Congresso “Edtechs e as Escolas Públicas: avançando na inovação e conectividade” fez um panorama do ecossistema de tecnologias educacionais, avaliando experiências existentes e apontando tendências
O termo edtech, a combinação das palavras educação e tecnologia, em inglês, é usado para se referir tanto a plataformas tecnológicas educacionais como às empresas que desenvolvem ou vendem essas plataformas. E quais são os riscos e oportunidades que as edtechs representam para o mundo da educação pública?
Para discutir esse tema, a Momento Editorial e a Bit Social organizaram o congresso “Edtechs e as Escolas Públicas: avançando na inovação e conectividade“. O evento, que aconteceu nos dias 4 e 5 de agosto e que teve o patrocínio da Vivo, colocou na mesa virtual empresas de tecnologia educacional, especialistas e gestores públicos de educação. Entre os principais temas dessa conversa, tiveram destaque o desafio da conectividade, o acesso a dispositivos e softwares de qualidade, as boas práticas de tecnologia na educação e a importância de pensar metodologias para uma escola da era informacional. Além de incluir formuladores de políticas públicas nas conversas, o evento teve o cuidado de mapear e convidar experiências interessantes desenvolvidas em cidades grandes, médias e pequenas.
Confira alguns destaques dos debates:
As políticas públicas precisam ir além da conectividade
“Não adianta a internet chegar até determinada escola se ela não tem equipamentos acessíveis e se ela não sabe quais recursos vai utilizar”, afirmou Maritê Moro Neocatto, coordenadora do Núcleo de Tecnologia Educacional Municipal da Secretaria de Educação de Santa Maria, cidade gaúcha de quase 300 mil habitantes, durante um debate no congresso. Maritê ressalta a importância de os gestores de educação terem um olhar mais amplo sobre tecnologias digitais. Para ela, tão importante quanto saber qual qualidade de conexão de internet a escola precisa, é saber quais plataformas ou sistemas educacionais efetivamente dialogam com as necessidades da escola e qual a infraestrutura que precisa ser instalada para que o projeto aconteça.
Redes de educação dos estados e municípios precisam dialogar
Matheus Magalhães Rodrigues dos Reis, secretário de Educação de Guaramiranga, no Ceará, relatou que, em 2020, contou com o apoio da Secretaria de Educação do estado do Ceará para desenhar uma metodologia de trabalho e escolher um ambiente virtual de educação para garantir a continuidade das aulas durante o isolamento social. No município de pouco mais de 5 mil habitantes, foram adotadas medidas para garantir que todos os estudantes mais vulneráveis tivessem acesso à internet e a algum tipo de dispositivo (celular ou computador). Ele avalia que os resultados desse trabalho foram positivos, mas que podem ser aprimorados agora, com mais tempo de planejamento.
Edtechs públicas podem ser um caminho
Para Paulo Roberto de Mello Miranda, diretor-presidente da MultiRio, Empresa Municipal de Multimeios da prefeitura do Rio de Janeiro, as redes de educação que já tinham alguma experiência com o uso de tecnologias educacionais foram mais rápidas nas respostas à pandemia. Ele diz que, na cidade do Rio de Janeiro, foi mais rápido pensar num modelo de educação não presencial porque já existiam experiências consolidadas neste sentido. “Em 1993, a secretaria municipal de Educação criou o MultiRio, que é uma empresa de multimeios focada em pesquisar, desenvolver e oferecer possibilidades tecnológicas em conteúdos curriculares, produzir recursos de aprendizagem, ampliar as formas de distribuição de produtos educativo-culturais e capacitar os profissionais da educação para a utilização das mídias em sala de aula”, explicou. Além das plataformas de internet (Facebook, YouTube, Twitter, Instagram, portal e web rádio), a empresa pública conta com dois canais de TV a cabo.
As edtechs e os desafios de uma educação inovadora
O congresso foi organizado em sete mesas (quatro no primeiro dia e três no segundo) com os temas:
Nova era da Educação: como podemos conectar escolas e estudantes de todo o Brasil, na qual se debateu a necessidade de reduzir a assimetria de conectividade no Brasil e seu impacto na desigualdade social.
Uso de tecnologias nas redes públicas: o papel das secretarias de educação, com foco no papel dos gestores públicos.
Tecnologias na Educação: políticas públicas para viabilizar o ensino; aqui a importância da formulação de políticas públicas estava no centro das conversas. A professora Claudia Costin, fundadora e diretora do
CEIPE (Centro de Políticas Educacionais) da FGV, participou dessa mesa. Costin também faz parte do Conselho da Fundação Telefônica.
Desafios na gestão para que a escola acompanhe o mesmo ritmo de inovação dos últimos anos, que discutiu como avançar nos processos de digitalização das escolas públicas.
Implementação do novo ensino médio no Brasil, centrada em como preparar as escolas e professores para a implementação dos novos currículos.
FINTECHS: Democratizando a educação, que tentou entender que papel as startups de finanças podem ter na educação do futuro.
EdTechs: os avanços da tecnologia na educação, na qual se apresentou um panorama do ecossistema de tecnologias educacionais.