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A rede municipal de ensino de Viamão (RS) e uma escola de Manaus (AM) abriram caminhos para a educação inclusiva, aproveitando os recursos do Projeto Aula Digital para complementar as atividades desenvolvidas no dia a dia para alunos com deficiência

Imagem mostra crianças dentro da sala de aula manuseando tablets do projeto Aula Digital

Um dos temas considerados prioritários pelos especialistas para alcançar uma educação de qualidade e igualitária no país é o investimento em educação inclusiva. Para que a inclusão funcione na prática, os educadores responsáveis por atender essas necessidades precisam estar bem preparados para explorar as potencialidades dos estudantes com deficiência. É nesse sentido que a formação de professores torna-se fundamental para garantir iniciativas inovadoras que beneficiam o processo de ensino-aprendizagem integral.

Pensando em como contribuir para esta prioridade, a Secretaria de Educação de Viamão (RS), em conjunto com a Fundação Telefônica Vivo, convidou 39 coordenadores e educadores da rede municipal para participarem de uma formação utilizando os materiais e recursos oferecidos pelo Aula Digital. Para realizar o encontro, o município contou também com a Hard Fun, parceira-executora do projeto, e a professora da PUCRS (SME), Cleo Sorgen.

AULA DIGITAL

Com o objetivo de criar oportunidades de acesso para os estudantes brasileiros, o projeto Aula Digital oferece ferramentas tecnológicas e metodológicas por meio da formação de professores, gestores e coordenadores pedagógicos. Parte do programa global de educação ProFuturo, da Fundação Telefônica Vivo, o Aula Digital atua em cinco territórios e já beneficiou cerca de 190 mil estudantes.

Todos que participaram desta formação em fevereiro de 2020 atuam, com o apoio de estagiários, nas chamadas Salas de Recursos, equipadas para atender às necessidades dos cerca de mil estudantes diagnosticados com algum tipo de deficiência na rede municipal. Dentre as salas de recursos disponíveis, há três salas de especializadas em Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e uma sala especializada em deficiência visual e auditiva.

Os educadores tiveram a oportunidade de refletir sobre as práticas pedagógicas adotadas por eles no dia a dia e trocar experiência com os colegas de outras escolas.

Ao construir planos de ação e acessar ferramentas e dicas para incluir os equipamentos tecnológicos recebidos na maleta do Aula Digital (tablets, notebooks, tela de projeção), os participantes conseguiram montar atividades interativas e diversificadas, que auxiliam no desenvolvimento dos estudantes com alguma necessidade especial.

“É de extrema importância a formação para os professores que trabalham com alunos PCD (Pessoa com Deficiência), para que eles consigam ajudar no desenvolvimento de cada um dentro de suas potencialidades. Nesses espaços de formação há muita troca, reflexão e aprendizado que permite um trabalho eficaz”, diz Clarissa Santos, assessora do setor de Educação Especial da Secretaria de Educação de Viamão.

Imagem mostra diversos professores sentados, dentro de uma sala de aula, reunidos em grupos

Desafios superados pela especialização

O Plano Nacional de Educação (PNE) regulamentou orientações e diretrizes em relação à educação inclusiva no Brasil, organizando os investimentos e o acesso obrigatório à Educação Básica por crianças e adolescentes com deficiência. A partir das novas determinações, em 2014, as escolas regulares passaram a incluir estudantes com deficiência nas turmas, no intuito de promover o convívio entre os alunos.

A educadora e assessora da Secretaria de Educação de São Paulo, Débora Garofalo comentou sobre os desafios desta prática no dia a dia das escolas em artigo para a Rede Peteca. Além de pontuar o papel de cada escola na construção de um ambiente de desenvolvimento que atenda às necessidades dos estudantes, ela chamou a atenção para a importância do preparo dos educadores.

Levando em consideração esse cenário, a vice-diretora e pedagoga Tatiana Noal, que trabalha na Sala de Recursos da EMEF Humberto Campos, em Viamão, destaca a importância da especialização e formação continuada de professores. A educadora, que participou da formação na Secretaria de Educação, comentou sobre o impacto desse encontro para facilitar o trabalho cotidiano dos educadores e complementar o acolhimento oferecido pelo espaço das Salas de Recursos.

“A formação do Aula Digital foi de grande valia, pois nos apresentou uma ferramenta pedagógica excelente, que nos apoiará no trabalho com nossos alunos na Sala de Atendimento Educacional Especializado. Aprendemos a elaborar as aulas na plataforma, montamos CANVAS, dinâmicas em um ambiente descontraído e de aprendizado que fará a diferença em nosso ofício com os estudantes com deficiência”, conclui.

Abrindo caminhos para a educação inclusiva

Imagem mostra um jovem escrevendo em um caderno enquanto segura um cartão com um desenho na outra mão

Além de Viamão, algumas escolas da rede de Manaus (AM) — o primeiro território a receber o Aula Digital — também estão abrindo caminhos para a educação inclusiva. Um exemplo de boa prática aconteceu na Escola Municipal General Aristides Barreto em 2020. Decidindo atender as demandas da comunidade,  a instituição abriu a primeira turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA)  para estudantes com deficiência.

O professor Juciney Mendonça de Araújo, 38 anos, leciona há 17 anos em escolas públicas da rede e tem especialização em educação inclusiva. Ainda assim, quando a diretora Patrícia Karla lhe fez a proposta de trabalhar com a primeira turma de educação especial, ele sentiu-se ansioso e não deixou de questionar se conseguiria superar as barreiras da falta de recursos para desenvolver um bom trabalho.

“Como a EJA funciona em segmentos e fases, temos um currículo diferenciado. Além disso, os nossos educandos estão em fases diferentes do desenvolvimento. É um desafio porque você precisa dar atenção para todos, produzir os recursos, preparar metodologias lúdicas e concretas que conversem com a realidade deles e trabalhar individualmente no planejamento de cada aluno”, diz Juciney.

Ainda assim, o educador conta que, à medida que as primeiras aulas foram acontecendo, esses desafios foram superados com a ajuda de ferramentas fundamentais. Logo no início do dia, os estudantes passam por um momento de boas-vindas, seguido de música e videoclipes para criar um clima descontraído e confortável. A partir de então, as atividades são desenvolvidas. Elas envolvem desde o trabalho de coordenação motora, até a criação de materiais pelos próprios alunos. Estes são usados para alfabetização, no entendimento do sistema solar, das horas e regiões do Brasil, por exemplo.

“É aqui que entram as ferramentas do Aula Digital. Elas são essenciais porque facilitam muito a alfabetização e as atividades desenvolvidas em sala de aula, suscitando a curiosidade, despertando o interesse dos estudantes e contribuindo efetivamente no processo de ensino-aprendizagem da turma”, afirma. “Já vejo uma evolução bastante significativa com o uso das mídias tecnológicas, os alunos respondem bem e estão gostando muito!”.

Levando em consideração os desafios e os avanços, Juciney reforça a importância de formações de professores abrangentes e eficientes, que ofereçam recursos e experiências de especialistas em diversas áreas, para que a educação inclusiva se desenvolva de maneira transformadora para os estudantes com deficiência.

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