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A 11° edição do Festival Social Good Brasil reforçou a importância de democratizar a educação em dados na próxima década. Saiba como foi o evento

#Educação#Educadores#PenseGrandeTech

Imagem mostra o palco onde aconteceu o festival social good brasil, com quatro palestrantes sentadas. Há telões e também é possível ver a plateia

O que queremos alcançar com as tecnologias digitais? A partir dessa pergunta, o Social Good Brasil iniciou sua trajetória em 2012. Desde então, a organização trabalha com a missão de humanizar o uso da tecnologia em prol das causas sociais e ambientais. Dez anos depois, o questionamento ganha mais uma camada. Como promover uma educação em dados que prepare cada vez mais pessoas para viver em uma sociedade digital?

Este foi o tema central da 11º edição do Festival Social Good Brasil, que ocorreu entre os dias 01 e 05 de novembro. Com o mote “Seu passaporte para a próxima década”, o evento trouxe palestras, oficinas e apresentações culturais para refletir sobre a construção de um novo ecossistema de transformação digital.

“Atualmente, todos temos que lidar com um exponencial volume de dados. Por isso, trazer essa discussão para dentro das escolas públicas é urgente. Não apenas para formar profissionais do futuro, mas para preparar cidadãos que saibam tomar decisões responsáveis com base em dados”, reforça Fernanda Bornhausen, cofundadora do Social Good Brasil.

Durante os cinco dias de festival, foram mais de 48 horas de conteúdo gratuito. Pela primeira vez após a pandemia, o evento ocorreu de forma híbrida, com programação on-line e presencial. Além disso, toda a programação contou com audiodescrição, tradução em libras e legendas para convidados internacionais, expandindo as possibilidades de acesso.

Assim como nas edições anteriores, o Festival SGB contou com apoio de parceiros como a Fundação Telefônica Vivo, Engie, Ambev Voa, entre outros. A seguir, confira os principais destaques do evento.

Educação em dados: um futuro que já chegou 

Nos dias 04 e 05 de novembro, o Festival Social Good reuniu empreendedores, pesquisadores, educadores e artistas no Sesc Cacupé, em Florianópolis (SC). Durante os encontros presenciais, a discussão girou em torno de um futuro que já se faz presente. Sobretudo no que diz respeito ao impacto das tecnologias digitais na educação e no mercado de trabalho.

“Imagine explicar para alguém, há 15 anos, o que faz um gestor de mídias sociais ou um operador de drone! A tecnologia está avançando rapidamente, de modo que as profissões e as formas de viver já não são mais as mesmas. Sendo assim, aprender, desaprender e reaprender se tornaram as palavras-chave do momento”, aponta Jéssica Rangel, mestre em Empreendedorismo e Inovação. Ela participou da mesa Ciência de Dados – Como preparar os estudantes para as demandas de uma sociedade digital, promovida pela Fundação Telefônica Vivo.

Segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial, divulgado em outubro de 2020, a estimativa é de que até 2030 existam 150 milhões de empregos na área de tecnologia. Entretanto, a mesma publicação alerta para um número insuficiente de profissionais com conhecimento adequado para preencher esses postos de trabalho.

Nesse sentido, o órgão internacional atualiza constantemente as competências necessárias para formar o cidadão do século XXI. Em menos de um ano, habilidades como programação e gestão de dados passaram a integrar essa lista, ao lado de outras como criatividade, aprendizagem ativa, raciocínio lógico, inteligência emocional e pensamento crítico.

“Portanto, o nosso desafio é formar jovens que saibam identificar as oportunidades que as tecnologias digitais trazem, ao mesmo tempo em que mensuram o impacto que elas causam no mundo. Isto é, precisamos oferecer uma formação multidisciplinar, crítica e empreendedora para os nossos estudantes”, conclui Jéssica.

 

Ciência de Dados na escola pública 

Ainda durante a mesa Ciência de Dados na Escola Pública – Como preparar os estudantes para as demandas de uma sociedade digital, Letícia Vieira, diretora de ensino da Secretaria de Educação de Santa Catarina, apresentou um exemplo prático de como integrar a Ciência de Dados de forma transversal no currículo escolar das escolas públicas.

“Em Santa Catarina nós temos o 4º maior polo tecnológico do Brasil, que gerou mais de 5 mil empregos no setor em 2021. Consequentemente, os três cargos mais almejados pelos estudantes estão relacionados à Ciência de Dados. Apesar disso, não tínhamos sequer um curso técnico de Informática ofertado em escolas públicas”, explica.

Então, buscando oferecer alternativas aos jovens catarinenses, a rede firmou uma parceria com a Fundação Telefônica Vivo a fim de implementar o primeiro Itinerário de Formação Técnica e Profissional em Ciência de Dados no currículo do Novo Ensino Médio.

“A estimativa é que, em 2023, a gente alcance 30 unidades e finalize a implementação de  250 espaços makers nas escolas públicas. Não podemos aceitar que, em um mundo cada vez mais baseado em dados, os estudantes não tenham nenhum contato com essa realidade”, afirma Letícia.

Além de Santa Catarina, o projeto foi implementado na rede de Mato Grosso do Sul. “Embora o curso ainda seja experimental, esperamos que ele chegue a todas as escolas do Brasil. Sem dúvida, democratizar a educação em dados vai ser importante para todas as profissões, mesmo aquelas não relacionadas à tecnologia”, reforça Lia Roitburd, Gerente de Projetos da Fundação Telefônica Vivo, que participou da mesma mesa.

“Acima de tudo, queremos disseminar o conhecimento em Ciência de Dados para que os estudantes possam ampliar o leque de oportunidades e escolhas de carreira no futuro. Afinal, só podemos fazer escolhas conscientes quando conhecemos todas as possibilidades”, finaliza Lia.

Mas, afinal, o que Ciência de Dados tem a ver com educação?

Seja na vida cotidiana ou no mercado de trabalho, a Ciência de Dados está presente de forma transversal na realidade dos cidadãos do século XXI. Dessa forma, o desenvolvimento de competências digitais passa a ser essencial tanto para estudantes quanto para educadores.

“A educação tem três papéis prioritários: construir habilidades para a vida, para a cidadania e para o mundo do trabalho. Uma vez que as tecnologias perpassam todas essas frentes, investir em políticas públicas em prol de uma educação digital significa incluir mais pessoas nos espaços de decisão e criação de soluções tecnológicas”, afirma durante o evento o gestor de projetos educacionais, Americo Mattar.

Para isso, Americo reforça que é importante partir da rede pública de ensino. Afinal, é onde estão cerca de 80% dos estudantes brasileiros. “Ao integrarmos as competências digitais no currículo das escolas públicas, estaremos dando mais um passo rumo à democratização do letramento digital no Brasil”, acrescenta.

À medida que os estudantes encontram uma aprendizagem significativa para o contexto em que estão inseridos, passam a ver sentido na escola.  Ao mesmo tempo, ampliam as possibilidades de tomar decisões conscientes sobre seus projetos de vida. “Assim, também respondemos a outros dois grandes desafios: a evasão escolar e a empregabilidade”, complementa Americo.

Por outro lado, para que competências como pensamento computacional, programação e gestão de dados sejam implementadas na escola, é preciso garantir a formação continuada dos professores. “Definitivamente, a tecnologia não substitui o professor. Ela apenas o transforma em um ator ainda mais relevante dentro de sala de aula. Visto que ele passa a ser curador e mediador na construção de um conhecimento crítico”, conclui.

Impacto da educação em dados na empregabilidade 

Mais de 80% dos estudantes da rede pública de ensino têm interesse por uma formação técnica profissionalizante. Além disso, 43% deles demonstram interesse no curso técnico em Ciência de Dados.

É o que aponta uma pesquisa encomendada pela Fundação Telefônica Vivo e realizada pela Integration Consulting (consultora de estratégia), Offerwise (pesquisa de consideração dos alunos) e Ideia (pesquisa de aderência das empresas), em julho de 2021.

“Por isso, é tão importante que a escola apoie o desenvolvimento do pensamento crítico e computacional. Por outro lado, as empresas também ocupam papel fundamental na formação dos profissionais que já estão inseridos no mercado atualmente. A educação em dados tem de estar integrada à educação básica e corporativa”, opina Luciana Nabarrete, diretora administrativa da ENGIE, no painel “Humanização Digital – Como apoiar que a evolução tecnológica caminhe junto com a evolução da nossa humanidade”.

De acordo com a executiva, para além de uma formação técnica, as empresas devem buscar equilíbrio entre pessoas, processos e tecnologias. “A humanidade não pode ficar à serviço do digital, tem de ser o contrário. Sobretudo durante a pandemia, descobrimos as possibilidades que a tecnologia nos traz e a falta que a interação entre os pares nos faz. Uma educação em dados também passa por entender mais sobre o impacto positivo que geramos na vida das outras pessoas”, conclui.

Festival SGB 2022 discute como promover uma educação em dados
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