Relatório da Organização mostra que jovens de todo o mundo ainda optam por profissões tradicionais,não considerando novos tipos de empregos que surgem na 4ª Revolução Industrial. Entenda como as instituições de ensino podem ajudar nessa aproximação.
Medicina, Licenciatura, Engenharia e Direito continuam entre as carreiras mais desejadas pelos jovens há quase 20 anos, ou seja, o cenário pouco mudou com a era das mídias sociais e da popularização da tecnologia no mercado de trabalho. É o que conclui o estudo de 2018 “Emprego dos sonhos? As aspirações de carreira dos adolescentes e o futuro do trabalho”.
Realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o estudo analisa as respostas à pergunta “Qual profissão você espera ter aos 30 anos de idade?”, feita desde 2000 para jovens que participam do Pisa, sigla para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – maior exame de estudantes do mundo realizado a cada três anos.
Os resultados,relativos ao ano de 2018, mostram que a expectativa de carreira dos adolescentes está ainda mais concentrada em poucas ocupações. Se em 2000, 49% dos jovens de 15 anos esperavam chegar aos 30 atuando em uma das dez profissões mais citadas, agora esse número aumentou a 53%.
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Durante o lançamento do estudo no Fórum Econômico Mundial, realizado na Suíça, o diretor de educação da OCDE, Andreas Schleicher, manifestou preocupação por mais jovens escolherem o “trabalho dos sonhos” dentro de uma pequena lista de opções.
“A análise sugere que, em muitos países, as aspirações de carreira dos jovens têm pouca relação com a demanda real do mercado de trabalho. Muitos adolescentes desconhecem novos tipos de empregos que estão surgindo, principalmente como resultado da digitalização”, disse.
O recorte dos estudantes brasileiros
Atrás apenas da Indonésia, o Brasil é o segundo país entre os 41 participantes da pesquisa,com a maior porcentagem de estudantes que optam por uma entre as dez carreiras mais citadas:quase dois a cada três jovens brasileiros dizem querer segui-las.
O presidente da Associação Brasileira de RH, Paulo Sardinha, aponta algumas hipóteses que ajudam a explicar esse cenário. “Normalmente, aos 15 anos, os jovens conhecem pouco sobre o mercado de trabalho, por isso é natural que elas optem por profissões mais conhecidas. Há também influência da família, que por falta de conhecimento tende a valorizar carreiras mais tradicionais e conservadoras”.
Ele ressalta, contudo, que é pouco provável que as escolhas dos jovens serão mantidas ao longo do tempo. “Quando eles chegam aos 18 ou 20 anos, olham para o mundo e batem na porta da universidade, o universo deles se expande”.
Do lado oposto estão Alemanha e Suíça, com menos de 4% de seus estudantes optando por uma das dez profissões do ranking das mais desejadas. Segundo o relatório da OCDE, isso se deve a programas de treinamento profissional bem estabelecidos, fundamentais para ampliar as perspectivas da juventude.
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O papel da escola
A escola tem um papel fundamental para ajudar os jovens a entender as mudanças no futuro de trabalho. A própria OCDE projeta que a automação poderá acabar com quase metade dos empregos que a gente conhece hoje nos próximos 20 anos. Além disso, 39% dos empregos citados pelos participantes do Pisa correm o risco de ser automatizados dentro de 10 a 15 anos.
“O movimento de surgir e desparecer carreiras sempre existiu, mas hoje é mais amplo, múltiplo e se dá numa velocidade maior. As escolas e as universidades precisam influenciar as crianças a se aproximar das demandas reais do mercado.O que o mundo aponta é que haverá duas áreas em expansão: saúde e tecnologia, especialmente voltada para o desenvolvimento de softwares e aplicativos”, indica Paulo Sardinha.
O problema é que orientação vocacional e informações sobre o futuro do trabalho ainda são pouco exploradas pelas instituições de ensino, como avalia Paulo Tadeu Rabelo da Motta, professor do Departamento de Psicologia Social da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp.
“Só realizar orientação vocacional não resolve. As escolas devem mudar para se adequar aos interesses dos estudantes. Devem ser mais desafiadoras e trabalhar para que a aquisição do conhecimento seja algo prazeroso e que tenha aderência às necessidades reais”, complementa Paulo Tadeu.
Com base nas orientações do relatório da OCDE, veja como as escolas e educadores podem apoiar os estudantes nas novas demandas para o futuro do trabalho:
• Comece cedo, nos anos iniciais da Educação Básica, e intensifique a orientação vocacional em momentos decisivos, quando os estudantes estiverem efetivamente pensando em qual caminho trilhar;
• Conecte o aprendizado em sala de aula com o estudo do futuro da economia;
• Providencie informações confiáveis sobre o mercado de trabalho, bem como conselhos ou orientações de profissionais bem treinados e imparciais;
• Ofereça informações variadas e equilibradas sobre as diferentes profissões existentes no mercado de trabalho, tanto sobre as tradicionais quanto sobre as novas. E desafie estereótipos.
• Intensifique o trabalho de orientação vocacional com jovens em situação de vulnerabilidade social e maiores riscos de evasão escolar.