Com o apoio da Fundação Telefônica Vivo, “Educação Já 2022” propõe prioridades para a agenda educacional na próxima década
O documento “Educação Já 2022” apresenta diagnósticos e caminhos para orientar a atuação das gestões eleitas em 2022 e a agenda educacional do Brasil na próxima década. Capitaneado pelo Todos pela Educação, o material colheu contribuições de especialistas e organizações – entre elas a Fundação Telefônica Vivo – para a construção de uma agenda sistêmica para a Educação Básica brasileira.
Entre as ações listadas para mitigar os efeitos imediatos da pandemia na educação, está a promoção da inclusão digital. De acordo com o documento, “é urgente investir na inclusão digital no país, que ainda conta com milhões de estudantes sem acesso à conectividade e a dispositivos digitais.”
Atualmente, 25% das escolas públicas não possuem acesso à internet, segundo o Censo Escolar 2020. E, mesmo nas escolas que têm acesso, 70% dos professores sentem dificuldade em utilizar a tecnologia na sua prática, devido à baixa velocidade da conexão (Cetic, 2020). Ainda conforme o Censo Escolar, 39% das escolas sequer têm banda larga.
Tecnologia nas escolas: investimento emergencial
Coordenador de políticas educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo aponta que o período de isolamento imposto pela pandemia deixou claro o potencial do uso de tecnologia na educação. E, sobretudo, tornou emergencial o investimento em ferramentas e plataformas que permitam impulsionar a conectividade. “Perdemos muito tempo com as escolas fechadas. Para recuperar esse atraso, o ensino híbrido será fundamental para que estudantes façam atividades e sigam aprendendo sem estar necessariamente no espaço escolar”, observa.
Dessa forma, a tecnologia é trazida como eixo transversal ao longo das dez medidas propostas pelo “Educação Já 2022”, que defende como a gestão pública precisa tratar o tema “com as devidas relevância e prioridade e ter planos estratégicos. Para que assim as tecnologias virem realidade em todas as escolas, apoiando o avanço da qualidade e da equidade na Educação.”
Como exemplo de sucesso no uso de políticas públicas em prol da tecnologia escolar, Ivan cita o caso do Paraná. O estado se estruturou com rapidez diante dos desafios do ensino remoto, implementando o uso de ferramentas como o Google Class e o Redação Paraná. Aliás, ambas as ferramentas apoiam na correção de redações usando Inteligência Artificial. Também foram distribuídos dispositivos para professores e estudantes, expandindo a conectividade das escolas. “Se compararmos entre 2018 e 2022 o que todos os estados tinham em relação à tecnologia escolar, o avanço é gigantesco. Mas o Paraná tem uma visão mais sistêmica em torno da tecnologia”, aponta.
Formar o cidadão digital
Ivan cita que, superada a necessidade primordial de garantir a inclusão digital de 100% das escolas, o impacto do uso da tecnologia no desenvolvimento dos estudantes será mais visível. “Precisamos que eles desenvolvam competências digitais. Hoje, para o jovem se inserir na vida em sociedade e no mercado de trabalho, a tecnologia estará presente, e ele precisa dominar isso”, afirma.
Adicionalmente, a tecnologia potencializa o aprendizado das disciplinas do currículo. “Para formar o cidadão digital, porém, ainda precisamos dar esse primeiro passo de infraestrutura.”
“Educação Já 2022” e o diálogo com governos e candidatos
O documento “Educação Já”, publicado em 2018, tinha como foco principal influenciar as tomadas de decisão do Ministério da Educação (MEC) e do governo federal. De acordo com Ivan, a intenção da agenda atualizada para 2022 é dialogar mais com os governos subnacionais. “Em quatro anos, aconteceu muita coisa na educação. Nesse meio tempo, estados e municípios avançaram muito e a ideia é que o ‘Educação Já 2022’ sirva como subsídio para as próximas gestões construírem seus planos estratégicos”, comenta.
Nas próximas semanas, o material enfim será apresentado aos principais candidatos ao governo em 14 estados definidos como prioritários. Enquanto isso, também será realizada uma articulação com os presidenciáveis em torno da agenda proposta.