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A Educação Física Inclusiva prevê a participação de todos os estudantes, com ou sem deficiência, nas atividades esportivas. Saiba como trabalhar essa inclusão nas escolas

#Educação#Inclusão

Criança faz movimento com os braços sentada em uma cadeira de rodas

Redução do sedentarismo, mais força e resistência muscular, melhora do equilíbrio, agilidade, coordenação motora, estimulação do desenvolvimento cognitivo, raciocínio, atenção, disciplina e cooperação são alguns dos inúmeros benefícios da prática esportiva na formação infantojuvenil.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por exemplo, recomenda que crianças e adolescentes pratiquem todos os dias pelo menos uma hora de atividade física. Crianças com deficiência, que não têm restrições médicas, devem praticar semanalmente 300 minutos de esportes, segundo a SBP.

As práticas esportivas durante a infância devem ser trabalhadas de forma lúdica, de acordo com a educadora física Jaqueline Pinto. “Criança precisa ser criança. Então brincadeiras são o carro-chefe para o maior desenvolvimento infantil”, explica. A profissional é especializada na prática de exercícios para pessoas com deficiência ou que tenham algum tipo de mobilidade reduzida. Existem duas modalidades de Educação Física voltada para alunos com deficiência: a Educação Física Adaptada e a Educação Física Inclusiva.

Em linhas gerais, na atividade adaptada o estudante com deficiência pratica exercício físico separado dos colegas e na inclusiva todos os alunos participam da mesma atividade proposta.

Surgimento da modalidade

O esporte adaptado surgiu no fim da Segunda Guerra Mundial, na Inglaterra. A prática foi introduzida como parte do tratamento dos soldados em reabilitação. Assim foram realizados os Jogos de Stoke Mandeville, a primeira competição em cadeiras de rodas. A atividade motivou a realização dos Jogos Paralímpicos, que hoje ocorrem de quatro em quatro anos. É considerado o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência.

A Educação Física Adaptada chegou ao Brasil na década de 1950, com o basquetebol em cadeiras de rodas. Aos poucos, isso foi tornando os benefícios da prática esportiva acessíveis para qualquer indivíduo, além de ser inserida no contexto escolar. No entanto, a inclusão ainda não estava presente. Estudantes com deficiência continuaram a ser separados dos seus colegas nas atividades.

Já a Educação Física Inclusiva surgiu no País com a proposta de participação de todos os estudantes nas mesmas práticas. O seu principal objetivo é garantir o desenvolvimento não só dos alunos com deficiência, mas de todas as crianças. E o convívio é um fator fundamental para que isso seja possível.

Educação Física Inclusiva na prática 

Quando falamos em Educação Inclusiva, o esporte tem um papel importante. O exercício físico tem potencial para estimular a cooperação e valorização daquilo que é diferente. Esses são pilares importantes na construção da inclusão.

É fundamental que os professores de Educação Física flexibilizem as regras do esporte para criar práticas inclusivas, segundo Jaqueline. “Se o professor tem uma cabeça aberta ao novo e aos desafios, ele vai conseguir lidar bem com qualquer aluno que aparecer na sala de aula”, afirma.

Veja abaixo algumas atividades de Educação Física Inclusiva que buscam a participação de todos.

O impacto da prática esportiva com inclusão 

Qualquer pessoa pode e deve praticar esportes. Jaqueline Pinto compartilha que certa vez atendeu uma criança que usava muletas para caminhar. Logo que o conheceu, o menino afirmou à educadora física que não gostava de brincar. “Ele fechou a cara, franziu a testa, cruzou os braços, levantou o tom de voz e disse: ninguém brinca comigo, então não gosto de brincar”, conta.

A educadora começou a trabalhar com o pequeno, que foi se desenvolvendo gradativamente com a prática esportiva. Ele iniciou na natação e no basquete em cadeira de rodas. “Depois de alguns anos, fiquei sabendo pela sua mãe, que ainda me escreve, que ele nunca mais aceitou ficar fora das aulas de Educação Física, como também continua sua prática esportiva no basquete”, comemora Jaqueline.

Menos competição e mais inclusão 

A prática esportiva é excludente? “Infelizmente sim”, lamenta o atleta Renato Cruz.

Tanto ele quanto a educadora física Jaqueline apontam que a exclusão existe quando olhamos para o esporte apenas a partir do seu caráter competitivo. Quando o único fim do esporte é vencer, as pessoas “menos habilidosas” são excluídas. “Quantas vezes você foi o último a ser escolhido no time da escola ou então nem foi escolhido? Pense no seu histórico de práticas esportivas, o quanto você gostava do esporte, mas ninguém deixava você participar, pois era ‘ruim’, ou então te colocavam no gol”, provoca a educadora.

Olhando por esse lado, vemos que não são somente as crianças com deficiência que estão sendo excluídas. Por exemplo, às vezes em uma turma há alunos com sobrepeso ou com baixa visão. “É preciso trabalhar as potencialidades dessas crianças”, pontua o atleta Renato.

Segundo ele, os educadores devem reconhecer as características da turma e pensar em práticas pedagógicas para a inclusão de todos, assim como em todas as outras disciplinas escolares.

“O mais importante é a interação social e o desenvolvimento motor em si. Sem essa obsessão pela vitória tudo se tornará inclusivo”, defende Jaqueline.

“Cada um tem o seu tempo e o seu momento. Somos todos diversos e diferentes. Esse é um aprendizado para o esporte, mas também para a vida”, afirma Renato.

Como praticar a Educação Física Inclusiva nas escolas?
Como praticar a Educação Física Inclusiva nas escolas?