Probabilidade, tomada de decisões e estratégia são algumas atribuições ligadas a raciocínio lógico que podem ser trabalhadas por meio de jogos, sejam de tabuleiro ou online
A chamada 4º Revolução Industrial modifica a construção social e, por consequência, transforma o mercado de trabalho, demandando novas formas de abordagem para uma educação alinhada ao século XXI. Desenvolver habilidades e competências ligadas à cultura digital, como o raciocínio lógico, torna-se cada vez mais necessário.
E jogos podem ser formas eficientes de aproximação com os jovens, ajudando a desenvolver tomada de decisões, agilidade, trabalho em equipe e pensamento estratégico. Também criam situações para os estudantes interagirem com o entorno e seus colegas.
“As competências socioemocionais são quase todas abrangidas pelos jogos de tabuleiro modernos, por exemplo. Não há necessidade de aplicá-las de maneira expositiva ou por meio de debates. Simplesmente, ao jogar, essas competências são ativadas”, diz Paula Piccolo, professora e designer instrucional de jogos no Grupo JEDAI.
O JEDAI cria jogos aplicados à educação e realiza formação de professores da Educação Básica, do Ensino Superior e do Técnico para ajudá-los a adaptar os jogos aos conteúdos programáticos. Com a consultoria da especialista, reunimos oito jogos que trabalham raciocínio lógico e pensamento computacional em sala de aula:
Hanabi
Competência: Probabilidade
Nº de jogadores: 2 a 5
Idade recomendada: 8 anos ou mais
Duração: 30 min
Em japonês, Hanabi quer dizer fogos de artifício. E são eles os grandes protagonistas do jogo, que tem como objetivo montar um espetáculo acertando as sequências (números e cores) de fogos de artifício. O mais interessante é que os jogadores terão de trabalhar em colaboração para construí-lo, já que as cartas ficam viradas para o time, que auxilia o jogador para que saiba o que tem na mão.
Por meio de perguntas, os participantes vão dando dicas uns aos outros a cada rodada para que os jogadores abaixem a sequência correta na mesa. Além de estimular a resolução de problemas com trabalho em equipe, o Hanabi também conceitos de probabilidade.
Ricochet Robots
Competência: Raciocínio Lógico
Nº de jogadores: 1 a 10
Idade recomendada: 10 ou mais anos
Duração: 30 min
Conhecido no Brasil como Robô Ricochete, o jogo também trabalha com sequências e múltiplas possibilidades de chegar ao objetivo. Existe um tabuleiro central, dividido em quatro, onde quatro robôs de cores diferentes são posicionados com base na escolha dos jogadores. Uma vez determinada uma localização, é selecionado um objetivo (representado por uma pecinha colorida) e o robô da cor sorteada terá de chegar até aquele ponto.
O desafio está em os robôs se movimentarem sob a Lei da Inércia: na horizontal ou na vertical, só parando se encontrarem uma parede ou outro robô pelo caminho. Ao pensarem em estratégias que levem os robôs até o objetivo com o menor número de movimentos possíveis, os jogadores vão usando o raciocínio lógico.
Steam Park
Competência: Tomada de Decisões
Nº de jogadores: 2 a 4
Idade recomendada: 10 anos ou mais
Duração: 60 min
No Steam Park, o jogador é o gerente de seu próprio parque de diversões. No início, só se tem um pedaço de terra e, a cada rodada, você pode tirar o dado e escolher ações. É possível construir atrações, gerenciar funcionários, investir em propaganda, no atendimento ou na limpeza. Existem dois níveis de dificuldade: iniciante ou avançado.
Ao terminar a partida, o vencedor é aquele que conseguir investir melhor na estrutura do parque e ganhar mais dinheiro. Embora o planejamento estratégico seja importante, a tomada de decisões é o mais decisivo para o crescimento do parque.
Tokaido
Competência: Estratégia
Nº de jogadores: 2 a 5
Idade recomendada: 14 anos ou mais
Duração: 45 min
Tokaido é um daqueles jogos de estratégia disfarçado de puro entretenimento. Afinal, os jogadores assumem personagens viajantes (especificados em cartinhas) que iniciarão uma jornada pela famosa estrada japonesa que liga Kyoto até Tóquio.
O tabuleiro nada mais é que um roteiro de viagem no qual o jogador escolhe o que fazer nos quatro dias: comprar lembrancinhas, conhecer pessoas, apreciar a culinária e as paisagens. O segredo está na pontuação de cada ação. As escolhas dos viajantes vão acumular pontos para determinar quem aproveitou ao máximo o caminho até o destino final.
Lord of Xidit
Competência: Programação de Ações
Nº de jogadores: 3 a 5
Idade recomendada: 14 anos ou mais
Duração: 90 min
Para quem gosta de jogos no estilo RPG e fantasia, Lord of Xidit é a pedida certa para se divertir e ao mesmo tempo desenvolver o raciocínio lógico. A história se passa na terra de Xidit, que está sob ataque de hordas inimigas. Os jogadores assumirão o papel de lords, herdeiros e guerreiros responsáveis por combater os invasores. Mas para fazer isso terão de conquistar aliados, visitar cidades, influenciar cidadãos e magos para lutarem ao seu lado.
O objetivo do jogo é justamente conquistar mais influência, riquezas e territórios. A cada rodada, os jogadores são comparados entre si e o menos influente é eliminado. No final, o vencedor será nomeado Lorde de Xidit. A programação de ações é fundamental para organizar estratégias e prever as táticas usadas pelos outros participantes.
Sudoku
Competência: Raciocínio Lógico
Nº de jogadores: 1
Idade recomendada: 6 anos ou mais
Duração: 5 a 30 min
O Sudoku é, provavelmente, o jogo mais conhecido desta lista. Sem tabuleiro, é individual e pode ser jogado até mesmo online. Foi disseminado nos anos 2000 no Brasil como um passatempo capaz de desenvolver o raciocínio lógico e ensinar matemática.
O objetivo do jogo é completar as 81 cédulas usando números de 1 a 9, sem repeti-los em uma mesma linha, coluna ou grade (diagonal 3×3). Além de trabalhar a lógica, também pode ser usado para aprimorar a agilidade, planejamento e foco. O nível de dificuldade varia com o nível de experiência do jogador.
Jogos Online
A lista acima reuniu jogos físicos pensados em um contexto educacional, mas existe uma infinidade de jogos online e aplicativos que também possibilitam o desenvolvimento de habilidades voltadas ao raciocínio lógico e ao pensamento computacional.
A plataforma Escola Digital oferece mais de 21 mil opções de recursos digitais para serem trabalhados por educadores em sala de aula. Dentre eles, estão jogos explicados e direcionados às competências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O Desafio da Emília, por exemplo, trabalha lógica por meio de aprendizados sobre a famosa personagem do Sítio do Picapau Amarelo. O objetivo é reposicionar os baús do Visconde de Sabugosa para que se encaixem nos blocos luminosos.
Outra plataforma é a do Programaê, da Fundação Telefônica Vivo, que tem o objetivo de tornar a programação acessível e simplificada a todos. Os jogos entram como recurso pedagógico para ensinar os códigos. A ferramenta Scratch, por exemplo, permite que os estudantes criem seus próprios games a partir da programação de ações dos personagens e objetivos.