O componente Projeto de Vida traz aos estudantes uma oportunidade a mais de desenvolvimento integral, com tempos, espaços, conteúdos e práticas que os apoiem na reflexão sobre seus futuros possíveis. Saiba mais!
O novo Ensino Médio chegou com a expectativa de adequar os modelos de ensino-aprendizagem aos novos contextos e características da sociedade atual. A terceira e última etapa escolar pode ser considerada a ponte que conecta o estudante da Educação Básica à universidade e ao mundo do trabalho. Entretanto, a partir deste ano, todo estudante passa a contar com um novo elemento para ajudá-lo nessa fase marcada por escolhas e transições: a construção do Projeto de Vida.
O Projeto de Vida é um dos componentes curriculares incorporados pelo Novo Ensino Médio e previsto como uma das competências gerais na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Por meio dele, estudantes poderão refletir, com o apoio da escola, sobre seus objetivos pessoais, acadêmicos, profissionais e sociais.
Além de ter um espaço próprio no currículo, a temática deve ser trabalhada de modo transversal pelos educadores das demais disciplinas. Assim, será possível estimular o jovem a desenvolver diferentes habilidades e estratégias para construir e alcançar suas metas.
Nesse sentido, práticas, espaços de escuta e acolhimento e exercícios de autonomia podem ser parte das dinâmicas dos componentes curriculares da formação geral básica. Assim como da parte flexível do currículo.
Como resultado, o jovem deve sair da Educação Básica apropriado de conhecimentos, instrumentos e atitudes que o apoiem na construção de seu Projeto de Vida. Bem como nas atualizações que ele terá ao longo de sua vida, a partir de escolhas conscientes, oportunidades e interesses, protagonizando sua história.
Qual é o papel do educador na construção do Projeto de Vida?
Todo educador é um mediador no processo de formação integral do jovem, desenvolvendo nele não apenas suas habilidades acadêmicas, mas preparando-o para a vida.
Sem dúvida, é uma experiência constante de autoconhecimento e desenvolvimento, em um espaço repleto de possibilidades para exercitar a capacidade de ouvir e compreender pontos de vista, respeitando a bagagem de vivências e os valores do jovem.
Para a diretora do Instituto Inspirare e especialista em Projeto de Vida, Anna Penido, o educador é quem provoca cotidianamente o estudante a despertar seus desejos e a refletir sobre os caminhos necessários para chegar aonde pretende. Ambos, educador e aluno, saem transformados dessa experiência.
“O professor de Projeto de Vida não vai ser um transmissor de conhecimento, que vai dizer o que o aluno deve fazer. Será aquele que vai mediar, facilitar e ser um mentor para que os estudantes façam suas escolhas e reflexões individuais e coletivas. Junto dos alunos, os educadores vão se conectar também com seu propósito, fortalecendo seus Projetos de Vida”, explica Anna.
No entanto, a responsabilidade do Projeto de Vida não pode ser somente de quem conduz as atividades desse componente curricular.
“A escola como um todo é responsável. Os professores precisam entender que contribuem para a construção do projeto de vida dos estudantes a partir do momento que apresentam conhecimentos, que trabalham suas atitudes e que vão prepará-los para fazer boas escolhas, para terem autonomia e consciência em relação ao presente e ao futuro”, destaca.
Por onde o professor pode começar?
• Autoinvestigação: o primeiro passo para o educador pode ser iniciar um percurso de construção de seu próprio Projeto de Vida. Ou seja, resgatar a própria história e mapear suas motivações, entendendo o que o fez chegar até o presente momento e se tornar a pessoa e o profissional que é hoje.
• Planejar as aulas: exercitar a escuta ativa dos estudantes para analisar, rever e adaptar as ações pedagógicas é essencial. Isso também vale para aulas de Projeto de Vida. Por isso, todo planejamento deve ser construído de maneira dinâmica, com boa dose de resiliência e flexibilidade para incorporar as adequações que se fizerem necessárias, conforme contexto, necessidades e interesses do grupo de estudantes.
• Metodologias: metodologias ativas de aprendizagem – como Aprendizagem por Projetos/Problemas, Movimento Maker, Design Thinking, Gamificação, entre outras – proporcionam o protagonismo dos estudantes e incentivam a construção do conhecimento de maneira autônoma e participativa por parte destes.
• Propor caminhos mais significativos: reconhecer que cada estudante estabelece uma relação específica com a ideia de Projeto de Vida. Nesse contexto, será preciso compreender os diferentes tipos de projetos de vida e refletir sobre a proposta de criação ou adaptação de ações pedagógicas que beneficiem as turmas.
Fonte: Projetos de Vida e Juventude – Caminhos para educadores que apoiam a construção de projetos de vida de jovens brasileiros
Publicação Projetos de Vida e Juventudes
Para apoiar os educadores nessa jornada da construção do Projeto de Vida, a Fundação Telefônica Vivo, por meio do Programa Pense Grande, desenvolveu a publicação Projetos de Vida e Juventudes – Caminhos para educadores que apoiam a construção de projetos de vida de jovens brasileiros.
O material organiza as principais questões teóricas e práticas sobre o tema, apresentando-as de modo que sirvam tanto para serem lidas na íntegra quanto para serem objeto de consultas pontuais.
“O documento traz um contexto amplo para o educador compreender como o Projeto de Vida se tornou parte da educação brasileira e a razão disso. Oferecemos algumas indicações metodológicas para que o professor saiba como fazer. A ideia é que ele tenha autonomia na criação do próprio planejamento, articulado com o currículo do estado no qual ele leciona. Mas que tenha um suporte para pensar em como estruturá-lo ”, explica a Professora Dra. Hanna Cebel Danza, supervisora de conteúdo da publicação.
Dessa maneira, a publicação aborda temas que estimulam um conjunto amplo de habilidades. Entre elas, o autoconhecimento e aquelas relativas às competências sociais e produtivas para apoiar o estudante na capacidade de aprender ao longo de sua vida.