A relação de uma professora com o ensino a distância foi fundamental para reaproximá-la da sua vocação. Confira como ela usou a tecnologia em seu favor!
“Se a tecnologia está aí, é preciso caminhar com ela”, acredita educadora.
A relação de uma professora de Barretos (SP) com o ensino a distância foi fundamental para reaproximá-la da sua vocação.
Para uma educadora que precisou se afastar da sala de aula, a saudade é inevitável. Mas a vontade de aprender e de ensinar é ainda maior. E persiste na vida de Sandra Cardoso Ferreira Recco, professora de Barretos (cidade a 421 km de São Paulo). Por meio de cursos online, Sandra encontrou uma maneira de resgatar o sentido da sua profissão.
Há mais ou menos dez anos, ela enfrentou um problema de saúde que provocou a perda completa da capacidade auditiva em um dos ouvidos. Foi confrontada, então, com a necessidade de uma readaptação, passando a trabalhar na secretaria escolar. Apesar de ter sido desencadeada por uma limitação física, a mudança não restringiu a sua atuação. “As professoras brincam que sou o SOS da escola. Ajudo em tudo! No pedagógico, na montagem de uma mídia ou tecnologia, na parte de secretariado, no lançamento de notas, enfim, faço de tudo um pouco. E acabo aprendendo muito.” E, além do trabalho na escola, Sandra transmite o conhecimento das aulas a distância em casa, ao lado do marido, que atua como professor de Matemática, e da filha Laura, que está sendo alfabetizada.
No início, fizeram-lhe falta o preparo das aulas e o contato com os alunos. “Mesmo com uma indisciplina cada vez maior e um respaldo cada vez menor dos pais de alunos, eu senti muito quando deixei as salas de aula”, relata. No entanto, como a escola na qual trabalhava garantia o espaço e o acesso necessário, ela sabia que não era uma questão de deslocamento. “Sempre tive a oportunidade de ajudar onde quisesse.” Por isso, Sandra atribuiu esse “vazio” a uma ausência mais abrangente: saudade de estudar.
Neste período, os cursos online ajudaram a resgatar o sentido da sua profissão. “Gostaria de ter ido atrás de um mestrado, mas vieram o casamento, duas gestações, e o mestrado não aconteceu. Foi quando encontrei o curso a distância, o que para mim é ótimo: é prático, o horário pode ser o seu e ainda é melhor que o presencial, pois te transforma em um autodidata.”
Sem medo de errar
“No começo, apanhei para usar as plataformas, mas depois peguei gosto”, comenta, com sotaque típico da sua região natal, lembrando que o receio de errar é um ponto em comum entre muitos colegas: “é uma coisa que eu não perdi totalmente, mas descobri que, se errar, basta tentar de novo”.
O leque de cursos da educadora vai desde um curso sobre gênero e diversidade na escola, realizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), passando pelo curso de tecnologias ProInfo, do Ministério da Educação, e pelo curso de tecnologia da informação e comunicação acessíveis da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Na Plataforma de Escolas Rurais Conectadas, da Fundação Telefônica Vivo, foi aluna dos módulos de quadrinhos digitais, matemática para as séries iniciais, tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas escolas e outros. “Agora, tenho a intenção de fazer o curso sobre avaliação (para quê e como avaliar), que também achei interessante”, indica.
Sandra reconhece que, no começo, selecionar os cursos que se quer fazer, diante da grande oferta, pode não ser uma tarefa tão simples. Por isso, recomenda que o tema do curso coincida com um tema presente na vida do aluno-professor – “e isso é algo que só cada um pode saber de si”. “Tem aqueles cursos que são de interesse pessoal e aqueles que você precisa fazer para melhorar a sua prática. No caso dos cursos de tecnologia, por exemplo, acho que são as duas coisas: tem de fazer, e eu gosto”, pondera.
Para ela, o ensino a distância – em especial no que diz respeito às tecnologias em sala de aula – é um recurso fundamental para o professor. “Nada voltará a ser como antes, então é preciso caminhar junto. Se a tecnologia está aí, tem que ser professor com ela”, defende. O valor das atividades e dos conhecimentos que adquire nos cursos, em sua opinião, está em tornar as coisas mais interessantes, para o aluno e para o educador. “Saí das salas de aula por um motivo de saúde, mas continuo ativa, usando outros recursos”, afirma.
Difusão do conhecimento em casa e na escola
O lugar onde Sandra atua hoje permite que ela vá além da lousa disponível em sala de aula, propondo e sugerindo novas formas de atuação para os colegas da escola, para o esposo e para a filha. “Fiz uma nuvem de palavras para a disciplina de Geografia, junto com a professora da classe, a partir da qual os alunos formaram pares de estados e capitais e fizeram relações com o que estavam aprendendo”, relata, referindo-se à atividade proposta pela Plataforma de Escolas Rurais Conectadas.
“No curso de Matemática, que é uma área que adoro, fiz a atividade com a minha filha. Apresentei a ela o material dourado, passei a composição dos números e registrei o momento com fotos”, conta. “No caso do curso de tecnologia acessível, em que uma das tarefas era fazer um livro de áudio para ajudar às crianças com dificuldade visual, usei como base um livro infantil pop-up sobre os animais da fazenda e minha filha me ajudou a fazer as vozes quando eles apareciam na página”, sugere Sandra, demonstrando sua vontade de se manter conectada à educação.