Professores de escolas públicas de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina concluíram as formações em Big Data e Gestão de Dados por meio do Programa Pense Grande Tech, que oferece a estudantes o primeiro curso técnico em Ciência de Dados de nível médio no país
Uma prática pedagógica pode ser considerada de sucesso quando possibilita que estudantes desenvolvam suas habilidades e novas formas de aprendizado. Assim também quando essa prática se torna uma referência e inspiração para que outros docentes construam projetos promissores.
Professores que lecionam para turmas da educação profissional do Ensino Médio de escolas públicas de Mato Grosso do Sul e de Santa Catarina, que contam com o itinerário formativo em Ciência de Dados, concluíram mais uma etapa da Trilha de Formação Docente, oferecida desde 2022 pelo programa Pense Grande Tech, da Fundação Telefônica Vivo. A iniciativa é realizada em parceria com as Secretarias de Educação de ambos os estados.
Durante o primeiro semestre, os docentes participaram de formações específicas sobre Big Data e Gestão de Dados e adquiriram conhecimentos sobre inteligência artificial, linguagem de programação e desenvolvimento de sistemas, entre outros temas, que contribuirão, de maneira prática, com o desenvolvimento dos estudantes para as atuais demandas do mercado de trabalho.
Confira como quatro professores transformaram o aprendizado da formação em projetos para o desenvolvimento dos estudantes e novas oportunidades.
Sobre o Pense Grande Tech
O programa Pense Grande Tech, da Fundação Telefônica Vivo, tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento de competências digitais em professores e estudantes da rede pública de ensino, oferecendo formações e conteúdos alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Ensino Médio.
Inteligência artificial em sala de aula
A professora Aline de Paula Sanches, de Três Lagoas (MS), desenvolveu projeto sobre Inteligência Artificial com seus estudantes de Ensino Médio.
A professora Aline de Paula Sanches, formada em Ciência da Computação com mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica, leciona para estudantes do Ensino Médio nas Escolas Estaduais Professor João Magiano Pinto e Padre João Tomes, em Três Lagoas (MS). Ela concluiu o curso de Big Data da Trilha de Formação Docente.
Para estudantes do itinerário formativo de Ciência de Dados, Aline desenvolveu um projeto sobre inteligência artificial (IA), contextualizado na disciplina de Transformação Digital e Inovação. Afinal, trata-se de um tema atual e que faz parte do dia a dia. Assim sendo, a proposta partiu de pesquisas feitas pelos estudantes para que identificassem softwares e ferramentas on-line que têm a IA como base.
Como resultado, cada estudante apresentou sua descoberta. E, juntos, entenderam como essa tecnologia contribui com o processo de aprendizagem, por meio de programas que desenvolvem quizzes, apresentações ou imagens através de comandos. Além disso, a atividade explorou o desenvolvimento da inteligência artificial a partir do seu próprio uso: a cada novo comando, ela é aprimorada e gera resultados mais precisos.
“Dessa forma, ao acompanhar os estudantes, pude analisar as dificuldades individuais de cada um em diferentes tópicos. Assim, foi possível direcionar a minha prática para as demandas deles”, explica a professora.
Lourdes Alves Neres de Souza, gestora na Escola Estadual Professor João Magiano Pinto, onde a professora Aline leciona, foi responsável por incentivar e acompanhar os professores durante a Trilha de Formação Docente. Ela ressalta a importância de formações como as da Fundação Telefônica Vivo por conta da dificuldade de encontrar professores qualificados para aulas relacionadas à tecnologia. “De fato, Ciência de Dados é um conhecimento muito novo, principalmente na Educação Básica. Assim, a oportunidade de ofertá-lo como itinerário formativo no Ensino Médio chega a ser única”, diz.
Internet das Coisas em itens do cotidiano
O professor Diego Queiroz (Campo Grande/MS) aposta na relação do aprendizado teórico com o funcionamento de dispositivos do dia a dia
O professor Diego Fabrizzio Paiva Queiroz realizou os cursos de Big Data e Gestão de Dados, da Trilha de Formação Docente. Ele destaca que ambos ampliaram seu repertório sobre diversos conceitos. Especialmente Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial. Diego é graduado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e dá aulas para turmas do Ensino Médio nas Escolas Estaduais Arlindo de Andrade Gomes e Lino Villachá, em Campo Grande (MS).
Os estudantes da turma do itinerário formativo em Ciência de Dados apresentam diferentes níveis de habilidades no uso de recursos tecnológicos. Mas o professor desenvolveu atividades que atendessem as turmas como um todo.
Assim, com professores de outras disciplinas, ele montou uma proposta pedagógica para aplicação prática dos conhecimentos adquiridos em armazenamento, manipulação e transformação de dados. Como resultado, os projetos multidisciplinares serão realizados em grupo no final do ano letivo.
De acordo com Diego, para incentivar os jovens a interagirem em sala de aula ao tratar de temas ligados à tecnologia, sua estratégia é relacionar o aprendizado teórico a temas do cotidiano. “Por exemplo, falo sobre o funcionamento de itens como o dispositivo Alexa, geladeiras inteligentes e outros dispositivos IoT. Além de rede de computadores e inteligência artificial”.
Big Data e Gestão de Dados: interdisciplinaridade no uso de tecnologias
O professor Wellington de Andrade, de Guaramirim (SC), percebe que as formações que participou contribuíram para que os estudantes desenvolvessem mais autonomia e responsabilidade em seus projetos no espaço maker da escola.
“O que mais chamou minha atenção durante a formação foi a integração de metodologias ativas com os conteúdos teóricos, buscando dar maior significado à aprendizagem dos estudantes”, afirma Wellington Luiz de Andrade, professor no Centro Educacional Prefeito Manoel de Aguiar, em Guaramirim (SC).
Logo depois de adquirir os novos conhecimentos, ele propôs aos estudantes do itinerário formativo de Ciência de Dados dois diferentes trabalhos interdisciplinares em grupo. Desse modo, ambas as propostas partiram de metodologias ativas para promover o engajamento e o envolvimento dos estudantes. Por exemplo, no espaço maker da escola, Wellington apoia a integração das habilidades no componente curricular em Desenvolvimento de Sistemas e em Lógica de Programação, com trabalhos propostos por docentes de outras disciplinas.
De acordo com o professor, as formações em Big Data e Gestão de Dados oferecidas pela Fundação Telefônica Vivo foram fundamentais para a implementação do itinerário em Ciência de Dados na escola para os estudantes.
“Certamente, percebemos o desenvolvimento da autonomia e responsabilidade dos estudantes. Bem como notamos que estão aprendendo a trabalhar em equipe e respeitar o tempo e as diferenças. Outro fator importante é a capacidade desenvolvida para a criação de inovações”, relata Wellington sobre os resultados observados após a aplicação prática do que aprendeu nas formações.
Aplicação prática na própria escola
No projeto orientado pelo professor Márcio Borges, de Correia Pinto (SC), estudantes desenvolveram banco de dados para a gestão da biblioteca da escola.
De acordo com o professor Márcio Borges, que leciona para turmas do Ensino Médio na Escola Estadual João Paulo I, em Correia Pinto (SC), a formação em Gestão de Dados representou um desafio de desenvolvimento em áreas com as quais ele ainda não tinha tido contato.
Os estudantes das suas turmas desenvolveram um projeto de banco de dados para a gestão da biblioteca da própria escola. Na aplicação do projeto foi utilizada a linguagem SQL (Structured Query Language ou linguagem de consulta estruturada), uma das mais utilizadas no mercado. Além de compreenderem os conceitos básicos sobre a linguagem, os estudantes puderam entender na prática como realizar a manipulação de estruturas de banco de dados.
Para a atividade, eles partiram da estruturação dos dados encontrados, como os nomes dos livros, datas de publicação, gênero, entre outros. Depois de coletarem todas as informações necessárias, puderam sistematizá-las e alterá-las conforme a necessidade da escola.
Juntamente com o conhecimento teórico, o aprendizado das turmas resultou em uma melhor prática de atividades cotidianas com apoio da tecnologia. “No início do curso, os estudantes não sabiam nem mesmo o que era armazenamento em nuvem. Agora, falamos em programação e isso não é mais uma novidade para eles”, comenta o professor.
A inspiração do professor Márcio em continuar trabalhando com esses temas em sala de aula vem dos resultados positivos que já percebeu. “Um dos estudantes relatou que participou de uma entrevista de emprego e se destacou por ter citado conhecimentos relacionados ao armazenamento de dados. Para mim, isso foi bem gratificante”, conclui.