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Confira a trajetória da estudante e a importância da educação na construção do seu projeto de vida voltado para a transformação social

#Acredita#Estudantes

imagem de Fatou Ndiaye

Se você é um dos mais de 100 mil seguidores de Fatou Ndiaye no Instagram, provavelmente já notou que a jovem de 16 anos representa o protagonismo dos estudantes do século XXI. Caso ainda não a conheça, chegaremos lá: além de estar finalizando o segundo ano do Ensino Médio, ela também é colunista da Folha de São Paulo, produtora de conteúdo, palestrante e empreendedora. Tudo isso sem deixar os estudos de lado.

“Sempre tive em mente que o estudo é minha prioridade máxima. A partir dessa perspectiva, vou preenchendo os espaços livres e organizando minha rotina para encaixar todas as tarefas na agenda”, conta a jovem.

Filha mais velha de Mamour Ndiaye, doutor e professor de engenharia elétrica do CEFET/RJ, Fatou nasceu no Brasil, mas morou três anos no Senegal, país de origem de sua família. Em 2010, voltou ao Rio de Janeiro e, desde então, a jovem destaca-se não apenas pelo excelente desempenho acadêmico, mas também pela habilidade de comunicar sua vivência multicultural, o que lhe rendeu seminários e poesias premiados pela escola.

Foi também no colégio Franco-Brasileiro — frequentado por Fatou desde os cinco anos de idade — que a estudante se tornou alvo de injúria racial. Em maio de 2020, ficou conhecida por entrar na Justiça e reivindicar seus direitos após colegas de turma escreverem mensagens de cunho racista sobre ela em um grupo de WhatsApp.

Apesar de reconhecer o esforço dos educadores para construir um ambiente de respeito e empatia, não encontrou o mesmo suporte na coordenação da escola, tampouco na audiência judicial. “Mesmo com o sentimento de impunidade, devemos continuar, sim, denunciando e repudiando o racismo com todas as nossas energias. Ele continua nos aniquilando moralmente, intelectualmente e fisicamente”, escreveu Fatou em sua coluna no Quadro-Negro da Folha.

A firmeza nas palavras e o ato de resistência diante de um sistema marcado pelo racismo estrutural chamam atenção, mas o impacto transformador da jovem vai muito além deste capítulo específico de sua vida. Em casa, Fatou recebeu todo o acolhimento e o preparo para se posicionar. Foi então que decidiu usar a potência de sua voz para combater o preconceito através da educação.

Projeto de Vida: Transformação

Por meio das redes sociais, Fatou produz conteúdos diversos — em português, inglês e francês — sobre o continente africano, com o objetivo de romper estereótipos em relação ao contexto social e geopolítico, sobretudo de países como o Senegal e a Nigéria. A ideia é sempre pensar em uma linguagem que estabeleça identificação com os jovens e ao mesmo tempo seja acessível para todos os públicos.

Ao longo do último ano, a estudante promoveu encontros e lives, escreveu threads educativas no Twitter, gravou IGTVs, Reels e ainda encontrou tempo para divulgar a empresa da mãe, a África Arte, especializada em moda. As roupas vendidas pela loja são produzidas no Senegal, para onde o lucro das peças retorna.

Já em 2021, Fatou decidiu dar mais um passo rumo ao seu projeto de vida. Lançou a Afrika Academy, uma empresa de consultoria para corporações e pessoas interessadas em ampliar a visão sobre os conhecimentos africanos e aplicá-los no dia a dia, enquadrando a diversidade como foco do ESG.

“Integrar cultura africana e garantir que pessoas negras ocupem os mesmos espaços não é sobre criar ambientes melhores para um só grupo de pessoas, mas sim para toda a sociedade. Quando trazemos esse debate para dentro de empresas, os resultados também tendem a crescer”, reflete a jovem.

Com relação aos planos para a carreira, Fatou pensa em seguir na área de Engenharia de Produção. Mas não pretende parar por aí: também considera importante desenvolver habilidades e competências essenciais para a construção de soluções coletivas. Em um futuro próximo, a estudante se imagina trabalhando no Senegal, onde quer continuar a propagar mudanças efetivas para um mundo mais justo e igualitário.

Qual a importância das juventudes se apropriarem de espaços on-line e off-line para serem protagonistas de mudanças?

Eu realmente acredito que os espaços on-line são uma forma da juventude se conectar e começar a pensar nos problemas do mundo em tempo real. Vemos uma geração que não precisa esperar ficar adulta para tomar atitudes, porque tem diversos mecanismos para fazer a diferença. Por isso, é essencial valorizar essa juventude que começa a se mobilizar para resolver problemas sociais.

O quanto a educação foi importante na sua trajetória para chegar até aqui?

Tudo o que eu tenho hoje, eu devo à educação. Minha família sempre enfatizou o quão importante ela é para abrir portas. Por isso, estudar acabou até mesmo sendo um mecanismo de defesa para mim. Eu tenho muita vontade de construir mudanças efetivas no Senegal, país de origem da minha família, e acredito que a educação pode me levar até esse caminho.

Quais conselhos daria para um jovem que está no Ensino Médio e enfrenta desafios ou tem questionamentos sobre o seu futuro?

A pandemia tem sido um período difícil para todos que trabalham com educação, sejam estudantes, educadores, coordenadores… Mas eu acredito realmente que já estamos avançando para as soluções. Por isso, o que eu diria para os estudantes é: Desistir não é a melhor opção. Sei que parece que esse momento não vai acabar, mas muitas oportunidades esperam pela gente.

Para você, acreditar na educação é…

Acreditar na educação é acreditar em uma visão positiva do futuro. Não existe desenvolvimento sem educação e por isso ela está diretamente conectada às mudanças efetivas que queremos gerar no mundo.

Acreditar em si mesmo é…

Acreditar em si mesmo é a base para qualquer mudança. A gente fala muito em construir soluções, mas isso não é possível se não acreditarmos em nós mesmos enquanto indivíduos.

Dia do Estudante: Fatou Ndiaye rompe estereótipos e promove a diversidade por meio da educação
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