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A mostra contou com forte mobilização dos alunos e integra o programa pedagógico do Inova Escola, aprofundando temas com impacto social

Alunos estão vestidos como super-heróis durante a Mostra Consciência Étnica

Para marcar o fim do ano, estudantes, professores e gestores organizaram a Mostra Consciência Étnica com o objetivo de apresentar projetos desenvolvidos e também aprofundar o debate sobre consciência étnica e racial, tema presente no cotidiano dos alunos do CENOR (Colégio Estadual Norma Ribeiro). E os trabalhos resultaram em diversas manifestações artísticas.

Antes mesmo de integrar o Programa Inova Escola, o CENOR já era reconhecido em Salvador por sua potência transformadora, sobretudo por incentivar a reflexão dos alunos para os problemas sociais da comunidade. Localizada na região do Arenoso, periferia da capital baiana, a escola passou a fazer parte do programa, em uma parceria entre a Fundação Telefônica Vivo e a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, no início de 2018.

“Na Bahia temos um espaço muito forte de discussão vinculado a essa temática (étnica e racial), não apenas no dia 20 de novembro. A escola trabalha muito essa questão, pois 90% dos nossos estudantes são negros, então esse assunto está presente no dia a dia deles e no programa pedagógico do CENOR”, afirma Bruna Hercog, educadora do Inova Escola e responsável por acompanhar a oficina de Comunicação e Tecnologia.

O evento, que aconteceu na primeira quinzena de novembro, contou com a participação das 9 turmas do colégio. Os grupos ficaram responsáveis por escolher subtemas para pesquisar e enquadrar no formato que melhor representasse a mensagem que queriam passar. Foram apresentadas peças teatrais, espetáculos de dança dos orixás, manifestações artísticas nos espaços da escola, exposições, vídeos e até mesmo campanhas desenhadas especialmente para a ocasião.

 

Quatro alunas negras estão posando para foto. Três delas vestem turbantes na cabeça e uma segura uma placa com a hashtag desrespeito, durante a Mostra Consciência Étnica

“O maior objetivo foi envolver a todos – estudantes, professores, gestores – e por isso deixamos que eles participassem ao máximo das decisões. (O tema) Consciência Étnica foi uma escolha pedagógica, mas o que é e o que representa ficou a critério deles”, acrescenta Marilene, coordenadora pedagógica do Colégio Norma Ribeiro.

Engajamento estudantil

Uma das grandes conquistas do processo de criação da Mostra Cultural foi a formação de um grêmio estudantil. O projeto já estava nos planos dos estudantes desde 2017 e tomou forma sob a orientação da equipe de educadores do Inova Escola e com apoio da gestão do colégio.

“O grêmio é a voz do aluno, a nossa visão para a direção. Muitas vezes a gestão não consegue alcançar os detalhes, as dúvidas e as incertezas dos alunos. O grêmio funciona como uma ponte”, explica Luã dos Santos (16), presidente da chapa Integração, que tomou posse em julho e participou da organização da terceira e última Mostra do ano.

O evento também serviu de vitrine para as primeiras ações da chapa. Foram inaugurados três espaços: a sala de produção dedicada às atividades do Grêmio – que foi reformada e adaptada, o estúdio de audiovisual e a rádio dos estudantes, que passará a ser um símbolo da ampliação de vozes e ferramenta da oficina de Comunicação e Tecnologia.

 

Exposição multifuncional

Além de apresentarem as pesquisas relacionadas a subtemas como preconceito racial, consciência religiosa, mitologia africana e representatividade negra, os estudantes também tiveram a chance de mostrar os trabalhos que realizaram ao longo do ano em três oficinas do Inova Escola: Cultura Digital, Comunicação e Tecnologia e Pense Grande.

O evento contou com a presença de representantes da Secretaria de Educação e da Fundação Telefônica Vivo. Eles também participaram como jurados das apresentações dos projetos do Pense Grande, que foram apresentados em um Demoday durante a Mostra.

 

Aluna discursa ao microfone durante a Mostra Consciência Étnica

Esta foi a terceira exposição temática organizada como parte do programa político-pedagógico da escola. A diretora Maria das Graças Novais destaca a multifuncionalidade dos espaços e dos conteúdos apresentados como diferencial desta edição.

“A gente não tinha feito nada nesse formato até então. Enquanto as atividades culturais aconteciam em um ambiente, espaços paralelos se dedicavam a outras exposições. Cada um podia escolher o que visitar, de acordo com a afinidade e o tema”, conta a gestora.

A apropriação dos ambientes foi outro ponto alto da Mostra Consciência Étnica. Segundo os educadores e coordenadores isso traz a oportunidade de transformar os processos de aprendizagem para uma postura muito mais segura e participativa.

 

Escola na Bahia debate consciência étnica com teatro, dança e exposições
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