O hábito de adiar tarefas importantes pode ser uma armadilha para a vida profissional, pessoal e sentimental. Saiba como reconhecer e lidar com esse comportamento
O dia começa e você tem que finalizar aquele relatório difícil para entregar até amanhã. Mas, antes, dá uma olhada nos e-mails, uma atualizada nos assuntos do momento nas redes sociais, faz comentários em alguns posts ou adianta entregas mais fáceis. Quando olha no relógio, já se passaram algumas horas e o tempo para finalizar as tarefas vai diminuindo…
Essas situações remetem a expressões como “empurrar com a barriga” ou “deixar tudo para a última hora” e podem estar ligadas ao padrão comportamental da procrastinação, principalmente, se você costuma adiar responsabilidades, tanto no campo profissional, quanto no pessoal.
“De uma maneira simples, podemos dizer que procrastinação é o nome que se dá ao ato de adiarmos as tarefas que precisam ser realizadas. Ela é a protelação do ato, quando um assunto ou atividade é sempre deixado para resolver depois”, explica o psicólogo e psicopedagogo Paulo Estevam.
A palavra procrastinar vem do latim: procrastinatus. Pro significa à frente e crastinatus, amanhã. É entendido, portanto, como “para amanhã”.
Esse comportamento é diferente da preguiça e pode mascarar algumas outras questões interessantes de serem trabalhadas, como medo de falhar ou perfeccionismo. Por isso é importante entender seus estágios e como lidar para superar essa dificuldade de dar o primeiro passo.
Procrastinação, a preguiça e a insegurança
É comum as pessoas confundirem a procrastinação com a ociosidade ou acharem que “Ah, isso é coisa de gente preguiçosa!”. Mas há uma diferença entre os dois comportamentos.
Segundo o Paulo Estevam, o preguiçoso ou desorganizado não realiza nenhuma tarefa que deveria. Já o procrastinador acaba fazendo outras tarefas no lugar da que deveria realizar e está sempre ocupado. Essa é uma desregulação emocional.
“Muitas vezes, a pessoa não quer lidar com aquela tarefa, aquela situação. Seria medo de falhar? Desagradar alguém? Precisamos nos questionar sobre essas hipóteses. Se ela tem insegurança vai acabar passando outras atividades na frente. Precisamos sempre avaliar o motivo de estarmos adiando alguma tarefa”, comenta.
Para saber se é procrastinação é preciso entender as próprias angústias e o que te faz ter medo de encarar aquela tarefa. Muitas vezes são atividades que a pessoa gosta de realizar, mas não consegue dar o primeiro passo.
“Seja por perfeccionismo, ou por preocupação por excesso de aprovação alheia, pensam muito antes da realização de uma tarefa. Em alguns momentos tendem a justificar demais a não realização de algo – tempo e energia que poderiam ser usados para executar efetivamente algo”, detalha o psicólogo.
Empreendedorismo e procrastinação
A procrastinação “rouba” o tempo de quem precisa realizar algo e quando se torna crônico, esse padrão comportamental pode ser prejudicial, trazendo a depressão, a ansiedade, a baixa autoestima e o baixo rendimento escolar e profissional.
Para quem quer empreender, o ato de procrastinar pode fazer o negócio não sair do papel e até atravancar as primeiras etapas.
“A pessoa pode sempre achar que não é o momento, que algo melhor acontecerá se esperar, se estiver mais bem preparada, amadurecida, entre outras coisas. Claro que é muito importante avaliar o momento de agir e todas as suas possibilidades”, afirma o psicólogo, salientando que momentos mágicos e perfeitos podem não existir e que, por isso, precisamos dar os primeiros passos.
Para entender se está procrastinando antes de iniciar um negócio, avalie se você passa mais tempo pensando no que poderia ter feito ao invés de realmente fazer. Se você desfoca facilmente dos seus objetivos, se sempre deixa para amanhã a ideia de empreender ou se demora muito para começar uma tarefa relativamente simples do seu negócio.
“Precisamos sempre medir o impacto desses comportamentos na vida do indivíduo. Em certas fases da vida, temos mais atividades a serem feitas, prazos, principalmente no início do negócio. É aí que o procrastinador vai encontrar maiores dificuldades, maior grau de prejuízos e sofrimento. Por isso, é fundamental observar suas atitudes”, ensina Paulo Estevam.