Filme “Educação presente para o futuro” reúne projetos que têm inovado a educação no Brasil. O documentário também conta com a participação de especialistas, educadores e estudantes falando sobre educação e tecnologia.
Um instigante passeio pelos conceitos inovadores de educação. Esta certamente é a melhor definição para o documentário “Educação presente para o futuro”, dirigido pela jornalista Patrícia Travassos. O filme apresenta projetos educacionais que acontecem em escolas de vários estados do Brasil. E, por meio dos educadores e estudantes destes projetos, é mostrado como a escola vem sendo transformada pelo uso da robótica, da gamificação, da inteligência artificial, além da realidade aumentada, da sala de aula invertida, entre outras práticas educacionais.
Tecnologias são fundamentais, mas a educação inovadora parte das pessoas
Embora a maior parte de seus 72 minutos seja dedicada às tecnologias digitais na educação, o filme começa com uma imagem aérea de crianças jogando queimada numa rua de terra. E então, na sequência, estas crianças fazem uma fila para entrar na sala de aula improvisada da Escolinha da Esperança, na cidade de Coelho Neto, interior do Maranhão. Na porta, elas são recebidas pela professora Érica Simão. Surpreendentemente, Érica tem apenas 12 anos e criou a escolinha ao perceber que, durante a pandemia, muitas crianças da região estavam sem acesso algum à educação. Para isso, coletou livros usados, restos de lápis e móveis recolhidos pela mãe, que é catadora de recicláveis. Com isso, a menina começou a dar aulas para 23 crianças de 12 famílias da comunidade.
Patrícia Travassos explica por que decidiu iniciar um documentário sobre inovação na educação mostrando uma sequência que nos remete à exclusão. “Nós escolhemos começar com imagens da Érica, e de sua Escolinha da Esperança, para mostrar que a inovação está acima de tudo nas pessoas, não nas tecnologias. Pois, mais importante é a conexão da escola com o entorno.”
O presente aponta o futuro da educação
Do barraco de parede de barro e chão de terra batida do interior do Maranhão, a narrativa segue para o Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Lá, ao passo que vários jovens ativistas passeiam pela exposição “As tendências para o amanhã”, eles falam sobre como pensam a educação do futuro. Inicia-se então, uma costura bem desenvolvida entre os depoimentos destes jovens, falas de especialistas e experiências vivenciadas nas escolas.
A diretora do documentário conta que a ideia do projeto nasceu de uma constatação encontrada ao procurar uma escola para sua filha. Nesta busca, ela percebeu que muitas instituições de ensino ainda são resistentes ao uso de tecnologias digitais. “As escolas precisam ensinar as nossas crianças a dominarem as tecnologias, não as proibir”, explica Patrícia. Porque em uma sociedade totalmente atravessada por tecnologia digital, a escola precisa ser a base orientadora de um uso positivo destas ferramentas, acredita.
Educadores, especialistas e as visões sobre educação inovadora
Ao longo do documentário, especialistas falam sobre inovação na educação. Dentre eles estão Luciana Allan, do Instituto Crescer; Paulo Blikstein, da Escola de Educação da Universidade de Stanford; Luciano Meira, da Joy Education e Grupo Proz. Além disso, também aparecem os educadores Debora Garofalo e Carlos Lima, entre outros.
“Tivemos a consultoria técnica da Luciana Allan. Assim, ela nos ajudou a pensar nos especialistas, educadores e projetos que deveriam estar no filme”, conta Patrícia. “O protagonismo dos estudantes também foi um cuidado pensado pela produção.”
O Brasil tem muitos exemplos de projetos inovadores na educação
Entre os projetos que aparecem no documentário, estão o Imprensa Jovem, da rede municipal de São Paulo; o projeto de robótica com sucata, da rede estadual de São Paulo; projetos de games na educação, da Escola Estadual Cícero Dias, em Recife; Escola Mais, em São Paulo-SP .
Os projetos escolhidos mostram que as tecnologias digitais não são uma realidade apenas das escolas privadas da elite, mas também são possíveis e estão presentes em escolas públicas, explica Patrícia. “Pequeno Cabra da Peste (game desenvolvido por alunos da Cícero Dias), Imprensa Jovem e robótica com sucata são projetos que mudam a vida dos estudantes, da escola e do entorno da escola. Além disso, todos acontecem em escolas públicas”, ressalta
Onde assistir?
“Educação presente para o futuro” teve seu pré-lançamento durante a Bett Brasil 2022, maior evento de educação e tecnologia da América Latina, realizada entre 10 e 13 de maio em São Paulo. Ainda que sem data de lançamento nos cinemas, o documentário já está disponível no site www.doceducacao.com.br, na íntegra, para quem estiver interessado em fazer um rico passeio pelas experiências brasileiras de educação inovadora.