Alunos contam como alguns professores marcaram as suas vidas e proporcionaram lições valiosas
Professores são importantes para qualquer aluno. Seja para aprender, para se sentir parte da sociedade ou mesmo para definirem sua identidade, os estudantes enxergam os professores como uma grande referência em suas vidas. É o que aponta a pesquisa Juventudes e Conexões,disponível para download gratuitamente.
A escola, também é apontada pelo estudo comoa instituição mais importante na vida da juventude, onde o professor ocupa papel essencial. “Acho que é o processo de socialização, o ser humano entra em um ambiente totalmente diferente e passa a construir sua pessoa com a interação no meio. A escola é o primeiro lugar coletivo no qual você se questiona e começa a se organizar”, afirmam jovens participantes da pesquisa.
Para especialistas ouvidos pelo estudo, a relevância da interação e da função social da escola é a principal hipótese para que o professor seja uma das grandes referências para os jovens, ao lado dos familiares.
A pesquisa Juventudes e Conexões, que ouviu mais de 1.400 jovens entre 15 e 29 anos das cinco regiões do Brasil, revelou que professores e educadores são agentes importantes para os jovens aprenderem (para 61% dos entrevistados), participarem da sociedade (40%), empreenderem (45%) e decidirem quem querem ser (45%).
A escola ou faculdade também aparecem como referências institucionais mais importantes para jovens no Brasil, ainda mais quando o que está em jogo é aprender (60%) e decidir quem quer ser (56%).
Em quem jovens se inspiram e confiam? Quais são as instituições que os ancoram e orientam? Onde buscam informações, diretrizes e conhecimento?
Os dados citados acima revelam o quão importantes são os vínculos e relações estabelecidas nas escolas. E é nesse cenário que os educadores podem contribuir com aprendizados que vão além das disciplinas convencionais, agregando valores, habilidades e competências que fazem a diferença na vida de qualquer pessoa, como pensamento crítico, empoderamento, autoconfiança e persistência.
Inspirados pela importância dos educadores nesse processo, três alunos contam quais os professores que mais marcaram as suas vidas. Confira os relatos a seguir!
“Ela faz a gente pensar de forma crítica”
“O primeiro nome que penso ao falar de educadores que mais me inspiraram é o da professora de inglês,Margarete Carvalho. Uma pessoa negra como eu, que foca em questões de identidade racial, de gênero e outras que são importantes. Além disso, ela apresenta narrativas para que a gente possa observar a vida com um olhar crítico.
Ela é inovadora, uma professora revolucionária que faz com que a gente questione as coisas e se questione também, pensando sobre o nosso valor na sociedade. Comecei a estudar com ela há três anos, a partir do primeiro ano do Ensino Médio.
No ano passado, criamos um dicionário em inglês sobre termos relacionados a identidades, citando personalidades como Angela Davis e Simone de Beauvoir, e por meio disso conheci esses termos e agora sei falar sobre temas como identidade de gênero e empoderamento. A professora também apresentou assuntos como afrofuturismo, que tem relação com tecnologia. Tudo isso atrelado às lições de inglês.
Acho que na sociedade em que vivemos, temos que caminhar para a inovação. Continuar num método antigo, no qual os alunos só consomem o que o professor fala e escreve na lousa, não é bom. A Margarete faz diferente, promove discussões e faz a gente pensar.
Tenho um projeto de startup de comunicação visual, quero entrar em um curso superior na área e trabalhar com audiovisual. O empoderamento que a professora Margarete abordou é muito importante, porque mostrou que mesmo eu, uma pessoa negra e de classe baixa, tenho chances na vida e sou capaz de fazer. E ouvir isso dela me faz perceber que posso chegar mais longe”.
Maurício Santos, 18 anos, aluno do 3º ano do Colégio Estadual Norma Ribeiro (Salvador/BA)
“O que mais aprendi com ele foi persistência”
“O professor Max Ribeiro, que hoje é coordenador pedagógico, foi o primeiro professor de história e geografia que tive na escola. Ele é do tipo que faz de tudo por um aluno. Este ano tentarei uma vaga para o curso técnico de Administração do Tecnopuc, e o professor me dá muita força para isso. Ele que me falou sobre a vaga nesse instituto federal, me levou lá para apresentar um trabalho, me ajudou a preencher os formulários eme dá conselhos.
O professor dá o máximo de si em tudo o que faz, além de gostar muito de conversar com os alunos. A maioria dos professores nos diz para não desistir, mas ele passa essa mensagem de forma mais clara. A persistência foi o que mais aprendi com ele.”
Luana Fraga, 15 anos, aluna do 9º ano , EMEF Zeferino Lopes de Castro (Viamão/RS)
“É alguém que te motiva a cada dia”
“Dois professores marcaram muito a minha vida. Uma deles é a professora Ana ClaúdiaDavóglio. Ela me dá aulas particulares de inglês há três anos. O que a diferencia de outros professores é a forma como trata os alunos, com um carinho enorme! Ana é uma professora incrível, extremamente paciente e uma amiga de coração.
Ela me impulsiona a fazer o que quiser e mostrar que sou capaz. Me apresenta um mundo enorme, com todo tipo de gente, com teatros, cinema, eventos, museus, sempre com intenção de possibilitar meu crescimento. Ela acredita que se você fizer o bem, isso voltará para você.
Outro professor marcante foi Israel Vasconcelos, meu professor de história e geografia no 7º ano. Tive aula com ele durante todo o ano letivo. Quando estava prestes a ir para o 8º ano, recebi a notícia de uma possível reclassificação para ir ao 9º. Fiquei muito feliz e passei a me dedicar mais ainda aos estudos para passar na prova de reclassificação. O Israel me apoiou e acreditou em mim desde o princípio.
É alguém que me motiva, me põe pra cima e me faz acreditar no meu potencial. Com ele aprendi valores que me fazem pensar a vida sempre de uma maneira positiva, ainda que realista. Todos passamos por fases de insegurança, medo, preguiça e acomodação, mas o Israel me faz acordar e tirar essa onda de negatividade. Todos precisam de alguém assim!”.
Gabriela Santana, 14 anos, aluno do 9º ano da EMEF Campos Salles (São Paulo/SP)