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Professores de Etecs se aprofundam no tema do empreendedorismo social e incentivam os estudantes a vivenciarem uma jornada empreendedora em sala de aula, por meio da metodologia do Pense Grande.

No primeiro semestre de 2019, cerca de 80 educadores de 30 Escolas Técnicas de São Paulo (Etecs) participaram da formação de Multiplicadores de Professores do Centro Paula Souza, uma iniciativa que oferece ferramentas para que os educadores trabalhem o tema de empreendedorismo social em sala de aula e ampliem o potencial transformador dos jovens, além de ser uma nova maneira de engajá-los.

A capacitação foi realizada em quatro encontros e se baseou na metodologia do Pense Grande, programa da Fundação Telefônica, em parceria com Centro Paula Souza, que apoia jovens no desenvolvimento de competências empreendedoras e na criação de empreendimentos sociais que transformem suas vidas e comunidades.

Nos encontros, o grupo de educadores conheceu novas metodologias ativas e descobriu outras possibilidades de ensino. Aos poucos, eles foram se familiarizando com ferramentas como World Café, Ikigai e Canvas, aprenderam a criar modelos de negócios sustentáveis e colocaram a mão na massa em busca de soluções empreendedoras.

“Foi incrível ver como alguns professores, acostumados aos modelos tradicionais, começaram a se abrir para um ensino mais inovador, com novas formas de avaliação, como o formato pitch ou o desenvolvimento de sites e aplicativos como alternativa aos trabalhos escritos dos alunos”, descreve a parceira executora das formações do programa Pense Grande, Thayná Monteira, da Impact Hub.

Reinvenção na sala de aula

Era a primeira vez que a maioria dos educadores entrava em contato com a cultura empreendedora. Foi o caso do professor de química Fabio Rizzo de Aguiar, da Etec Irmã Agostina. “Não tinha familiaridade com a criação de um modelo de negócios. Nunca tinha pensado no empreendedorismo social como uma ferramenta para as minhas aulas”, conta.

O professor não só se apropriou de todas as ferramentas da metodologia Pense Grande como ajudou seus estudantes do curso de administração a criarem diversos projetos. A experiência, segundo Fabio, ajudou a estreitar sua relação com os estudantes.

“Ao discutir com os alunos, histórias e relatos foram surgindo. Aos poucos, as relações foram amadurecendo e até mesmo os mais reticentes se aproximaram e contribuíram com ideias. A mudança foi sentida até nas aulas dedicadas ao conteúdo do componente curricular. Todos estão mais participativos e engajados”, diz Fabio.

Formadora do Pense Grande, que aplica conceitos de empreendedorismo social em sala de aula, está em pé, ao lado de mesa com grupo de três jovens que ouve atentamente.

Mudança de postura e comprometimento

A empolgação diante da novidade tomou conta dos estudantes de Solange Vasconcellos, da Etec São Mateus. No fim do processo, a professora ficou surpresa por encontrar uma turma mais disciplinada e menos envergonhada para apresentações em público. “Foi desafiador lidar com a ansiedade dos estudantes ao falar sobre cada ferramenta que seria aplicada. Aos poucos, eles foram se adaptando à metodologia”, relata.

Quem também notou mudanças nas atitudes dos estudantes que tiveram contato com a metodologia do Pense Grande foi a professora Tania Maria Bernardes de Almeida, da Etec Benedito Storani. “A cada aula, os alunos compartilharam suas experiências, fomentando a troca de ideias. Eu senti maior envolvimento, menor reclamação e fluidez na hora de apresentar os projetos. As apresentações se tornaram mais rápidas e criativas”.

Segundo a metodologia, todas as ferramentas devem ser realizadas dentro de um determinado tempo. Fazer com que os estudantes cumprissem os prazos foi um dos desafios relatados pela maioria dos docentes.

“Os alunos passaram a trabalhar com maior foco e dedicação e, o principal, apresentavam seus resultados dentro do prazo, com muita qualidade”, afirmou o professor Fabio Rizzo.

Já Maíra Cezaretto Camargo, professora de Gestão Empreendedora da Etec Albert Einstein utilizou o aprendizado para aprimorar habilidades socioemocionais dos jovens.Ao encontrar algumas dificuldades no relacionamento entre os estudantes, ela não teve dúvidas:

“Eles não se ouviam, tive que fazer um trabalho mais profundo com um dos grupos, pois eles não respeitavam a fala uns dos outros. Depois que comecei a aplicar o Pense Grande para falar de empatia e o trabalho em equipe, o comportamento da sala mudou”, revela Maíra.

Novos caminhos

Os jovens que desenvolveram projetos com professores participantes das capacitações terão a oportunidade de inscrever seus projetos em um edital para participar de um Demoday, que acontecerá dia 27 de setembro.

É o caso da jovem Luma Santos, aluna do 3º ano de Técnico em Nutrição na Etec Benedito Storani, que criou em grupo um projeto para substituir o açúcar refinado pela farinha de uva japonesa e, assim, proporcionar maior qualidade de vida para as pessoas. “Com o Pense Grande comecei a ter uma ideia melhor de como alcançar o público-alvo do projeto e como torná-lo viável financeiramente”, relata.

Serão selecionados 50 melhores projetos. Os grupos responsáveis devem preparar um vídeo apresentando sua ideia e a relevância dela para a sociedade. Depois, dez grupos participarão da premiação final e terão a chance de apresentar seus projetos a uma banca de jurados. Os professores responsáveis também serão premiados.

Educadores apostam no empreendedorismo social em sala de aula para engajar jovens
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