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Segundo especialistas, as estratégias para engajar as juventudes com a EPT passam por disseminação de informações e maior integração com o mercado de trabalho

#Educação#MercadodeTrabalho

A imagem mostra um grupo diverso de estudantes adolescentes. Eles estão sentados em duas bancadas de estudos com cadernos, canetas e notebooks. Em primeiro plano, a imagem mostra quatro estudantes: duas meninas e dois meninos. Em segundo plano, é possível ver mais quatro estudantes, também dois meninos e duas meninas.

Em um cenário em que a formação profissional é cada vez mais decisiva para a inclusão bem-sucedida dos jovens no mercado de trabalho, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos em relação à oferta da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Baseada na formação integral dos estudantes, a modalidade de ensino tem como foco preparar o estudante para o mundo do trabalho, para a vida em sociedade e para continuidade de estudos.

Entretanto, o total de estudantes matriculados nessa modalidade de ensino ainda é baixo no Brasil, se comparado aos membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo dados do relatório “Education at a Glance 2023”, 11% dos estudantes de ensino médio entre 15 e 19 anos estão matriculados em programas profissionalizantes, enquanto a média dos países-membros da OCDE é de 37%.

A falta de informação sobre a oferta de EPT é um dos obstáculos para que mais estudantes tenham acesso a ela. É o que afirma Gustavo Moraes, pesquisador de carreira do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e pós-doutorando em Educação na Universidade de Stanford.

“Existe hoje uma falta de conhecimento de grande parcela da juventude brasileira sobre essa modalidade de formação. Quando estávamos no início da discussão do Novo Ensino Médio, muito se falou de termos apenas uma oportunidade de Ensino Médio. Mas o curso técnico existe como uma possibilidade desde a década de 1940 e pouco se fala sobre isso”, enfatiza.

 

EPT: conexão com o mundo do trabalho

De acordo com o Censo Escolar 2023, na Educação Profissional e Tecnológica o número de matrículas em cursos técnicos ultrapassou a marca de 2,4 milhões. Um resultado relevante, mas ainda distante da meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que propõe triplicar o número de estudantes na modalidade de ensino.

Para o pesquisador do INEP, quando se trata de ampliação de EPT, é fundamental considerar que tipo de cursos serão ofertados. “A oferta precisa estar alinhada com o projeto de desenvolvimento tecnológico dos municípios, estados e país, em suas diversas áreas. Hoje, em localidades que recebem turistas, os principais eixos tecnológicos com demanda no mercado são o de turismo e hospitalidade e infraestrutura, por exemplo”, diz Moraes.

Outro fator que dificulta o impulsionamento da EPT no Brasil está relacionado à permanência dos estudantes na formação. “Precisamos aumentar a taxa de conclusão das ofertas, prover meios para que os jovens concluam o ensino com qualidade”, diz Moraes.

A modernização das estruturas curriculares para aproximá-las do mundo do trabalho é uma das formas de fazer isso. “Seja pelos currículos mais atualizados ou pela proximidade com as empresas, com a expansão de oportunidades de estágio e primeiro emprego. São maneiras de manter os jovens no mercado de trabalho”, indica o pesquisador do INEP.

 

Melhor desempenho em sala de aula

Dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021, divulgados pela plataforma QEdu, revelam que os estudantes da Educação Profissional e Tecnológica  apresentam desempenho superior em Língua Portuguesa (57%) e Matemática (17,9%) em comparação aos que frequentam o Ensino Médio regular (31,3% e 5%, respectivamente).

Gustavo Moraes aponta que isso acontece devido ao fato de a EPT aproximar o estudante ainda mais dos temas aprendidos em sala de aula. “A educação neste caso é mais contextualizada, cheia de significado. O estudante tem a oportunidade de ver o que se aprende sendo aplicado na prática”, esclarece.

Os resultados positivos que começam em sala de aula se estendem para a vida profissional. De acordo com o estudo “Potenciais efeitos macroeconômicos com expansão da oferta pública de ensino médio técnico no Brasil”, realizado pelo Insper e pelo Itaú Educação e Trabalho, um aumento de jovens matriculados no EPT significa maior empregabilidade e salários mais altos para os formados.

Desafios e perspectivas para a ampliação da EPT

Mesmo com os entraves para que a oferta da EPT seja ampliada a cada vez mais estudantes, é preciso reconhecer a evolução e os avanços da modalidade conquistados nos últimos anos. É o que acredita Alexandra dos Santos, Gerente de Projetos Educacionais da Fundação Telefônica Vivo. “Quando a gente olha a curva que tivemos, mesmo passando por uma pandemia, houve um avanço e um investimento significativo para esse crescimento”, explica.

Por outro lado, Alexandra pontua ser essencial identificar os desafios que impedem a expansão da EPT e considerar estratégias para superá-los.

“É preciso olhar para critérios e metodologias para a definição dessa oferta. Além disso, é urgente se pensar em políticas públicas que engajem profissionais para a docência e o que tange a Educação Profissional e Tecnológica para a formação para sala de aula”, afirma.

Em resumo, a mobilização para ampliação do EPT no Brasil deve ser um compromisso de todos. Esse também foi um dos diagnósticos da pesquisa O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras, realizada pela Fundação Telefônica Vivo e parceiros. O documento indicou que a ampliação da oferta de matrículas da modalidade deve ser uma das dimensões prioritárias na agenda de atores estratégicos, incluindo governos e órgãos públicos, instituições de ensino, empresas, organizações da sociedade civil, universidades e instituições de pesquisa e organizações juvenis.

 

Qualidade em foco

Um levantamento feito pelo Todos pela Educação, em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, Instituto Natura e Instituto Sonho Grande em 2022, ouviu jovens do Ensino Médio de escolas públicas e revelou que 98% dos estudantes concordam (totalmente ou em parte) que deveria haver opções de formações voltadas para o mercado de trabalho.

Trazer as juventudes para o debate pode não só aproximá-las do EPT, como também promover mecanismos para que essa modalidade seja oferecida com mais qualidade.

“É necessário olhar para o que querem esses jovens que já estão no Ensino Médio. Mas também para aqueles que estão no 9º ano e não têm informação sobre educação profissional. Além disso, falar mais sobre a EPT com esses estudantes para que a busca por essa modalidade de ensino também aumente”, declara Alexandra.

Para que haja ampliação qualificada da oferta da EPT, Alexandra diz ser necessário olhar para além da expansão da modalidade, tendo foco na sua realização.

“Temos um trabalho aqui na Fundação Telefônica Vivo que olha para a implementação de Ciência de Dados em escolas públicas e como podemos contribuir para que o currículo atenda aos requisitos do Plano Nacional de Educação (PNE). Ou seja, atuando com a formação de educadores, auxiliando no acompanhamento da implementação e mobilizando estudantes”, finaliza.

Quais os caminhos para ampliar a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) aos estudantes brasileiros?
Quais os caminhos para ampliar a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) aos estudantes brasileiros?