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Mesa redonda traz panorama da digitalização escolar e o aprendizado na pandemia em encontro de preparação para o enlightED

#Educação#enlightED#TecnologiasDigitais

Imagem do evento enlightED com participantes no palco

A edição do enlightED 2021, uma das maiores conferências de inovação e educação no mundo, está marcada para os dias 19, 20 e 21 de outubro. No entanto, antes da abertura oficial, uma série de encontros transmitidos de forma on-line já começa a trazer questionamentos e explorar o que será abordado no grande evento. No dia 17 de junho, convidados discutiram o panorama da educação digital durante e no pós-pandemia, em uma mesa de debate com o tema “Além da digitalização Escolar“.

O enlightED é uma conferência mundial sobre educação, tecnologia e inovação organizada pela Fundação Telefônica Espanha, pela IE University e pelo South Summit. A edição de 2021 acontecerá nos dias 19, 20 e 21 de outubro. Para a edição deste ano, a novidade é a realização de três encontros prévios para reflexão e diálogo de temas relevantes que serão abordados no evento principal.

O próximo encontro de aquecimento, está marcado para o dia 1º de julho, com o tema “Inovando na educação superior: prioridades e novas competências.” A mesa será transmitida ao vivo no canal do evento no YouTube, às 12h (horário de Brasília). Participe.

Pablo Gonzalo, chefe global da área de Cultura Digital da Fundação Telefônica na Espanha, mediou a conversa entre Alejandra Cardini, diretora do CIPPEC (Centro de Implementación de Políticas Públicas para la Equidad y el Crecimiento) na Argentina; Álvaro Ferrer Blanco, especialista em equidade educacional na Save the Children; Jordi Musons, professor e diretor na Escola Sadako; e Marisa Calatayud, psicóloga e professora na Universidad Complutense de Madrid.

Confira os principais destaques do encontro:

 

Desigualdade: um problema mundial

A América Latina, além de lidar com maior desigualdade social, foi o local que mais sofreu com a pandemia e com a suspensão das atividades presenciais escolares, explica Alejandra Cardini. “A região foi o epicentro da pandemia durante a maior parte do último ano, e inclui seis dos 25 países do mundo que tiveram maior número de mortes por milhão de habitantes com a Covid-19.”

Ao todo, foram 158 dias de aulas a menos na América Latina. “Quase um ano letivo inteiro perdido”, lamenta Cardini. A Europa, em contraponto, reduziu em média 50 dias. Em conclusão, crianças e adolescentes latino-americanos perderam mais que o triplo de aulas escolares se comparada aos estudantes europeus.

Apesar de viverem distintos contextos, a experiência da pandemia jogou luz sobre um problema comum: as desigualdades sociais e educativas vividas entre os alunos, sejam eles europeus ou latino-americanos.

A aprendizagem foi dificultada, já que os jovens têm diferentes níveis de acesso à internet e aos equipamentos, como celulares e computadores, assim como habilidades particulares para acessar e usar a rede.

“Em março do ano passado, início da pandemia, vivemos momentos muito críticos e o único salva-vidas que tínhamos era a tecnologia”, conta Jordi Musons, ao explicar o contexto na Espanha. No entanto, apesar de perceber a importância dos meios tecnológicos, o educador ressaltou que as assimetrias de propostas educativas entre as instituições provocaram brechas na aprendizagem dos alunos. “Isso nos faz questionar: como homogeneizar os modelos tecnológicos para prover a equidade?”

“Apesar de falarmos muito em desigualdade digital, o que  a experiência da pandemia nos mostrou foi a desigualdade social”, complementa Álvaro Ferrer Blanco, especialista em equidade educacional na Save the Children. “A alimentação na escola, por exemplo, tem um papel fundamental. O desaparecimento da escola presencial deixa mais claro as nossas desigualdades”. Isso fez a sociedade refletir sobre a função igualitária do ambiente escolar. “Avaliamos a flexibilidade dos nossos currículos e avaliamos as escolas, mas também as destrinchamos, e mostramos problemas para além da crise pandêmica”, diz.

A escola presencial é insubstituível 

“As crianças também perderam a aprendizagem social”, lamenta a psicóloga Marisa Calatayud. “Eu aprendo muitas coisas a partir da observação do outro, e agora não estou observando ninguém”, exemplifica.

Uma questão ficou evidente para os especialistas: a escola presencial é insubstituível, especialmente pelo vínculo criado entre alunos e educadores. “Quando se trata de desigualdades e de crianças que têm mais dificuldade em casa, elas precisam se sentir mais parte da escola, com o grupo de amigos, colegas, professores”, diz Álvaro. Ele aponta um desafio para os próximos anos: quais cicatrizes educativas essa crise pode deixar na trajetória dessas crianças?

 

Reduzir desigualdades

A tecnologia permitiu dar continuidade à educação quando a escola foi obrigada a fechar suas portas. No entanto, ainda restam dúvidas aos especialistas sobre seu uso para combater as desigualdades socioeconômicas, que foram escancaradas durante a crise pandêmica. “Sabemos que o presencial é insubstituível, mas também não há dúvidas de que a tecnologia bem utilizada, com um olhar pedagógico, tem grande impacto na aprendizagem”, diz Alejandra.

Há milhares de crianças, no mundo todo, evadindo da escola e que não poderão acessar economicamente a sociedade no futuro. “Com o Big Data (análise e a interpretação de grandes volumes de dados de grande variedade), podemos identificar os perfis que estão mais propensos a isso e impedir que aconteça”, sugere o especialista.

 

Articulação e compartilhamento de informação 

A partir das experiências vividas em 2020, os educadores apontaram aspectos positivos e que devem ser mantidos no pós-pandemia.

Alejandra Cardini, do CIPPEC, defende que um dos grandes aprendizados na Argentina foi a importância do diálogo entre setores da política. “A articulação entre os ministérios da educação, nacional, estadual e municipal, o ministério da saúde, e os ministérios mais ligados à proteção social foi muito forte”, conta. Ela explica ainda que outro movimento positivo foi o fortalecimento da relação entre o setor público e a iniciativa privada a fim de minimizar os efeitos do contraste digital entre os alunos durante a educação remota.

Jordi aponta como pontos positivos o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nas crianças, como a resiliência e a flexibilidade. “Elas foram muito mais maleáveis que os adultos. Podem não ter aprendido matemática, mas estão mais preparadas para a vida”, comemora.

“A porta fechada da sala de aula foi rompida”, afirma Marisa Calatayud ao defender a importância do compartilhamento de informação durante a pandemia. Em sua experiência, percebeu maior colaboração entre os docentes para compartilhar materiais acadêmicos e aprendizados. “Este foi um ponto a favor e deve ser estimulado no futuro”.

 

Educar para o uso da tecnologia

A tecnologia está ao nosso lado mas, segundo os especialistas, para fazer melhor uso dela é necessário discutir pontos ainda desconhecidos, como a segurança digital e a educação tecnológica.

“Como definimos as competências digitais? É óbvio que elas serão necessárias no futuro próximo, e precisamos colocá-las no nosso currículo escolar, mas como defini-las?”, questiona Álvaro.

Ele lembra da importância da cidadania digital, um dos conceitos que surgiram com a evolução da internet e das novas ferramentas digitais. Sua prática se refere ao uso responsável da tecnologia no mundo virtual e como transformar as redes em um ambiente seguro, principalmente para as crianças, que estão mais expostas.

As famílias não podem ser excluídas deste processo de aprendizagem diante do uso das novas tecnologias. “Os pais enxergam o celular como um meio para mandar e-mails e se conectar com seus filhos, mas a rede vai muito além disso. Existe um desconhecimento dessas ferramentas por parte dos adultos”, afirma Marisa Calatayud.

Ainda há o contexto escolar, em que o impacto da tecnologia na saúde mental dos estudantes não pode ser dissociado da sua aprendizagem.

“Dizemos que os estudantes são nativos digitais, mas nos referimos somente ao Twitter e ao Instagram, que são redes sociais.”, critica Marisa. Segundo a educadora, o professor precisa desenvolver habilidades de suporte técnico aos alunos para que  consigam fazer melhor uso dos equipamentos tecnológicos de aprendizagem.

O uso de Big Data na educação levanta debates em relação à privacidade dos dados. As escolas usam cada vez mais plataformas para hospedar seus conteúdos, assim como coletar e armazenar dados sobre estudantes. “Se queremos absorver esta dinâmica na educação, precisamos estar mais atentos a estas questões. Podemos colocar todos os nossos conteúdos educativos na rede, mas qual será a segurança dessas nossas informações?”, provoca Calatayud.

Assista:

Evento internacional debate o futuro da educação pós-pandemia
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