Conhecida pelo modelo disruptivo de educação, a rede manteve a proposta de interação, aprendizado colaborativo e engajamento ao adotar um campus virtual
Um dos desafios trazidos pela pandemia causada pelo coronavírus foi a impossibilidade de interação social no mesmo espaço físico, o que impulsionou projetos, negócios e serviços a reinventarem seu modo de operar. Não foi diferente com a 42 São Paulo, onde a colaboração entre pares é a chave para o aprendizado.
Conheça mais sobre a 42 São Paulo:
● 100% gratuita;
● Não exige diploma ou experiência prévia na área de tecnologia;
● Processo seletivo em três etapas: jogos de memória e raciocínio lógico, conhecendo a 42, chamada de check-in e a piscina;
● Aprendizado em pares;
● Horários flexíveis, de acordo com a rotina de cada estudante;
● Possibilidade de bolsa-auxílio (para transporte, alimentação, internet);
● Valoriza a promoção da diversidade na área de tecnologia.
No Brasil, a unidade de São Paulo foi inaugurada em julho de 2019, no bairro da Vila Madalena. Em janeiro deste ano, 128 pessoas passaram da etapa da Piscina — a última das três fases do processo seletivo na qual há uma imersão na metodologia exportada pela matriz francesa. De tripulantes a cadetes, como são conhecidos, os estudantes na instituição deram início à primeira turma do curso.
No entanto, devido às medidas de isolamento social impostas em março, os estudantes tiveram de interromper a formação presencial no campus, um dos pilares do modelo disruptivo da 42 São Paulo. Mesmo tendo a tecnologia como finalidade, há pré-requisitos importantes além da programação: saber lidar com as frustrações, conviver com a diversidade e promover a convivência e o aprendizado entre pares.
“A escola foi pensada para ser 100% presencial. Foi desenhada com uma proposta de interação, construção de comunidade, eventos, workshops, momentos de descontração, tudo pensado para gerar aprendizado e engajamento. Ter de mimetizar isso para o online foi um desafio e tanto!”, conta Mariana Marcílio, head de comunidade da 42 São Paulo.
Por outro lado, a pandemia também trouxe reflexões que reforçaram a proposta de ser um ponto de equilíbrio entre a tecnologia e a inteligência humana para democratizar o acesso à educação, ao mercado de trabalho e criar mais oportunidades de desenvolvimento.
Leia mais: Seis reflexões sobre educação e pandemia do Jeduca 2020
Superando a distância física
Sem uma plataforma digital, o primeiro passo para criar uma estratégia que possibilitasse a continuidade do curso remotamente dentro da proposta da instituição foi criar novas dinâmicas de trabalho entre o time executivo, os estudantes e a rede internacional. Formou-se então uma rede colaborativa – entre as unidades presentes em mais de 20 países, que fortaleceu vínculos entre os estudantes ao redor do mundo por meio de hackathons globais sobre o Covid-19 e organização do trabalho remoto.
“Dois pilares da 42 se desdobraram de maneira muito significativa durante esse período: a colaboração e o aprender a aprender. Ninguém sabia como gerir uma comunidade on-line e lidar com as demandas pessoais ao mesmo tempo, mas quando a gente tem um estímulo para entender nossas limitações e acolher as frustrações, passamos a estar mais preparados para um mundo de constante mudanças”, acrescenta Mari Marcílio.
Também foram adotadas ferramentas como o Discord, muito utilizada pela comunidade gamer, para manter a interação entre os cadetes e apresentar uma proposta gamificada e colaborativa. À medida que os estudantes vão avançando nos projetos, desbloqueiam benefícios individuais e coletivos.
Como funciona o campus virtual?
42 Force: é o sistema de gamificação desenhado para os cadetes. A ideia é que os avanços nos projetos resultem em pontos que desbloqueiam benefícios como workshops de orientação vocacional e oficinas para a comunidade com temas que complementam a experiência de programação. Há até uma viagem virtual marcada para a França, em uma experiência conjunta com a unidade da 42 em Paris.
Reuniões de conhecimento e comunidade: Para fortalecer a interação e o engajamento, a equipe montou uma agenda semanal. Toda segunda-feira acontecem reuniões de comunidade, onde os estudantes compartilham e escutam os sentimentos uns dos outros, além de receberem notícias, orientações e recados. Às terças acontecem as reuniões do conhecimento, nas quais os cadetes dividem suas paixões uns com os outros – aqui vale todo tipo de aprendizado: desde Data Science até música e podcasts. Às quartas e sextas, são dias livres para avançar nos projetos ou encaixar outros eventos.
42 Talks: acontece todas as quintas-feiras e convida personalidades reconhecidas na área de tecnologia para um bate-papo com os cadetes. Um dos participantes do evento foi Rodrigo Schmidt, CTO global do Instagram.
Code Noite: organizado pelos próprios estudantes, surgiu como um incentivo para reunir a comunidade para codar junta ao fim do dia. Às quartas e sextas, os cadetes se reúnem para avançar sempre de forma colaborativa desbloquear bônus coletivos.
Se reinventar é aprender com as tendências
Implementar esse novo modelo e aprender com os retornos dados pelos estudantes fez a 42 São Paulo ressignificar o conceito de autonomia, de comunidade e do próprio espaço físico. Nos próximos anos, a escola deve adotar um modelo híbrido, aproveitando as possibilidades da tecnologia e potencializando os momentos presenciais.
“A gente entendia a comunidade como algo que precisava ser necessariamente presencial para ter sentido, mas agora aprendemos que existem outros meios de continuar em conexão com as pessoas. Especialmente neste momento de impossibilidades, oferecer um espaço de troca e de escuta funciona como uma viagem para fora de casa e para dentro de um propósito comum”, observa Mari Marcílio.
Outra tendência absorvida pela 42 São Paulo foi a colaboração em rede com o intuito de potencializar oportunidades. A escola conta com o apoio de empresas parceiras, como a Fundação Telefônica Vivo, e durante esse período fortaleceram as conexões para somar benefícios à experiência dos estudantes. Entre eles estão: oficinas, workshops e até mesmo processos seletivos para vagas de emprego.
“Quando tiramos barreiras físicas, a co-criação fica ainda mais fluída. A gente espera que esse momento seja mais uma oportunidade de alcançar mais estudantes e ampliar o número de profissionais resolvedores de problemas formados em tecnologia”, conclui.
O que vem por aí:
A 42 São Paulo também pensou em um modelo virtual para a Piscina, que geralmente proporciona uma imersão presencial. Foi assim que nasceu o Base Camp, uma experiência virtual de 20 dias.
Na primeira edição foram selecionadas 200 pessoas da fila de espera, as quais foram divididas em grupos de seis integrantes — as chamadas vilas — os campers trabalharão em equipe para avançar nos projetos e conhecer a metodologia da escola.
O modelo chamou atenção de outras unidades ao redor do mundo, e já tem previsão de acontecer novamente no primeiro semestre de 2021.