Entenda a importância desse novo componente curricular previsto na BNCC e como ele pode ser trabalhado junto aos estudantes durante as aulas.
As principais mudanças no Novo Ensino Médio passam pela aplicação de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para todos os estudantes, estabelecendo um conjunto de competências e habilidades a serem aprendidas. Um dos principais componentes obrigatórios dessa reforma está na construção de projetos de vida, por meio dos quais os estudantes definem, com o apoio da escola, objetivos pessoais, acadêmicos, profissionais e como cidadãos.Além de ter um espaço próprio no currículo, a temática também deve ser trabalhada de forma transversal entre as disciplinas. Segundo Hanna Cebel Danza, doutora em Psicologia e Educação pela Universidade de São Paulo e professora no Instituto Singularidades, o tema projeto de vida apareceu na BNCC como diretriz do Ensino Médio, sem especificidades de implementação, o que pode gerar dúvidas nos educadores.“Entender o conceito nos ajuda a determinar um horizonte formativo. O objetivo não é que todos os estudantes tenham formulado um projeto de vida super específico ao final do Ensino Médio. Queremos que sejam capazes de criar projetos que tenham sentido. Precisamos ajudá-los a promover recursos em suas trajetórias”, aponta Hanna Danza.No final de junho, ela participou de uma live com educadores da rede estadual da Bahia, que estão passando por uma formação continuada sobre projeto de vida com apoio do programa Pense Grande, da Fundação Telefônica Vivo. Na ocasião, foram levantadas questões relevantes sobre esse novo componente curricular e como ele pode contribuir para uma formação mais completa dos estudantes, mantendo-os interessados na escola.
A importância da elaboração de um projeto de vida
As principais contribuições para os estudantes, e até mesmo para os educadores, passam por dar sentido aos objetivos, proporcionar uma visão coesa de si mesmos e reforçar a busca por prosperidade.“A juventude é uma fase de muita exploração de limites e padrões e comportamento e ter um projeto traz estabilidade para saber onde pisar. Outro ponto é que os jovens com projeto de vida têm um índice mais alto de autoestima e boa troca entre pares e familiares”, enumera a professora Hanna Danza.O período final do Ensino Médio sempre envolve muita angústia e iniciar essa reflexão precocemente faz com que a escolha profissional seja feita de uma forma criteriosa e responsável, traz autoconfiança e segurança. Para Hanna, é possível começar a trabalhar alguns conceitos ainda no Ensino Fundamental, levando as crianças a refletirem sobre objetivos em curto prazo e conceitos como desejos e vontades.“Quanto mais refletem o que desejam, mais facilidade encontram para inserção no mundo adulto, seja em termos de trabalho, seja em relações humanas mais satisfatórias”, aponta a especialista em Educação. Um constante aprendizado também para o professorO professor não precisa chegar pronto para trabalhar com os alunos e é fundamental que haja oferta de formação continuada para o desenvolvimento de competências também para os educadores. Ainda que o projeto de vida esteja presente de forma transversal no currículo escolar, é necessário dar autonomia e protagonismo aos estudantes.“Todo sonho é possível de ser realizado. O negócio é adotar um método. Por exemplo, treinar a escuta e respeitar a característica do outro. Não é terapia de grupo, é trabalhar do ponto de vista pedagógico”, explica Hanna Danza.
Por fim, a especialista do Instituto Singularidades recomendou que mesmo este contexto de educação a distância devido à pandemia do coronavírus não impeça que o projeto de vida seja abordado com os alunos. “Se pensarmos que o futuro vai nos oferecer menos que o presente, vamos nos fragilizar”, conclui.Baseados na apresentação da professora Hanna Danza, elaboramos alguns infográficos para ajudar a trabalhar o tema junto dos estudantes. Confira!