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Conheça as histórias de quem tem Paulo Freire e sua obra Pedagogia do Oprimido como referências para o fazer da educação

#Educação#Educadores

Imagem mostra o educador Paulo Freire. A imagem contém um selo comemorativo ao centenário do educador

Paulo Freire passou a ser considerado, em 2012, por lei, como o Patrono da Educação Brasileira. Seu trabalho é reconhecido mundialmente. Esse grande pensador possui títulos em 41 instituições de ensino, entre elas as universidades de Harvard, nos Estados Unidos, e as de Cambridge e Oxford, ambas na Inglaterra.

O educador criou um método inovador de alfabetização. Método que tem a proposta de ensinar com base na experiência de vida e no cotidiano dos alunos para despertar neles uma consciência crítica sobre a sociedade.

A obra Pedagogia do Oprimido, considerada o livro mais conhecido do autor, defende o papel primordial da educação no processo de conscientizar o povo para que seja capaz de ter senso crítico.

O legado de Paulo Freire continua inspirando profissionais da área que usam a visão do autor para superar os obstáculos no ensino-aprendizagem. Especialmente os desafios impostos nos últimos tempos na educação, como as escolas fechadas, o Ensino Remoto e o uso da tecnologia que é cada vez mais presente no cotidiano escolar.

“Freire me mostrou a educação que dialoga com a realidade”

Imagem mostra a educadora Carla Aragão sorrindo

Carla Aragão entrou na área de educação em 2002, quando foi trabalhar em uma ONG, em Salvador (BA). Se formou, primeiramente, em Jornalismo. Entrou na área da educação como educomunicadora, em projetos sociais. Ela guiava jovens de comunidades em situação de vulnerabilidade.

Foi nesse cenário que ela se apaixonou pela educação. Atualmente, é professora universitária e ainda atua em projetos sociais.
“Tive contato com Paulo Freire na graduação. Fiz um trabalho sobre comunidades digitais e conheci suas primeiras obras. No mestrado, fiz Comunicação para o Desenvolvimento Social. Me aprofundei nas obras freirianas porque o autor concilia a educação com o diálogo”, conta.

Atualmente, ela cursa doutorado em Educação e graduação em Pedagogia. E acredita que Paulo Freire tem tudo a ver com as áreas que ela escolheu para a sua vida. “Ele me ensina a ver que a educação precisa dialogar com o indivíduo constantemente. Ela precisa empoderar sujeitos e os tornar críticos para sua atuação social”, explica.

Para Carla, as ideias inovadoras do autor têm muito a contribuir com o momento atual da educação, para aumentar o interesse dos alunos pela escola.

“Estamos com altos índices de evasão escolar. E quando conversamos com os jovens, eles falam da falta de sentido da escola. Apesar de ela ser o espaço de socialização que eles amam. A estrutura da escola é apontada como algo que não faz sentido, porque não dialoga com a vida. Paulo dizia que precisamos aprender a ler o mundo a partir da escola. Apenas sujeitos emancipados e conhecedores de seus direitos e deveres são capazes de participar e transformar a sociedade”, enfatiza.

“Aprendi com ele que ninguém é um balde vazio”

Imagem mostra o educador Rildo Veras

Rildo Veras é sociólogo, professor e militante de movimentos sociais. Graduado em Ciências Sociais, atualmente leciona em uma escola municipal em Vitória de Santo Antão e também na cidade de Moreno, ambas em Pernambuco.

Desde a infância, ele já sabia a profissão que iria seguir. Por isso, fez a Educação Básica e cursou o magistério na juventude, para se tornar professor.

O contato do militante com os escritos de Paulo Freire aconteceu na adolescência. Ele leu a Pedagogia do Oprimido.

“Eu já participava dos movimentos sociais de juventude. E a partir de vários trabalhos que fizemos em grupo, li essa primeira obra. A Pedagogia do Oprimido nos ensina como os oprimidos podem se organizar. E a partir da luta coletiva, enfrentar as mais diferentes situações de opressão. É um livro ainda muito atual”, acredita.

Paulo Freire era professor de Língua Portuguesa e aplicou, em 1963, um método próprio de alfabetização em Angicos (RN). O projeto foi um sucesso. Foram alfabetizados 300 adultos, em 45 dias. O educador partiu do conhecimento prévio que essas pessoas já possuíam.

O primeiro trabalho de Rildo Veras foi como estagiário em uma escola, na Educação para Jovens e Adultos (EJA). Ele conta que se inspirou no Patrono da Educação para adentrar salas de aula e educar esse público.

“Sempre bebi muito na fonte da construção coletiva do conhecimento. Ele contribuiu com a minha formação e me ensinou a ver o mundo de forma diferente. A entender que o ser humano sempre tem algo a ensinar e a aprender. Ninguém é um balde vazio, sem conhecimento.”

Rildo vê diariamente os desafios de crianças e jovens de cidades nordestinas, que buscam na educação um meio para mudar a dura realidade que enfrentam. “O ato de ensinar é, sobretudo, uma troca. Ninguém ensina sem aprender e ninguém aprende sem ensinar. Eu aprendo todos os dias com meus alunos e me sinto feliz em ajudar a construir todos os dias seres pensantes e críticos”, finaliza.

“Foi um privilégio conviver com o maior educador da história.”

Imagem mostra o professor aposentado Waldir Romero. Ele está sorrindo.

Waldir Romero vive na cidade de São Paulo (SP). Formado em Pedagogia, hoje é professor aposentado. Foi pela identificação com diferentes esportes que ele acabou descobrindo sua grande vocação: educar.

Na carreira de educador, ele já foi coordenador pedagógico, diretor de escola e supervisor escolar. Entre 1989 e 1991, fez parte da equipe técnica da Secretaria de Educação. Foi nessa época que conviveu com Paulo Freire, então secretário de educação na Prefeitura de São Paulo.

“Eu tive o privilégio de estar diariamente com um dos maiores educadores do mundo”, comemora.
Para Waldir, ter trabalhado sob o comando de Freire foi o mesmo que ver todos os escritos de seu ídolo sendo colocados em prática.

“Estar ao lado dele foi um aprendizado de humildade, de relacionamento, de conhecimento, de profundidade, de respeito às diferenças, à cultura local e ao processo educativo. Sua obra se eternizou por saber respeitar. E isso é algo universal. Por isso ele é conhecido no mundo todo. A obra de Paulo Freire é uma perene”, descreve Waldir Romero.

De todos os trabalhos do autor, o professor destaca a Pedagogia da Esperança, que “nos ensina a esperançar e não esperar,” como ele diz. “Devemos continuar na formação permanente para construir pontes. Acreditar no futuro, mas sabendo que só será melhor com a formação de indivíduos críticos”, ressalta.

Waldir acredita que Paulo Freire traz ao educador a consciência que é preciso ouvir o aluno e se aproximar da sua realidade para ajudar a transformá-la.

“Ser educador é uma responsabilidade muito grande. Precisamos ter a humildade de ouvir a comunidade e, junto a ela, construir possibilidades. Se a gente não respeitar o saber cotidiano, nós não vamos a lugar nenhum. Para mim, Paulo Freire é a possibilidade da utopia, do sonho, de que nós vamos juntos mudar essa realidade”, encerra.

Educadores destacam a influência de Paulo Freire em suas carreiras
Educadores destacam a influência de Paulo Freire em suas carreiras