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Larissa Queiroz e Célio Barbosa, professores da rede pública, realizaram as trilhas formativas do programa Pense Grande Tech - Eletivas e inovaram no ensino com tecnologias digitais para quebrar barreiras de aprendizagem

#Educação#Educadores#TecnologiasDigitais

Imagem mostra uma professora negra em primeiro plano, olhando para a câmera. Ela está a frente de um grupo de alunos, que estão usando computadores em sala de aula

Embora a Cultura Digital seja fundamental para a educação do século XXI, ela por si só não cumpre o propósito de formar cidadãos críticos e conscientes. É o esforço empregado pelos professores para potencializar o ensino com tecnologias digitais que garante o verdadeiro impacto na vida dos estudantes.

“Antes de mais nada, eu queria trabalhar com algo em que eu acreditasse. Tive professores tão marcantes na minha trajetória que senti que deveria retornar esse conhecimento. Hoje me encontrei na educação, leciono em quatro escolas públicas diferentes e tenho o privilégio de trabalhar ao lado de alguns educadores que me formaram durante a faculdade”, conta a professora Larissa Queiroz, que descobriu na educação uma maneira de fazer a diferença no mundo.

Formada em Engenharia, a jovem natural da cidade de Alegre (ES) se inscreveu para lecionar disciplinas relacionadas à sua área nos cursos técnicos de Design Gráfico, Energias Sustentáveis e Administração ofertados na grade curricular do Novo Ensino Médio.

A princípio, a professora começou responsável pela disciplina Segurança do Trabalho nessas formações. Mas em 2022 foi convidada para coordenar o curso de Informática para Internet. Foi quando conheceu o programa Pense Grande Tech – Eletivas e se inscreveu para cursar a trilha formativa de Pensamento Computacional.

“A partir de então, entendi que é possível trabalhar o pensamento computacional em todas as áreas da vida, com ou sem o uso de tecnologias. Ao mesmo tempo, contar com esses recursos digitais como aliados no processo de ensino-aprendizagem traz uma facilidade de compreensão que aproxima e engaja os estudantes”, acrescenta a professora.

Algoritmos no dia a dia 

Ainda que dê aulas em quatro escolas públicas do município de Alegre, no Espírito Santo, a professora Larissa consegue tempo para planejar atividades personalizadas para cada turma. E esse é o seu maior desafio para aplicar as metodologias ativas com uso de tecnologias digitais na prática.

“Entretanto, quando recebi o convite para coordenar o curso de Informática para a Internet, encontrei a oportunidade perfeita para trabalhar Pensamento Computacional dentro da lógica dos algoritmos”, relembra.

Primeiramente, a professora escreveu uma série de situações-problema e distribuiu entre os grupos. Desde consertar uma máquina de lavar até fazer um suco, todas as atividades estavam relacionadas a situações do cotidiano. A fim de resolvê-las, os estudantes tinham que pensar em um conjunto de ações e suas possíveis variáveis.

“Por exemplo, eles tinham que dizer quais ferramentas usariam para consertar a máquina ou o passo a passo da receita de suco. Assim, perceberam que a lógica por trás dos algoritmos estava muito mais próxima do dia a dia do que eles podiam imaginar”, explica Larissa.

De acordo com a professora, a atividade também ajudou a construir a confiança dos estudantes. “Foi gratificante ver a evolução deles. Assim como na vida, é tudo uma questão de estruturar uma sequência de ações e avaliar as variáveis”, acrescenta.

Mas não foram apenas os estudantes que passaram a acreditar no próprio potencial de realização.

“Antes de começar a dar aulas, sempre tive receio de correr riscos e me abrir para novas oportunidades. Mas quando eu vejo meus estudantes trabalhando para se superar, isso me inspira a vencer meus próprios medos.”, afirma Larissa, que acaba de iniciar um mestrado em Engenharia Química.

Adaptação para o ensino com tecnologias digitais 

Da mesma forma, o professor Célio Barbosa encontrou nas tecnologias digitais uma forma de integrar habilidades socioemocionais e cognitivas em sala de aula. Após atuar por 18 anos como consultor administrativo, abandonou a iniciativa privada para se dedicar aos cursos técnicos profissionalizantes em escolas de Santa Catarina.

“A educação foi pouco a pouco conquistando espaço no meu coração até que, por fim, passei a me dedicar apenas ao Ensino Técnico a nível médio”, relembra Célio, que trabalhou por dez anos lecionando em cursos de Administração e Comércio.

Com a implementação do Novo Ensino Médio, em 2020, Célio passou a trabalhar nas disciplinas de Cultura Digital e Empreendedorismo. Nessa ocasião, começou a cursar as trilhas formativas do Pense Grande – Eletivas, oferecidas em parceria com a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina.

“Jamais havia passado pela minha cabeça que era possível trabalhar Pensamento Computacional e Programação sem o uso de equipamentos tecnológicos. Com o curso compreendi que é possível adaptar os recursos disponíveis e focar na lógica por trás desses processos”, comentou.

Agora, o professor Célio Barbosa se prepara para um novo desafio: trabalhar com tecnologias inclusivas. Há menos de um ano, ele foi convidado para desempenhar um trabalho voltado para pessoas com deficiência em uma instituição público-privada de Campos Novos (SC).

Ensino com tecnologias digitais para todos 

Uma das lições mais valiosas que Célio aprendeu ao longo de seus mais de dez anos em sala de aula foi que o vínculo entre professores e estudantes é parte essencial do processo de aprendizagem. “Sem dúvida, ter os estudantes como aliados e colocá-los para pensar junto comigo foi o que me permitiu avançar no ensino com tecnologias digitais”, afirma.

Considerando que a ACADAV (Associação Camponovense de Apoio aos Deficientes Auditivos e Visuais) atende pessoas de todas as faixas etárias, essa escuta ativa se tornou ainda mais central. Sobretudo porque é necessário fazer adaptações pedagógicas constantes para suprir as necessidades dos estudantes.

“Antes eu trabalhava o Pensamento Computacional como uma forma de conscientizar os estudantes sobre o uso da tecnologia. Aqui, nossos estudantes aplicam esse conhecimento a tarefas básicas, como se locomover e se comunicar. Assim como fazem com as Tecnologias Assistivas, usadas para ampliar a qualidade de vida deles”, explica.

Com ajuda da educadora Renata Pinheiro, coordenadora pedagógica da ACADAV, o professor Célio criou uma atividade gamificada e desplugada para os estudantes com baixa visão. Em primeiro lugar, os professores construíram um dado com tecido sensorial e um quadrado 6×6 com pequenos boxes demarcados com fita adesiva.

Logo depois, enumeraram os boxes de forma aleatória e orientaram os estudantes a sortearem um número no dado. O objetivo é se locomover pelo quadrado até encontrar um box de encaixe com identificação igual ao resultado retirado no dado. “Assim, os estudantes criam estratégias de mobilidade utilizando o Pensamento Computacional”, acrescenta.

Apesar de a atividade ter sido aplicada com estudantes de três a 13 anos, o professor reforça que ela pode ser adaptada para qualquer faixa etária.

“Trabalhando aqui eu me supero enquanto professor. Pois meus estudantes me mostraram como tornar a tecnologia verdadeiramente inclusiva”, finaliza Célio.

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