Partindo de problemas presentes na realidade dos alunos, escolas em Pernambuco e Sergipe usam a tecnologia para tornar o aprendizado mais significativo com apoio do projeto Aula Digital
Apesar de vivenciarem realidades diferentes, projetos de educadores da Escola Municipal Rosa Amélia de Queiroz, no interior de Pernambuco, e da Escola Municipal Líbano, no interior de Sergipe, combinaram tecnologia e recursos offline para abordar de forma mais significativa dois assuntos: combate ao desperdício e alimentação saudável.
As duas escolas integram o Aula Digital – projeto que faz parte da iniciativa global ProFuturo, da Fundação Telefônica Vivo e da Fundação ‘”la Caixa” e é moldado em cinco frentes: desenvolvimento da aprendizagem e inovação do século XXI, empoderamento de professores, integração com o digital, compartilhamento de conhecimento e avaliação contínua. Presente em cinco territórios no Brasil, o projeto oferece formação continuada a educadores em parceria com as secretarias de Educação das redes de Estados e municípios, além de recursos tecnológicos e acompanhamento pedagógico contínuo.
Nem tudo vai para o lixo
Você sabia que o Brasil desperdiça anualmente cerca de 26 milhões de toneladas de alimentos, segundo dados do relatório da Organização das Nações unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)? Espantados com essa informação, os alunos do 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Rosa Amélia de Queiroz, localizada em Vitória de Santo Antão (PE), convidaram a comunidade a debater sobre o desperdício de alimentos.
O projeto Sustentabilidade: reaproveitamento de alimentos, coordenado pela professora de biologia Robervânia Oliveira, levou os alunos a refletirem sobre consumo consciente de alimentos, assim como os benefícios para a saúde de uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras e legumes.
A tecnologia foi aliada durante todo o processo de ensino-aprendizagem. Com os conteúdos disponibilizados pelo projeto Aula Digital, os alunos pesquisaram juntos sobre o desperdício de alimentos no Brasil, assistiram a vídeos de especialistas e, a partir disso, discutiram como criar soluções coletivas e individuais.
Alunos da Escola Municipal Rosa Amélia
de Queiroz durante atividade
reaproveitamento de alimentos
Em seguida, colocaram a mão na massa: as crianças selecionaram receitas que poderiam ser feitas com as partes dos alimentos que normalmente são desprezadas. Em casa, pesquisaram mais sobre os nutrientes do alimento escolhido e prepararam uma apresentação para ser compartilhada com os colegas.
A gestora da escola, Kelly Rosa Sousa, conta que os estudantes se encantaram ao saber que cascas e talos de verduras e legumes, que normalmente vão para o lixo, são as partes com o maior teor de nutrientes e, por isso, devem ser reaproveitadas.
As famílias também foram envolvidas no projeto: ajudaram as crianças a prepararem receitas mais diversificadas. As cascas da maçã, por exemplo, se transformaram num delicioso bolo. A casca do maracujá virou um doce e o miolo e a casca do abacaxi foi usada para um suco refrescante.
Alguns alunos usaram o celular para criar um tutorial de preparo. As melhores receitas foram organizadas em cartões, distribuídos para toda a comunidade, que também compareceu à escola para um dia de degustação dos pratos feitos a partir das pesquisas das crianças.
“Os alunos aprenderam sobre nutrientes, entenderam que é muito importante conhecer mais sobre alimentação, criaram uma consciência sobre o desperdício de forma geral. Como boa parte dos processos foi feito em grupo, eles também aprenderam a trabalhar em equipe e desenvolveram a habilidade de falar em público”, relembra Kelly. “Posso afirmar que eles adoraram cada etapa”, conta a gestora Kelly Sousa.
Alimentação saudável na escola
Um olhar atento da gestora Lindijan Santos captou que a alimentação das crianças da Escola Municipal Líbano, em Nossa Senhora das Dores (SE), poderia ser melhorada. “Alunos exageravam na quantidade de comida. Por outro lado, alguns comiam pouco e rejeitavam uma grande variedade de alimentos, optando por guloseimas como balas, pipoca e refrigerantes trazidos de casa”, exemplifica.
Em decorrência disso, a gestora conta que eram muito comuns reclamações sobre a saúde e problemas bucais, o que ocasionava faltas. Dessa forma, os professores Cleonâncio Almeida Santos e Maria de Lourdes decidiram usar os recursos do Aula Digital para tornar mais significativo o aprendizado da turma do 3° ano do ensino fundamental sobre os benefícios de uma alimentação mais saudável.
Atividade na Escola Municipal Líbano
Tudo começou com uma roda de conversa entre alunos e professores para que contassem como eram suas refeições. Em conjunto, refletiram sobre os benefícios da alimentação saudável e que tipos de mudanças poderiam ser feitas no cotidiano.
A proposta foi sair da sala de aula e ocupar outros espaços da escola, como o refeitório e a área de recreação. Depois foi a hora de se aprofundar melhor nos conceitos discutidos, usando os recursos tecnológicos do Aula Digital.
Com a atividade Os princípios de uma vida saudável, aprenderam mais sobre o conceito de pirâmide alimentar e fizeram uma pesquisa aliada a técnicas de colagem, desenho e pintura. Os cartazes elaborados pelos alunos foram apresentados aos demais colegas e depois ficaram expostos para toda a escola.
“Também tivemos outras atividades práticas sobre a temática, como música, jogos e aulas de culinária. Os alunos aprenderam a fazer bolos, saladas de frutas e sucos variados”, relembra Cleonâncio.
Segundo o educador, foi perceptível a evolução e o interesse das crianças por uma alimentação mais balanceada.
“Nós sempre conciliamos o conteúdo digital com a realidade dos nossos alunos. Como a nossa escola fica na zona rural, a tecnologia desperta muito o interesse deles. O Aula Digital veio para somar na nossa escola e nos ajudar a inovar em nossas práticas pedagógicas, contribuindo para despertar sonhos em nossos alunos”, finaliza o professor Cleonâncio Santos.