Josiane Aparecida da Silva Santos
Alpinópolis – MG
São vários os casos de meninos e meninas fora da escola, mas vou contar apenas duas histórias. Histórias bem semelhantes que contaram com a participação da escola para ter um final feliz.A escola, para muitos, é como se fosse o segundo lar de uma criança ou adolescente, pois eles passam a maior parte do dia dentro dela. Por isso, ela nunca deve omitir os casos de evasão escolar e de agressão física, e sim comunicar qualquer ocorrência ao Conselho Tutelar. Tanto as escolas particulares como as escolas públicas devem ser sempre responsáveis por seus atos, comunicando os casos de maus tratos e evasão ao Conselho.
Conselho Tutelar, 9h30 da manhã, o telefone toca:
Trim! Trim !
Telefone tocando deve ser alguma denúncia.
A Conselheira atende
– Conselho Tutelar, bom dia!
– Bom dia Aqui é Esmeralda, diretora da escola Municipal Horácio Pereira Damásio. É que tem um menino que não vem à escola há mais de duas semanas. É o Fabinho, filho da Maria.
– Obrigada pelo apoio, diretora, já sei quem é. É o filho da dona Maria, a mulher do sr. Zé Garcia, que mora na rua Belo Horizonte.
– É isto mesmo, conselheira.
Com o conhecimento do fato, o Conselho Tutelar agenda um dia com os pais e a criança. O dia agendado chega e Fabinho e dona Maria comparecem ao estabelecimento do Conselho Tutelar.
– Bom dia, Fabinho, bom dia, dona Maria. Entrem, sentem-se, vamos conversar. Escuta, Fabinho, eu pedi que viessem até aqui para saber o motivo de tanta falta na escola. Estudar é um direito seu, mas também é um dever. É preguiça ou algum problema com os colegas?
– Não é preguiça, não, dona Conselheira, o menino tá doente, defende a mãe. Ele tá falando a verdade, ele não mente.
– Mas já levou o Fabinho ao médico?
– Não, ele não tá com dor, é bronquite, é asma. Já tô até acostumada…
– Fala a verdade, Fabinho, pode falar sem medo, está é com preguiça de acordar cedo?
– É não, dona.
– Mas se o menino está com bronquite, por que não o levou ao médico e pediu um atestado para encaminhar a escola? É desculpa de cá, negligência de lá, mas para a escola a criança vai ter que voltar. Ouviu, criança? Ouviu, mãe? Nenhuma criança pode ficar fora da escola não. A escola não é um jogo.
Escola é educação. O Estado e o Município oferecem ensino gratuito para todos. É direito, mas também é um dever, não tem mais nem o que falar.
Parabéns artigo 54 do ECA. Parabéns, srª. Diretora A criança voltou a estudar. Fabinho hoje voltou para a escola, garantindo seu direito e um futuro melhor.
Conselho Tutelar, 13h00 horas. O telefone toca e a Conselheira atende:
– Conselho Tutelar, bom dia! Com quem eu falo?
– Bom dia! Aqui é a dona Clara, diretora da Escola Estadual. É que eu tenho aqui uma criança que está faltando muito.
– Então temos um caso de evasão escolar.
– É, sim, Conselheira. É a Bruninha, filha do Seu Armando e da Dona Lola. Ela está fora da escola. Ela mora na rua Bahia nº. 601.
– Obrigada, dona Clara, vamos tomar providências. Agradeço pela confiança e acredite, é através de profissionais competentes e preocupados como você que nossas crianças e adolescentes terão um futuro melhor.
Depois do telefonema, o Conselho Tutelar tem mais uma missão a cumprir.
São 14h00 horas e a campainha da casa de dona Lola toca. Bruninha e sua mãe vão até a porta para atender. A porta abre.
– Boa tarde, Bruninha. Boa tarde, dona Lola.
– Entre, sente, vamos conversar, convida Dona Lola.
– Escuta, Bruninha, eu vim até aqui porque fiquei sabendo que você não está indo à escola e gostaria de saber porque você não quer mais estudar.
– Por nada, tia, é que… É que eu não gosto da escola, tia.
– Acontece, Bruninha, que até você concluir o Ensino Fundamental, você tem não só o direito, como também a obrigação de estudar. E você, dona Lola, deve ter autoridade.
– Sabe o que é, Conselheira? Os filhos de hoje em dia não obedecem mais.
– Mais você, mãe, tem que ter pulso firme e você, Bruninha, vai ter que voltar para a escola. O Ensino Fundamental é um direito seu, mas também sua obrigação. Se for preciso, você será acompanhada até a escola e o seu direito vai ter de valer. Seu direito faz parte do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), então vai ter que acontecer.
São vários os casos de meninos e meninas que ficam fora da escola, são filhos de Marias e de Lolas. Graças ao apoio das escolas e de seus profissionais, juntamente com o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), o Conselho Tutelar pode realizar o seu trabalho com competência. Se não fosse essa união, essas crianças não estariam cumprindo mais uma etapa de suas vidas e não teriam concluído o Ensino Fundamental.
Parabéns a todas as escolas que não se calam! E…
Parabéns ao ECA, que garante educação para meninos e meninas.