Confira uma lista de brincadeiras que usam os sentidos para contribuir com o desenvolvimento e inclusão de todas as crianças!
Para fazer a curadoria de brincadeiras, consultamos dois materiais que trazem referências em relação ao potencial inclusivo do brincar e dicas práticas sobre como conduzir as brincadeiras para contemplar a todos. O primeiro deles é o Guia do Brincar Inclusivo, iniciativa da Vila Sésamo e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O segundo é o e-book Brincar e Inclusão, organizado pelo projeto Tempojunto.
O brincar é, por si só, uma ferramenta de inclusão. Além de ocupar papel central no desenvolvimento de habilidades socioemocionais e cognitivas, também funciona como um espaço de convivência com a subjetividade do outro, onde o senso de coletividade, a resolução de conflitos e a criatividade se constroem a fim de conciliar as potencialidades e as limitações de cada criança.
“A diferença é intrínseca à condição humana. A deficiência, por sua vez, é apenas uma das características entre as múltiplas que compõem um sujeito. Inclusão significa ter pessoas diferentes interagindo na mesma atividade, e não pensar em brincadeiras especificamente para um determinado grupo”, afirmou Meire Cavalcante, pesquisadora e consultora em educação inclusiva, no evento Diálogos do Brincar, promovido pelo Instituto Alana.
Para que todas as crianças possam ter garantido o direito de brincar, em alguns casos é necessário fazer adaptações nos brinquedos e brincadeiras, pensando na acessibilidade de pessoas com deficiência. No entanto, segundo a especialista, esse processo não pode ser entendido como uma limitação e sim como uma oportunidade de envolver a todos na construção de soluções criativas.
A partir dessa perspectiva, organizamos uma lista com brincadeiras sensoriais que contribuem para o desenvolvimento e inclusão de todas as crianças, seja em casa, na escola ou na rua. Veja a seguir!
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1. Caixa dos sentidos
Que tal reunir as crianças para um jogo de adivinhação sensorial? Em uma caixa de papelão, faça dois buracos na lateral para que as crianças possam colocar as mãos e, através do tato, descobrir quais são os objetos no interior. Frutas, garfos, chaves, canetas, lápis. O importante é incentivar a curiosidade e os outros sentidos para adivinhar o que há ali dentro. Ganha quem acertar o nome dos objetos. Mas, no final, o verdadeiro ganho está na diversão e no desenvolvimento a partir de uma atividade criativa!
2. Jogo da memória (pares no arroz)
O jogo da memória é um clássico entre as brincadeiras e pode ir além das cartas planas com figuras iguais. Para torná-las acessíveis, basta destacar o contorno com tinta plástica em alto relevo, ou colar botões, lãs e até lixa para dar-lhes diferentes texturas. Dessa forma, é possível identificar os pares através dos elementos táteis. Uma outra alternativa é colocar dois pares de objetos em uma vasilha cheia com arroz e incentivar as crianças a procurá-los. Além de trazer um novo formato para o jogo, as crianças podem até mesmo ajudar na confecção das cartas, fazendo parte da solução de uma forma divertida.
3. Rola-bola
Um dos brinquedos favoritos das crianças é a bola, que pode ser usada em diversas dinâmicas em grupo. Embrulhá-la em um plástico ou colocar um guizo preso a ela, pode tornar mais fácil reconhecer onde e em que velocidade ela está. Para crianças com deficiência visual, essa adaptação permite maior integração na brincadeira através da audição. O objetivo do Rola-bola é formar uma roda e passar a bola entre as crianças. Para tornar o jogo mais divertido, pode haver uma pessoa encarregada de determinar a velocidade ou para quem a bola deve ir.
4. Areia no pé
Explorar os sentidos usando o corpo é uma forma de aprender se divertindo. Com uma bacia grande cheia de areia, é possível montar um circuito de desafios que podem ir desde moldar formas com as mãos até criar trilhas com os pés ou pás de brinquedo. As crianças podem, também, trabalhar em equipe caso o espaço seja maior. Lembrando que a dinâmica deve ser feita no ritmo de cada criança.
5. Tinta e sagu
Brincar com tintas traz mais possibilidades do que apenas pintar desenhos coloridos. As cores também podem ser diferenciadas e entendidas pelo tato. Uma das formas de ajudar nessa diferenciação, é misturar sagu ou pequenas bolinhas de isopor em uma das tintas e incentivar as crianças a desenhar com as mãos, sentindo a textura e trabalhando as habilidades sensoriais. O resultado é o que menos importa nesse tipo de atividade, deixando a experimentação fluir livre.
6. Blocos de construção
Coordenação motora, concentração e noção espacial são só algumas das habilidades trabalhadas a partir dos blocos de construção. Através do tato é possível assimilar formatos, tamanhos, encaixe para então construir a partir deles. A ideia é que as crianças reconstruam, deixem cair, coloquem de volta no lugar, isso fará com que estimulem a criatividade ao mesmo tempo que treinam o foco e a atenção.
As brincadeiras sugeridas neste lista contem dicas voltadas para a acessibilidade de crianças com deficiência visual, mas nos guias consultados existem adaptações possíveis para outros tipos de deficiência. O Guia Incluir Brincando ressalta, ainda, alguns passos para garantir a inclusão nas brincadeiras:
- Estimular as crianças a fazerem parte das soluções de inclusão;
- Realizar as atividades nos ritmos de cada criança;
- Criar brincadeiras que explorem cheiros, cores, texturas e sons;
- Pensar em atividades que quebrem preconceitos em relação ao gênero e às deficiências;
- Perguntar sempre à família ou aos profissionais de saúde se há restrições para o brincar.