A maratona de pitches do Programa Pense Grande, da Fundação Telefônica Vivo, se encerrou em São Paulo, cujo parceiro executor é o Arrastão. No evento, jovens universitários apresentaram negócios sociais inovadores desenvolvidos dentro do ambiente acadêmico.
A maratona de pitches do Programa Pense Grande, da Fundação Telefônica Vivo, se encerrou em São Paulo, cujo parceiro executor é o Arrastão. No evento, jovens universitários apresentaram negócios sociais inovadores desenvolvidos dentro do ambiente acadêmico.
O perfil do jovem universitário mudou. Até alguns anos atrás, a maioria sonhava com uma formação acadêmica para ser contratado por uma empresa, buscando principalmente a estabilidade e as possibilidades de ascensão na carreira. Atualmente, além do diploma, muitos estudantes vêm tentando unir sua escolha profissional com o propósito fazer a diferença no mundo.
Mariana Silva é um exemplo de quem arregaçou as mangas em nome do empreendedorismo social. Enquanto trabalhava na área de Segurança de Saúde, a universitária percebeu as dificuldades de transporte que pessoas com deficiência permanente ou temporária enfrentavam. Foi assim que ela idealizou a startup Manobra Saúde, que tem como objetivo oferecer um meio de transporte mais humanizado e qualificado para os pacientes. Sua iniciativa foi uma das ganhadoras do pitch (apresentação de projetos com até 5 minutos de duração) promovido pelo Programa Pense Grande em São Paulo, em parceria com a ONG Arrastão.
Além da Manobra Saúde, outros quatro projetos foram premiados em cerimônia que aconteceu na universidade Uninove nos dias 2 e 3 de dezembro de 2016, em São Paulo (SP). Entre eles estava o Taxa Exata, startup que busca transparecer o valor a ser recebido pelos comerciários depois de descontadas as taxas dos cartões. Outro empreendimento reconhecido foi o Caçadores de Dívidas, startup que prima por criar relações mais simpáticas entre devedores e credores. Os empreendimentos receberam R$ 1.000,00 para começarem seus negócios.
Projetos de estudantes de Ensino Médio também foram contemplados
Além dos projetos desenvolvidos pelos estudantes da universidade, empreendimentos de estudantes de Ensino Médio, realizadas em parceria com a organização CAMP Oeste, também foram avaliadas pela banca de especialistas durante o evento.
Os alunos responsáveis pela Vescola, plataforma criada para facilitar a interação entre professores e alunos, e pelo Sem Vergonha, um aplicativo para ajudar tímidos a se relacionarem, foram os premiados. Cada iniciativa recebeu R$ 500,00 para dar continuidade ao trabalho.
O evento representa a concretização de uma experiência inovadora entre o Programa Pense Grande e a Uninove, durante a qual os estudantes da universidade puderam refletir sobre seu entorno e desenvolver soluções em empreendedorismo e negócios sociais.
O projeto contou com duas fases, desenvolvidas tanto pelos educadores da ONG Arrastão parceira executora do projeto em São Paulo, quanto por consultores experientes nas áreas de empreendedorismo e inovação articulados pelo Pense Grande: na primeira, os alunos da Uninove tiveram um ciclo de 16 horas de imersão em práticas empreendedoras e nos problemas que desejavam solucionar. Já na segunda fase houve um afunilamento para aqueles que queriam investir tempo na lapidação de seus negócios, em um ciclo de 72 horas.
Na premiação, os universitários tinham cinco minutos para convencer uma banca de especialistas, entre eles Luis Guggenberger, gerente de Projetos Sociais da Fundação Telefônica Vivo. Para o coordenador Henrique Alberto Eder, do Arrastão, o que os convidados puderam presenciar foi uma “quebra de paradigma”. “Normalmente os jovens estão se preparando para o mercado de trabalho, valorizando o certificado e imaginando algo seguro. Gradativamente, nós o ajudamos a perceber que podem empreender, que tem ideias e que conseguem visualizar soluções importantes para problemas que vivem na própria pele”.
Não é um processo simples convencer o jovem de seu potencial e que pode optar por não se aventurar em um emprego convencional. O professor Thiago Graziano falou sobre este sentimento de hesitação e também sobre a necessidade da universidade se estabelecer como um ambiente prolífero para o empreendedorismo. “Eu já fui esse jovem que saiu da universidade empreendendo e que também sentiu falta de apoio dentro da faculdade. Hoje o empreendedorismo não é necessidade, é uma obrigação acadêmica, porque existem coisas que nós só aprendemos na prática”.
Luis Guggenberger, após parabenizar os projetos apresentados, incentivou os jovens a continuarem investindo em seus projetos e se possível, considerarem inscrevê-los na próxima fase de incubação (Eixo Apoiar) do Pense Grande, que começará a receber novos projetos em fevereiro de 2017. Para o gerente, qualquer iniciativa de transformar o Brasil em um país empreendedor tem que passar pela universidade, e é por isso que o Eixo Formar do Pense Grande aposta em parcerias como essa. “Se não tivermos esse olhar de trazer conteúdo, provocação e inspiração para os educadores repensarem novos formatos dentro das faculdades, não vamos ser uma nação de empreendedores inovadores. Essa experiência foi muito rica para olharmos a metodologia do Pense Grande e incidirmos cada vez mais em universidades e escolas públicas de todo país”.
Ainda que nem todos os jovens tenham sido contemplados pelo prêmio, nota-se que o aprendizado os faz querer perseguir uma carreira empreendedora ou, pelo menos, assumir uma postura de liderança dentro de negócios mais convencionais. Seja Mariana, que contou entusiasmada sobre os próximos passos em uma área onde ela está “fazendo a diferença”, ou o Rafael Augusto, jovem da área de tecnologia e um dos concorrentes para o prêmio, que afirmou que somente com o empreendedorismo social ele é capaz de “ver a felicidade em que está ajudando”, empreender se configura com um caminho para que sejam protagonistas de suas próprias realidades.