Lançamento de parceria com programas da Fundação Telefônica Vivo reuniu estudantes, educadores, comunidade e autoridades
Na manhã de terça-feira, 20 de fevereiro, uma movimentação na porta do Colégio Estadual Norma Ribeiro, em Salvador, chamou atenção de uma moradora do bairro de Arenoso, na periferia da cidade. “Vou tentar uma vaga aqui para o meu filho”, disse a mulher ao segurança.
O alvoroço era devido ao lançamento do Programa Inova Escola na Bahia, fruto de uma parceria da Fundação Telefônica Vivo com o governo do Estado. O colégio é a primeira escola de Ensino Médio no país a receber apoio do Inova Escola, além de já ser parceiro, também de forma inédita, do Pense Grande, que desde 2017 aplica no Norma Ribeiro sua metodologia de difusão do empreendedorismo social.
O lançamento foi celebrado em uma grande festa, que reuniu estudantes, educadores, comunidade e autoridades. Em seu discurso, Americo Mattar, diretor presidente da Fundação Telefônica Vivo, lembrou que a principal tecnologia não é o computador e nem a conectividade.
“A principal tecnologia é o humano, o professor em sala de aula, as pessoas e o engajamento da comunidade e dos alunos. Sem isso, não há tecnologia que dê conta. Esse projeto nasce hoje com um grande futuro”, disse.
Em linha com os desafios da atualidade para o desenvolvimento de uma educação de mais qualidade no Brasil e de uma sociedade mais justa e sustentável, a Fundação Telefônica Vivo criou em 2013 o Programa Inova Escola, unindo-se a escolas inovadoras de diversas regiões do país para incentivar o uso de tecnologias digitais em seus diversos contextos e modelos de ensino e aprendizagem. Clique aqui e saiba mais.
Inova Escola
Assim, por meio da união com o Inova Escola, o colégio passa a desenvolver e implementar inovações educacionais que potencializem a aprendizagem e conectem a educação pública com as competências do século XXI. E também dá continuidade à metodologia Pense Grande, propondo novos projetos de empreendedorismo social em parceria com os estudantes.
A diretora da escola, Graça Novais, reconheceu que a Norma Ribeiro sempre foi marcada pelo seu pensamento inovador. “A expectativa sobre o que vem por aí é grande. Sempre há uma descoberta para alargar nosso olhar e motivar o trabalho pedagógico”, comentou.
“A educação vai mudar quando famílias e professores se envolverem e quando os alunos acreditarem que eles podem”, disse o governador Rui Costa sobre o desejo que outras escolas da Bahia sejam tão inspiradoras quanto a Norma Ribeiro.
O Secretário de Educação Walter Pinheiro sugeriu que cada instituição de ensino irá encontrar sua própria forma de inovar, de acordo com o perfil e necessidades de sua comunidade.
“Computadores e ferramentas são fundamentais, mas inovação é ter coragem de mexer em sua estrutura de aula tradicional. Escola inovadora é a que permite a interação entre as pessoas”, disse o secretário.
O encontro resultou na assinatura de um termo de parceria entre a Fundação Telefônica Vivo e o Governo do Estado da Bahia, e na alteração oficial do nome da escola para Norma Ribeiro, antigo Colégio Estadual Antônio Sérgio Carneiro.
Pense Grande
Além da oficialização da parceria, o evento contou com a celebração dos alunos em uma Mostra Cultural. Houve números de dança, exposição de desenhos e a apresentação dos projetos do Pense Grande desenvolvidos por alunos do colégio estadual.
Integrantes do programa também falaram sobre a experiência em uma roda de conversa mediada por Monique Evelle, ativista do movimento negro e uma das idealizadoras do Desabafo Social.
Confira a seguir os depoimentos dos jovens participantes do Pense Grande:
Para Luã Silva, 16 anos, inovar na educação é sair da zona de conforto. Tamires Moreira, 16 anos, concordou e contou que nunca havia pensado em cursar uma faculdade, antes de participar do Pense Grande.“Eu achava que iria trabalhar com qualquer coisa depois de terminar a escola, mas hoje quero estudar odontologia. O programa me fez acreditar em mim”, disse.
Adriana Batista é um bom exemplo de perseverança. Aluna do segundo ano do Ensino Médio Noturno, ela tem 37 anos e acredita que nunca é tarde para inovar. O mesmo aconteceu com Natan Santana, 18 anos, que disse que não tinha foco, antes de participar do Pense Grande. “Agora estou começando a construir o meu projeto de vida.”
Diego Santos, 27 anos, é ex-aluno do colégio e formado em psicologia há dois anos. Ele montou uma biblioteca com títulos de autores negros e participou da conversa com os alunos.
“Quando entrei na faculdade, senti uma carência de não me enxergar naquele espaço. Não quero que vocês passem pelo mesmo. Por isso criei a biblioteca”, disse Diego, que também acredita o Pense Grande é uma ferramenta para empoderamento.
Esses estudantes são moradores de um dos bairros mais violentos de Salvador. Chegando ao destino, o colégio é cercado por casas simples e o policiamento é constante. Mas a maior riqueza desses jovens é o poder de reflexão e de inovação. Uma história inspiradora que começa a ser reconstruída na nova Norma Ribeiro.