Além de entreter, filmes nacionais podem ser ótimos aliados para educadores trabalharem temas importantes em sala de aula de um jeito dinâmico e real
Filmes nacionais e o cinema é uma das maneiras mais dinâmicas de se contar histórias. Por isso, pode ser uma ótima ferramenta para professores que querem deixar o seu ensino mais lúdico e próximo da realidade dos estudantes.
“A sétima arte vem ao encontro das disciplinas regulares do Fundamental e Ensino Médio e pode ser uma atividade complementar, não apenas extracurricular”. Esta é a principal contribuição do cinema na opinião de Edilene Rodriguez, mestranda em teatro pela Universidade Estadual de Santa Catarina e coordenadora da Escola de Teatro Faces em Primavera do Leste (MT).
Edilene conta que já teve experiências nas quais conseguiu potencializar o debate sobre determinados assuntos por meio de produções audiovisuais. “Conseguimos desenvolver várias camadas de discussões com os alunos usando filmes e outros recursos. Os estudantes passam a ser mais protagonistas de seu aprendizado”.
Em sua visão, o audiovisual permite ao aluno trazer ensinamentos de um tema para o cotidiano, fazendo também com que o aluno agregue mais repertório para sua vida. Nesse sentido, fizemos uma lista de 10 filmes nacionais que potencializam o ensino e a aprendizagem. Confira!
1. Cidade de Deus (2002)
A favela Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, é retratada nesse filme nacional desde os anos 60 até os anos 80, por meio de uma trama que aborda violência policial, crime e desigualdade social, mas que mostra também a busca pela realização de sonhos. Segundo a especialista, o lançamento do filme “foi quando, de fato, o público não-negro do país viu a situação da favela de forma geral e como ela funciona, como é a vida dessas pessoas em maioria, negras”. Edilene afirma que, em sala de aula, é possível falar sobre falta de oportunidades, criminalidade, vulnerabilidade social, entre outros temas.
Classificação Indicativa: 14 anos
Disponível no Globoplay
2. Zuzu Angel (2006)
Um dos filmes nacionais mais aclamados, a obra de Zuzu Angel traz a história real da estilista e empresária brasileira que, durante a ditadura civil-militar, parte em busca do filho Stuart Angel, que foi preso, torturado e morto pelo regime. “É um dos filmes nacionais para se fazer uma ligação entre passado e futuro, falar de política, sem contar as atuações incríveis. É importante para mostrar aos estudantes que a ditadura aconteceu e foi horrível, além de dar a chance para que os estudantes pesquisem mais a respeito do período”, diz a consultora.
Classificação Indicativa: 14 anos
Disponível no Globoplay.
3. Lixo Extraordinário (2011)
Uma perspectiva diferente sobre um grande problema da atualidade: a produção e distribuição do lixo. O artista paulista Vik Muniz ressignifica o olhar sobre o maior aterro sanitário da América Latina, localizado em Duque de Caxias (RJ). Ao mesmo tempo, a produção anglo-brasileira mergulha na rotina dos catadores e da comunidade que convive diariamente com essa realidade. Na escola, um dos filmes nacionais que podem ser usados para debater arte, meio ambiente e desigualdade social.
Classificação Indicativa: Livre
Disponível na Netflix.
4. Que Horas Ela Volta? (2015)
Certamente um dos filmes nacionais recentes mais interessantes, pois conta a história de uma babá que vive entre o trabalho doméstico e a possibilidade de a filha conquistar uma vida melhor é uma chance para os educadores falarem sobre “escravidão moderna” e as desigualdades do país. “O filme é bacana porque houve uma onda interessante no país de discutir o assunto. Abordaram-se relações de trabalho e a desvalorização desse tipo de emprego”, diz a entrevistada.
Classificação Indicativa: 12 anos
Disponível no Globoplay
5. Dudú e o Lápis Cor da Pele (2018)
A especialista cita o curta-metragem como uma forma interessante de discutir a questão racial a partir da cor de um lápis. “Uma criança discute qual lápis de cor seria a cor da pele. O garoto é negro e não se sente representado quando pergunta à professora de que cor deve pintar o rosto do boneco de um desenho e a mesma diz para pintar com o lápis cor de pele, que na verdade é rosa-claro. Além disso, mostra como um trabalho coletivo de generosidade e disseminação de informação pode ser estimulado pelos próprios professores em sala de aula”. Portanto, coloque mais essa película na sua lista de filmes nacionais para trabalhar em sala de aula com os estudantes.
Classificação Indicativa: Livre
Disponível no YouTube. Confira também a versão em Libras
6. Ferrugem (2018)
Ao traçar um retrato realista de uma adolescência imersa no universo digital, Ferrugem se aproxima de discussões que envolvem cyberbullying e relações interpessoais. Um dos filmes nacionais sobre educação conta a história de Tati, uma estudante do Ensino Médio que enfrenta batalhas em casa e na escola depois de ter um vídeo íntimo vazado na internet. Os educadores podem usar a trama para debater sobre cidadania digital.
Classificação Indicativa: 14 anos
Disponível no TeleCine e no VideoCamp.
7. Bacurau (2019)
Bacurau é uma região localizada no sertão do Nordeste brasileiro, onde uma pequena comunidade compartilha saberes ancestrais. Essa união é ameaçada quando estrangeiros chegam ao povoado e acontecimentos misteriosos começam a despontar pela cidade. Sem dúvida, um dos filmes nacionais para assistir em aula, pois o debate trazido pelo longa ultrapassa as telas para encontrar os desafios políticos, históricos e sociais do Brasil atual. Não sem reforçar a potência da coletividade para defender uma cultura valiosa demais para ser esquecida.
Classificação Indicativa: 16 Anos
Disponível no Globoplay
3 lançamentos recentes para debater em sala
AmarElo: É tudo para Ontem (2020)
Mais do que um registro do show histórico do rapper Emicida no Theatro Municipal de São Paulo, AmarElo faz um verdadeiro resgate histórico ao trazer trajetórias afro-brasileiras e reflexões sobre a atualidade. Com uma linguagem acessível e animações ilustrativas, o documentário traça um paralelo entre história, arte e a urgência de um futuro antirracista, que pode começar a ser construído a partir da sala de aula.
Classificação Indicativa: 12 anos
Disponível na Netflix.
Gilson (2020)
Vencedor do festival latino-americano ComKids 2021, o curta foi produzido durante a quarentena e conta a história de Gilson, um entregador de aplicativo que representa os muitos jovens da periferia que tiveram de trabalhar na pandemia. O filme foi pensado justamente para que o público juvenil pudesse refletir sobre as desigualdades sociais evidenciadas pela Covid-19.
Classificação Indicativa: Livre
Disponível a plataforma Porta Curtas.
M8: Quando a morte socorre a vida (2020)
Também chamando a atenção para a necessidade de discutir o racismo estrutural na sociedade brasileira, o longa traz uma trama de suspense que envolve ancestralidade, desigualdade social e discriminação. O enredo gira em torno de um estudante de Medicina preto e periférico que estabelece uma conexão entre sua trajetória e a de um dos cadáveres não identificado estudado durante as aulas de anatomia.
Classificação Indicativa: 14 anos
Disponível na Netflix.