por exemplo. A escola poderá compartilhar com o educador todos esses dados para uma avaliação certeira sobre o processo de aprendizagem da turma.
O que é preciso para usar técnicas de Ciência de Dados em sala de aula?
De acordo com Priscilla Nascimento, o professor precisa ter um conhecimento básico em tecnologias para saber explorar as ferramentas que oferecem suporte a análises educacionais.
“Atualmente, há ferramentas que utilizam learning analytics que possibilitam realizar análise educacional. É possível identificar as lacunas de aprendizagem, evasões, interesses em um determinado tópico, além do perfil de aprendizagem dos alunos. Com esse painel de aprendizagem, o professor pode modelar sua forma de mediar o conhecimento em sala de aula”, detalha.
A especialista recomenda que os educadores e as instituições de ensino busquem saber o que é Ciência de Dados para que aprendam a usar as técnicas no processo de ensino e aprendizagem. Vídeos sobre Data Science na Educação são um bom caminho para o conhecimento.
“Também indico o projeto DataScience 4everyone, desenvolvido pelo University of Chicago Center for RISC, nos Estados Unidos, para disseminar a cultura de dados na Educação”, conclui.