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Precursora da educação inclusiva, Dorina Nowill dedicou a vida a abrir caminhos para os direitos das pessoas cegas ou com baixa visão. Conheça sua trajetória!

#Educação#Educadores#Inclusão

Imagem mostra Dorina Nowill. Ela é uma senhora idosa, está usando óculos escuros e uma camisa na cor rosa claro. Ao fundo, é possível ver uma mesa com um vaso de flores brancas em cima.

Vencer na vida sempre foi sinônimo de resistência para a educadora Dorina Gouvêa Nowill (1919-2010). “É lutar quando tudo parece adverso”, dizia. Mas em uma época em que a inclusão não estava no centro dos debates, a ativista paulistana abriu caminhos para os direitos das pessoas cegas ou com baixa visão no Brasil.

Quando perdeu a visão, aos 17 anos, recusou-se a aceitar as limitações impostas a ela pela sociedade. Ao passo que Dorina foi a primeira estudante cega a frequentar um curso regular de magistério. E decidiu trabalhar para que todas as pessoas pudessem se desenvolver com autonomia.

Assim nasceu a Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Atualmente, a organização leva o nome da sua fundadora. De acordo com Dorina Nowill, era impossível pensar em educação para pessoas cegas sem dar esse primeiro passo. Na década de 1940, quando a Fundação foi criada,  livros, placas, cardápios e catálogos de estabelecimentos comerciais não contavam com nenhum tipo de acessibilidade.

“Ela sentiu na pele a dificuldade de estudar sem livros em braille. O propósito de Dorina era priorizar a produção e distribuição de livros acessíveis. De tal forma que o direito à educação fosse assegurado às crianças cegas”, complementa Regina Lopes, assistente social da área de Serviços de Apoio à Inclusão da Fundação Dorina Nowill.

Educação Inclusiva

De acordo com Regina, as ações mobilizadas pela ativista foram precursoras no Brasil do que hoje conhecemos como educação inclusiva. Em 1953, através de sua atuação junto a Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo, conseguiu aprovar uma lei que permitiu a integração de estudantes com deficiência visual em classes regulares.

“Dorina não apenas queria garantir o direito à educação. Mas também a mobilidade, a reabilitação e a empregabilidade para pessoas cegas. Então, isso fez com que ela despertasse a atenção de órgãos internacionais. E representasse o Brasil em diversos congressos no exterior”, relembra Regina.

Depois de mais de seis décadas à frente das discussões em prol da equidade, não demorou até que a filantropa se consagrasse como Dama da Inclusão.  “Quem recebe, tem que dar. O metro quadrado que você ocupa tem de produzir e render para a sociedade”, afirmava a educadora.

 

Dorina Nowill: confira momentos marcantes de sua trajetória 

Dama da Inclusão e precursora de direitos 

A aprovação de leis de inclusão e a disseminação do termo capacitismo foram acendendo alertas  importantes para a sociedade. No entanto, muito antes desse movimento, Dorina Nowill conduzia ações para que esses debates não fossem necessários. Afinal, para ela as pessoas com deficiência não deveriam precisar de tais leis.

“Dorina conseguia se colocar em todos os espaços sem precisar de leis específicas. E acreditava que as pessoas deveriam ser reconhecidas por suas competências. Não por suas deficiências. Sendo assim, priorizava o desenvolvimento da autonomia e da liderança em todos os projetos que criava”, conta Regina Lopes.

Por outro lado, pondera a especialista, Dorina Nowill não desconsiderava a necessidade de preparar empresas, instituições de ensino e professores para receber adequadamente pessoas com deficiência visual.

“Embora ainda tenhamos muito para avançar no que se refere às  tecnologias assistivas e à acessibilidade, a maior barreira é o preconceito. Um dos maiores legados de Dorina foi assumir, com protagonismo, o papel de educadora, administradora, ativista, voluntária, filantropa, esposa, mãe e avó”, conclui Regina.

O impacto duradouro de Dorina Nowill 

Ao longo dos últimos 70 anos, a Fundação Dorina Nowill preserva e dá continuidade ao trabalho de sua fundadora. Além de operar a maior imprensa braille da América Latina, promove iniciativas  de acesso à educação, informação, autonomia e empregabilidade.

Cerca de 89 mil  livros foram produzidos e distribuídos gratuitamente em formatos diversos. Por exemplo,  áudio, digital acessível, fonte ampliada e braille. E mais de 7 mil educadores brasileiros foram impactados por palestras e cursos de especialização em educação inclusiva.

Já o programa de reabilitação da Fundação ofereceu serviços para 18 mil pessoas com deficiência visual e seus familiares. No mercado de trabalho, a organização atua capacitando pessoas cegas. Além disso, cria bancos de dados e oferece consultoria para que as empresas contratantes possam recebê-las.

“Mais do que uma Fundação, Dorina deixou oportunidades para que as pessoas cegas e de baixa visão vivessem com dignidade. E para as pessoas que enxergam, ela deixou uma grande lição de vida”, define o site da organização, reforçando a missão de propagar o impacto duradouro de Dorina Nowill.

Quem foi Dorina Nowill, a educadora que lutou pelo direito de pessoas cegas à educação
Quem foi Dorina Nowill, a educadora que lutou pelo direito de pessoas cegas à educação