Desenvolvido por três jovens estudantes do Ensino Médio, o app Find Lost pretende divulgar informações úteis para ajudar a solucionar os casos junto às autoridades
Transformar uma realidade particularmente dolorosa em uma ideia empreendedora é mais que pensar grande, é gerar impacto social positivo e criativo para a sociedade. Além disso, é também um dos principais objetivos do Find Lost, aplicativo desenvolvido para facilitar a busca por pessoas desaparecidas.
Maiala Safira, Vittoria Zachi e Vitória Mazoni, alunas de 17 anos da ETEC André Boasin, em Osasco, na Grande São Paulo, criaram um projeto que trabalha com a premissa de promover a divulgação de informações úteis para ajudar a solucionar os casos de desaparecimento, atuando em parceria com as autoridades competentes.
As estudantes cursavam o Técnico em Administração, integrado ao Ensino Médio, quando tiveram a chance de participar do Programa Pense Grande, levando o projeto orientado pelo professor Miguel del Barco para o Demoday (Demoday é a junção de duas palavras em inglês, que em português significam dia da demonstração), que aconteceu em dezembro de 2017. O Find Lost surpreendeu tanto pela iniciativa, que também conquistou o primeiro lugar dentre as apresentações.
A ideia é que o aplicativo trabalhe com o cruzamento de dados entre informações disponíveis na internet e instituições públicas como hospitais e delegacias. A ferramenta fornecerá uma ficha para ser preenchida com dados pessoais, características físicas, dia do desaparecimento e última localização.
Uma vez disponibilizados e checados os dados, a circulação dessas informações facilitaria o processo de busca por desaparecidos, que hoje é administrado pelo Ministério da Justiça. Além disso, o Find Lost deve mapear os possíveis destinos da pessoa em uma situação hipotética, baseando-se na localização onde foi vista pela última vez.
“Foi uma surpresa ganhar o Demoday. No início não imaginávamos que éramos capazes, a todo o momento ouvíamos pitchs incríveis durante as oficinas”, conta Maiala Safira sobre a experiência compartilhada com os outros 16 grupos de jovens que participaram das apresentações.
“Posso dizer que hoje sou uma pessoa totalmente diferente de quando entrei no Pense Grande”, acrescenta Vittória Zachi, que superou o nervosismo em prol do projeto e das ideias nas quais acredita. “Aprendi que todos nós temos potencial para transformar o mundo”.
Maiala Safira, Vittoria Zachi e Vitória Mazoni no Demoday do Pense Grande
Do particular ao universal
A ideia de trabalhar com a questão da busca por pessoas desaparecidas nasceu a partir de vivências experimentadas pelas meninas. Em 2017, a irmã de Maiala desapareceu por dois dias, quando foi à farmácia. Um colega da turma também demorou a aparecer em casa após sair da escola, mobilizando todos os alunos.
“Essa foi a segunda vez que sentimos a angústia e o desespero de não saber onde uma pessoa estava”, diz Vitória Mazoni. “As pessoas não sabem o que fazer como ajudar”, acrescentou Maiala. Partindo dessa observação, as três decidiram transformar o projeto em conscientização.
As jovens estão em busca de parcerias com órgãos e instituições municipais para começar a divulgar o app, e contam que este é um dos maiores desafios para dar continuidade ao projeto. Recentemente, as jovens estiveram na Câmara de Osasco e foram reconhecidas pelo projeto desenvolvido na região.
Nesse meio tempo, as meninas já estão ativas nas redes sociais e por e-mail divulgando dicas e informações sobre a legislação. “A ideia é funcional, mas não adianta divulgarmos enquanto a população não se conscientizar sobre o tamanho do problema. Então, nossa primeira estratégia é orientar as pessoas para que elas saibam como agir”, afirmam.
Você já ouviu falar no Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas? A proposta aprovada pela Câmara dos Deputados no final de 2017, e em tramitação no Senado, assume o compromisso de tornar mais eficiente o processo de busca pelas pessoas desaparecidas em todos os Estados do país. O Brasil registrou oito desaparecimentos por hora nos últimos dez anos.
A previsão é que, assim como o aplicativo Find Lost, haja um cruzamento de informações, a nível nacional, compartilhada com a descrição física, fotos e um espaço com dados genéticos para os investigadores do caso.