Recursos tecnológicos e formações disponibilizadas pelo projeto em escolas no meio da Amazônia são um exemplo de como promover ainovação e facilitar o aprendizado em lugares distantes dos grandes centros
As dimensões e as desigualdades regionais do Brasil impõem grandes desafios na área de educação. Escolas distantes dos centros urbanos, como escolas ribeirinhas (voltadas para as crianças das populações que ocupam margens de rios e bacias hidrográficas) ou rodoviárias (situadas às margens de rodovias)enfrentam diversas barreiras, como dificuldades no acesso, instalações precárias ou falta de espaço.
Suprir alguns desses desafios é a proposta do Aula Digital, um dos projetos do ProFuturo, iniciativa de educação global da Fundação Telefônica Vivo e da Fundação“la Caixa”.O projeto, que estimula a inovação na educação e promove melhor oportunidade de aprendizagem por meio da tecnologia, tem como característica chegar a lugares remotos do país.
É o caso da Escola Indígena Municipal Kanata T-Ykua, ou Escola Luz do Saber, em língua kambeba, situada no Amazonas, no baixo rio Negro, mais precisamente na margem direita do rio Cuieiras.
No Brasil, é na região da Amazônia onde está a maior parte dos ribeirinhos: são 350 comunidades compostas por 37 mil pessoas, segundo levantamento do Projeto Povos Ribeirinhos, de 2014.
Fundada em 1993, a Kanata T-Ykuaé fruto da mobilização dos kambeba pela educação de seu povo. A atual escola, que enche de orgulho a comunidade, foi inaugurada em 2013 pela prefeitura de Manaus.
Em uma região de acesso difícil – em que só é possível chegar depois de uma hora e meia de barco– os recursos tecnológicos disponibilizados pelo Aula Digital desempenham um papel fundamental na educação dos alunos e na valorização e perpetuação da cultura indígena.
“O projeto Aula Digital nos permite reunir nossas histórias e conhecimentos e adicioná-los em uma plataforma tecnológica. Nos ajuda muito com o registro, com a organização e o planejamento das aulas”, conta Mário dos Santos Cruz, professor do Ensino Fundamental 1. “Podemos escrever a história do povo, que estava sendo esquecida, e registrá-la na plataforma, para que não se perca”.
O Aula Digital funciona ainda como um instrumento de apoio, de inovação, de estratégia. “As crianças, claro, se empolgam com o tablet, mas a importância vai muito além. As formações ajudam a construir uma nova forma de educar no contexto atual e a integrar as novidades e a tradição. Isso tem um valor inestimável”, acredita o professor.
Experiência rica
Outra instituição atendida pelo Aula Digital é a Escola Municipal Professora Zilda Iracema Melgueiro Nunes. A escola rodoviária está situada no ramal do rio Branquinho, no quilômetro 67 da BR-174, em plena floresta amazônica.
Para chegar lá, saindo de Manaus (AM),são aproximadamente três horas. O ônibus escolar parte da capital às 6h, levando a equipe e pegando os alunos pelo caminho. Em uma área de pluviosidade intensa e grande complexidade ambiental, chuvas, quedas de árvores que medem até 60 metros, e encontros inesperados com animais podem atrasar ou impedir o início das aulas.
Além do longo caminho, os alunos, que cursam desde a educação infantil até o 9º ano do ensino fundamental, em classes multisseriadas, ainda precisam lidar com pouco acesso à internet e à telefonia, e com as frequentes quedas de energia.
Os desafios não são poucos, mas contribuíram para criar um forte vínculo dos professores e funcionários com os alunos, que valorizam tudo o que a escola lhes oferece, especialmente a oportunidade de ser alfabetizado, diferente do que aconteceu com muitos de seus pais.
Nesse cenário, o Aula Digital também conquistou seu espaço. Inicialmente, o uso dos tablets estava previsto apenas para o Ensino Fundamental I, mas hoje são utilizados também pelo sexto ano, contribuindo para melhorar o desempenho dos alunos em algumas disciplinas, como matemática e linguagem, como conta Simone Pantoja, que dá aula para as turmas de primeiro a terceiro ano.
Assim como na escola indígena, Simone destaca que o Aula Digital não representa apenas uma chance de acesso aos equipamentos, mas sim um instrumento que contribui com o aprimoramento e a formação continuada dos educadores, algo especialmente difícil de obter quando se vive ou trabalha em uma região de difícil acesso.
“O Aula Digital representa inovação, gera uma experiência muito rica e ajuda a desmistificar a ideia de que existe um abismo entre a zona rural e as tecnologias”, pondera Simone. “As crianças da zona rural são as mesmas da cidade. É preciso que tenham acesso aos recursos para que os conhecimentos sejam equivalentes.”, finaliza.
Em comemoração aos três anos do ProFuturo, programa de educação global da Fundação Telefônica Vivo criado em parceria com a Fundação “la Caixa”, foi lançada a publicação fotográfica Compromisso com a Educação. O livro, que traz os textos em espanhol, português, francês e inglês, reforça os objetivos do ProFuturo na difusão do ensino digital de qualidade para reduzir a desigualdade educacional, e a crença do programa de que a educação é a ferramenta mais poderosa para transformar o mundo. Acesse a publicação, disponível por download gratuito, e saiba mais!