Para preservar a camada de ozônio, é preciso reduzir a emissão de gases poluentes, e assim manter a barreira natural da radiação solar e evitar o aquecimento global.
Ondas de calor atingem o Canadá, elevando as temperaturas 20 graus acima do esperado para o verão. Inundações na Europa destroem edifícios e deixam pessoas desaparecidas. O Brasil enfrenta a pior seca desde 1910, afetando 7 estados e 40% do território nacional. Essas são só algumas das manchetes alarmantes que chamaram a atenção do mundo para as mudanças climáticas em 2021.
O que elas têm em comum? Apontam as consequências práticas de um processo de aquecimento global que já registra 1,1 ºC de aumento na temperatura planetária. O número pode parecer pouco expressivo, mas sobe para 1,6ºC nas áreas continentais, afetando os ecossistemas ambientais, socioeconômicos e a vida cotidiana dos seres vivos.
Esse desequilíbrio, no entanto, não é novidade. Em 1977, cientistas descobriram a existência de um buraco na camada de ozônio localizado próximo a região da Antártida. Essa camada, formada por gases atmosféricos, tem como principal função filtrar a passagem de raios ultravioleta para a superfície da Terra, impedindo que a radiação em excesso aqueça o planeta.
O buraco, que inicialmente indicava um fenômeno natural em determinadas épocas do ano, não deu sinais de desaparecimento. Ao longo das décadas, pesquisas comprovaram que ele era, na verdade, resultado de gases poluentes fabricados pelos seres humanos, como os derivados de combustíveis fósseis (CO2), exaustores de veículos, equipamentos refrigeradores e aerossóis (CFC).
“A camada de ozônio funciona como um protetor solar natural para o planeta, protegendo o sistema imunológico, a biodiversidade e os ecossistemas. Embora empresas e autoridades tenham se mobilizado para reduzir a emissão dos gases que a afetam, ela levará tempo para se recuperar”, afirma Andrea Pupo, coordenadora de educação ambiental no Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ).
Camada de Ozônio: uma boa e uma má notícia
Uma série de convenções internacionais foram dedicadas ao debate sobre a destruição da camada de ozônio e, em 1987, o Protocolo de Montreal foi criado como um órgão regulador que define metas para reduzir a emissão de gases poluentes. Atualmente, o tratado conta com 197 países signatários, incluindo o Brasil.
Em fevereiro de 2021, um estudo publicado pela Revista Nature revelou que os esforços estão surtindo efeito. Pela primeira vez em nove anos houve redução nas taxas de emissão do gás CFC-11, que está proibido desde 2010 e, recentemente, teve seu uso restrito pelas indústrias na China e na Índia.
“Hoje podemos dizer que os danos à camada de ozônio estão controlados. Mas é importante lembrar que alguns gases que a destroem também são gases de efeito estufa, e não podemos deixar de monitorá-los. A principal preocupação no momento é com relação ao dióxido de carbono (CO2), associado ao desmatamento e queima de combustíveis fósseis”, pondera Andrea Pupo.
Segundo o primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), lançado em agosto de 2021, a temperatura do planeta continuará subindo até o fim do século caso não haja redução sustentada e contínua de CO2 e outros gases. O órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) alerta, ainda, que mesmo no melhor cenário as temperaturas podem levar até 30 anos para se estabilizarem.
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O que podemos fazer para frear as mudanças climáticas?
Embora o relatório do IPCC aponte que a ação humana sob o planeta tenha gerado eventos extremos e sem precedentes, ainda existem caminhos possíveis para frear esse processo. Para a educadora ambiental, o primeiro passo é reconhecer as consequências que as mudanças climáticas podem trazer para a vida cotidiana e para a sociedade.
“É preciso fazer uma ligação entre a crise ambiental, sanitária e econômica. As agressões ao meio ambiente impactam no preço dos alimentos, da gasolina, da conta de luz e também no agravamento e aparecimento de doenças. Outras epidemias virão se não colocarmos a educação ambiental como prioridade”, reforça Andrea Pupo.
Até mesmo os desastres ambientais são desiguais, por isso não é possível pensar em estratégias de sobrevivência e adaptação sem considerar que “existe um recorte de raça e de classe nessa equação, onde os mais afetados são sempre aqueles em situação de vulnerabilidade social”, acrescenta a pesquisadora do IPÊ.
Com a ajuda de Andrea, selecionamos alguns lembretes que podem inspirar ações cotidianas de combate à crise climática.