Confira os destaques do primeiro dia do enlightED 2022, que discutiu os caminhos para a inovação da educação pública brasileira
Promover a reflexão e o debate sobre as principais oportunidades e desafios para a educação, em meio às transformações da era digital, foi a proposta do enlightED 2022, realizado nos dias 16 e 17 de novembro. O evento global, on-line e totalmente gratuito é organizado pela Fundação Telefônica e considerado uma das principais conferências mundiais sobre educação, tecnologia e inovação.
Este ano, a conferência global de educação, promovida pela Fundação Telefónica, pela IE University, pelo South Summit e pela Fundação ‘la Caixa”, chegou a sua 5ª edição e contou com a participação de mais de 60 especialistas. O evento foi realizado no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Espanha, Peru, Uruguai e Venezuela. Os conteúdos e os vídeos de todas as palestras estarão disponíveis em breve na plataforma enlightED Talks, que reúne todas as apresentações do evento global, desde a primeira edição.
No Brasil, o enlightED foi realizado pelo segundo ano, com uma programação especial. As mesas e palestras foram transmitidas ao vivo pelo canal da Fundação Telefônica Vivo no YouTube e pelo Terra, diretamente do Teatro Vivo, em São Paulo. Durante o primeiro dia de evento, o debate entre os especialistas teve como foco a construção de um modelo de educação pública mais conectada com as demandas da Era Digital.
“Certamente, a agenda do enlightED tem muito a ver com o propósito da Fundação Telefônica Vivo, que é educar para transformar. Acreditamos que a digitalização pode ser uma aliada desse processo e uma potente ferramenta para a inclusão social. A partir deste encontro, esperamos trazer luz aos desafios e oportunidades para a educação pública brasileira”, reforçou, na abertura do evento, Renato Gasparetto, vice-presidente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Vivo.
Assim, os especialistas em educação, inovação e tecnologia conduziram reflexões sobre temas como inclusão digital para as juventudes, tecnologias digitais para a transformação das escolas e desenvolvimento de competências digitais.
Confira os destaques do primeiro dia do enlightED Brasil:
1- Novos horizontes na educação para as juventudes
O sistema educacional brasileiro está diante de um cenário de desafios. As desigualdades sociais, cada vez mais evidentes, estão entre os principais desafios. É o que afirma José Vicente, reitor da Universidade Zumbi dos Palmares, em sua apresentação no enlightED 2022. Ao passo que problemas como queda nos índices básicos de aprendizagem, evasão escolar e má distribuição de recursos públicos estão no radar de quem discute a educação pós-pandemia.
“Apesar desse conjunto de fatores de risco, os momentos de crise também trazem oportunidades. Sobretudo para pensar esta que é a questão orientadora de todas as demais: a educação. Enquanto ela não for prioridade para o debate público, não avançaremos em campos estruturantes da nossa sociedade”, apontou José Vicente.
Durante o painel “O papel da inclusão digital na construção de novos horizontes para as juventudes”, o professor trouxe um apelo para que a transformação digital na educação leve em conta estratégias que contemplem as necessidades das juventudes, sem distinção de raça, gênero ou classe social.
“A negação do direito à educação se apresentou especialmente para os jovens negros e periféricos que, mesmo antes da pandemia, encontravam na escola um ambiente de hostilidade. Como resultado, nossos estudantes estão deixando a escola. E mesmo aqueles que querem frequentar este espaço, muitas vezes não tem condições de permanecer nele”, explicou José Vicente.
Pensando nisso, o reitor aponta algumas medidas prioritárias para reverter esse cenário. Entre elas estão: busca ativa escolar, democratização do letramento racial e digital, melhor distribuição de recursos para a educação pública e valorização da profissão docente.
“Acima de tudo, precisamos estabelecer um compromisso ético com a educação que queremos oferecer. Assim, a tecnologia e a inovação vão ser aliadas na construção de um país mais igualitário e orgulhoso da sua diversidade”, finaliza José Vicente.
2- Tecnologia como aliada da educação pública
A inclusão digital na educação não pode ser feita sem intencionalidade. Ou seja, precisa estar integrada aos objetivos de recomposição de aprendizagem neste período de retomada às aulas presenciais. É o que comenta Lilian Bacich, diretora da Tríade Educacional, durante a mesa “A tecnologia como aliada para enfrentar os desafios atuais das escolas”.
“Uma vez que estamos de volta à escola, as tecnologias digitais não podem mais ser pensadas de forma isolada. A inovação na educação é muito mais metodológica do que tecnológica. Certamente, são as estratégias pedagógicas que vão garantir resultados efetivos na aprendizagem dos estudantes”, ponderou Lilian.
A especialista em psicologia escolar participou da mesa ao lado de Luciano Meira, professor da Universidade Federal de Pernambuco e cofundador da Joy Education. A mediação foi de Tatiana Klix, diretora do Instituto Porvir.
“Antes de tudo, a transformação digital exige uma mudança cultural na mentalidade das pessoas. Por isso, desenvolver competências digitais em educadores é fundamental para que eles possam usar as tecnologias para apoiar processos de engajamento e personalização”, complementa Luciano Meira.
De acordo com o especialista em metodologias ativas, as tecnologias digitais podem potencializar as três etapas que constituem uma aprendizagem significativa. Elas envolvem engajamento, desenvolvimento de competências e criação de comunidades. Além disso, também ajudam a enfrentar a indisciplina. “Afinal, quando os estudantes encontram uma motivação para aprender, passam a enxergar mais sentido na escola”, acrescenta.
Por fim, Lilian Bacich recomenda aos educadores trazer os estudantes como aliados nessa curva de aprendizagem com o uso de tecnologias. Nesse sentido, ao mesmo tempo que eles assumem papel de protagonismo, também auxiliam os professores nas atividades propostas.
“Assim como as competências socioemocionais, a tecnologia não precisa ser trabalhada em uma aula específica. Ambas devem estar presentes em todas as áreas do conhecimento. Dessa forma, os estudantes desenvolvem competências de forma integral e interdisciplinar”, concluiu a especialista.
3- Educação pública e tecnologia juntas pelo impacto social
Além de potencializar o aprendizado, o uso de tecnologias digitais em sala de aula também pode ajudar a despertar os estudantes para a capacidade que eles têm de gerar impacto social positivo no mundo.
Foi partindo deste princípio que o pesquisador e professor de Matemática da rede pública, Greiton Toledo, decidiu unir Matemática, programação e robótica sustentável para incentivar os estudantes a criarem soluções para problemas reais.
Assim nasceu o Mattics, em uma escola pública do interior do estado de Goiás. O projeto tem como objetivo desenvolver jogos de baixo custo para aliviar sintomas do mal de Parkinson. Uma vez por mês, o professor leva os estudantes para aplicarem as soluções em parceria com especialistas de um hospital local.
“Ao invés de serem apenas reprodutores de conhecimento, eu queria que meus estudantes aprendessem uma Matemática à altura de seu tempo, conectada com problemas reais e à serviço do desenvolvimento de habilidades como pensamento crítico, científico e computacional”, compartilhou Greiton Toledo, durante o painel “Desenvolvimento de competências digitais a serviço do impacto social”.
Em reconhecimento ao trabalho realizado com sua turma no Instituto Federal Goiano, o professor foi selecionado entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize, o prêmio Nobel da Educação.
“Assumi um compromisso inadiável com o avanço social e tecnológico da educação pública brasileira. Isso porque acredito que a escola é o espaço gerador das reflexões que geram impacto social”, resumiu Greiton.
4- Tecnologias digitais para incluir
Embora sempre tenha sido um entusiasta da tecnologia, o professor Doug Alvoroçado só passou a enxergá-la como uma ferramenta de apoio pedagógico quando precisou fazer adaptações para atender às necessidades de seus estudantes surdos.
Nesse meio tempo, ele passou a mapear estratégias para envolver os estudantes e se conectar com eles através da Cultura Maker. Desde então, Doug se especializou em educação inclusiva e trabalha o desenvolvimento de crianças com deficiência a partir de tecnologias assistivas e competências socioemocionais.
“Descobri que dá para fazer muita coisa com pouca ou nenhuma tecnologia. Com os recursos disponíveis, sejam eles analógicos ou digitais, podemos dar os primeiros passos em direção a uma educação mais criativa e inclusiva. Tudo passa por entendermos que a formação de um professor é um processo contínuo ao longo da vida”, afirmou Doug durante a mesa “Como apoiar os professores no desenvolvimento de competências digitais”. O debate foi mediado por Lia Glaz, diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo.
Ainda assim, o mestre em Ensino de Educação Básica reforça que contar com uma infraestrutura e um acompanhamento por parte dos gestores faz diferença no processo de desenvolvimento de competências digitais de educadores.
“De fato, é fundamental contar com uma rede de apoio que te incentive nessa curva de aprendizado. Existem várias comunidades, inclusive on-line, que existem justamente para suprir essa necessidade dos educadores. Afinal, para construir uma educação pública de qualidade no Brasil precisamos trabalhar em regime de colaboração”, afirmou Doug.
5- Como apoiar o desenvolvimento de competências digitais?
“A exemplo de Doug e Greiton, as redes de ensino brasileiro têm muitos professores que inovam diariamente no fazer pedagógico. Contudo, nosso maior desafio é mobilizar políticas públicas para oferecer a todos os educadores a chance de desenvolverem competências digitais continuamente”, apontou Frederico Amâncio, Secretário de Educação de Recife (PE).
Na opinião do Secretário — que também participou da mesa “Como apoiar os professores no desenvolvimento de competências digitais” —, existe um conjunto de ações que precisam ser garantidas pelos dirigentes educacionais para que a cultura digital possa ser inserida na educação de forma qualificada.
“De modo que não basta oferecer infraestrutura tecnológica e formação docente se não há um acompanhamento constante desses educadores pela Secretaria de Educação. Foi o que aprendemos em Recife durante a pandemia”, compartilhou Frederico.
Assim, entre as ações que podem ajudar os educadores, o Secretário destaca a importância da curadoria. Principalmente no que diz respeito aos recursos digitais. “Nesse sentido, buscamos respeitar a autonomia dos educadores, mas ainda assim apoiá-los com ferramentas e orientações de que eles possam dispor no dia a dia”, finalizou.
Clique aqui para assistir às palestras do evento na íntegra.
Digitalização da educação pública
Por acreditar na digitalização como facilitadora de uma sociedade mais justa, humana e inclusiva, a Fundação Telefônica Vivo apoia a educação pública na cultura digital, com o desenvolvimento de competências digitais de educadores e estudantes do Ensino Fundamental e Médio.
Desde formação continuada de docentes até parcerias com Secretarias de Educação, o objetivo é aproximar as escolas públicas da cultura digital. Além disso, a Fundação Telefônica Vivo busca aliar tecnologia e pedagogia de forma transversal no currículo escolar. Conheça alguns dos projetos:
Formação Docente On-line Formação em Ciência de Dados Conteúdos de Tecnologias Digitais