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Live realizada pela coalizão Aprendendo Sempre aborda como a modalidade pode ser usada pelas escolas para desenvolver estudantes mais autônomos e protagonistas.

#Educação#EnsinoHíbrido#Parcerias

A imagem é um print da tela mostrando os convidados da live Lilian Bacich e Lucas Rocha

Em 2020, grande parte dos alunos e educadores brasileiros viveram um ano letivo de ensino remoto emergencial. Com a virada do ano e o retorno gradual das aulas em algumas regiões, o Ensino Híbrido ganha destaque. Mas afinal, qual a diferença entre o que vivemos no ano passado e a modalidade híbrida?

Esta foi a primeira pergunta que a educadora Lilian Bacich, referência em ensino híbrido e cofundadora da Tríade Educacional, respondeu durante a live “Ensino Híbrido: entenda o que é e como pode ser usado nas escolas” realizada pela coalizão Aprendendo Sempre. O bate papo, que teve como mediador Lucas Rocha, da Fundação Lemann, ocorreu no dia 3 de março.

“No ano passado as escolas, de uma maneira geral, precisaram alcançar os alunos. Cada rede chegou aos estudantes de diferentes formas. Via TV, rádio, material impresso, ligações… O remoto é isso! Nesta oferta não conseguimos desenvolver a autonomia e protagonismo dos estudantes. Dependeu de como cada família e cada criança lidou com o material que chegou até eles”, introduz Lilian na live da Coalizão Aprendendo Sempre.

Agora existe a possibilidade das crianças ocuparem os espaços físicos das escolas, “e a gente começa a avançar no ensino híbrido”, afirma a educadora no encontro virtual da Coalizão Aprendendo Sempre. Segundo ela, a característica principal do ensino híbrido é ter os alunos pessoalmente nas escolas. “E só a partir daí podem-se desenhar novas estratégias que dê mais voz e centralidade à relação do aluno com o conhecimento, com os colegas e educadores.”

Virtual aprimorado 

A modalidade de ensino híbrido engloba diferentes modelos: rotação por estações, laboratório rotacional e sala de aula invertida são alguns exemplos. Costuma-se chamar de modelos sustentados aqueles que apresentam características do ensino tradicional, sendo mais facilmente adaptado ao modelo de ensino que temos atualmente no país. Como exemplo, estão os modelos rotacionais que são possíveis com todos os alunos presentes em sala de aula.

Já os modelos disruptivos exigem maiores esforços no que diz respeito à adaptação à realidade educacional. Durante a pandemia, no entanto, estes modelos, cujo fio condutor da aprendizagem é o on-line, se tornaram mais propícios. Durante a live, Lilian aponta para um destes modelos, o virtual aprimorado, como uma boa estratégia.

No modelo virtual aprimorado, ou enriquecido, o aluno tem todas as disciplinas ofertadas on-line e vai para a escola uma ou duas vezes por semana discutir o que foi estudado remotamente. “Ele é enriquecido justamente porque ele é enriquecido pelo elemento do presencial, e não porque ele é um digital mais sofisticado”, conta o mediador Lucas Rocha.

“A gente vê o virtual aprimorado com um potencial muito interessante da gente desenvolver roteiros de aprendizagem, que podem ser adaptados à realidade daqueles estudantes. E aí quando o aluno vai para a escola, os professores vão fazer uma avaliação diagnóstica e direcionar o trabalho destes”, diz Lilian

 

O híbrido com alunos menores 

O ensino híbrido é uma abordagem de metodologia ativa que tem como foco o aluno protagonista. Lilian afirma que é importante trabalhar exercícios para se ter uma postura mais autônoma desde os anos iniciais. “Conseguimos fazer isso em qualquer faixa etária. A autonomia só se desenvolve exercitando”, afirma.

As pessoas tendem a questionar qual o papel da família na educação das crianças menores, mas a especialista afirma que não é o de educar a criança. “A família vai fazer o papel de família. Ela precisa dar as condições, de acordo com a sua realidade, para que o estudante consiga se desenvolver”, pontua Lilian.

Personalização e Cultura escolar 

Um dos fundamentos do ensino híbrido é a personalização. Isto significa considerar que as pessoas não aprendem da mesma forma, assim como a mesma aula para todos não irá garantir a aprendizagem. “Está na essência do ensino híbrido coletar o que o aluno já sabe para trabalhar melhor com ele em sala de aula”, afirma Bacich no evento da Coalizão Aprendendo Sempre.

Falar sobre híbrido também é abordar a tecnologia e a cultura digital. “Vamos sempre batalhar para que todas as escolas e alunos tenham acesso a tal, mas a falta da tecnologia não pode ser um empecilho para trabalharmos com o ensino híbrido”, complementa.

Para a implementação de um modelo híbrido, Lilian defende ser necessário repensar a cultura escolar em que o professor está no centro da aprendizagem. “Eu dei aula por muito tempo. Quando eu via os alunos trabalhando sozinhos, eu tinha a sensação de que eu, enquanto professora, não trabalhava. Eu tive que lidar com esta culpa”, compartilha.

Além disso, é preciso respeitar os espaços de aprendizagem. “Transmitir aula ao vivo não é ensino híbrido”, lembra. Distintos espaços de aprendizagem oferecem diferentes tipos de interação. “No presencial eu tenho um tipo de ação, e no on-line eu tenho outra”.

 

Qual o primeiro passo? 

Não existe uma resposta única sobre o que os educadores devem fazer para começar a utilizar a abordagem híbrida. No entanto, como diz Lilian, é possível perceber alguns pontos em comum.

A primeira delas é: o que você pode oferecer de experiência para o aluno? “Não é pensar em “o que eu vou falar na aula” ou “como eu vou introduzir àquele conteúdo”, mas sim, “qual dinâmica os alunos podem fazer?”. A partir disso, é preciso observar como os alunos interagem. O objetivo do professor não será unicamente o de gerenciar, mas o de avaliar a experiência para saber quando interferir. “Essa é uma postura de um professor pesquisador”, diz Lilian.

“Não é algo simples, mas exercitar colocar o aluno em ação tira a carga do educador ter que fazer tudo o tempo inteiro. A gente fica mais leve e faz aquilo que deve ser feito: colocar o aluno enquanto protagonista”, finaliza a especialista.

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