Pensamento crítico, colaboração e flexibilidade para resolver problemas complexos são algumas das competências socioemocionais que não podem faltar em um profissional do século XXI
A tecnologia desempenha um papel cada vez mais transversal no dia a dia das pessoas. Com demanda crescente nas áreas de desenvolvimento e manutenção de recursos tecnológicos, o futuro do trabalho passa, também, a ser conduzido por essas inovações. Para atender à complexidade da vida em sociedade, é preciso encontrar um equilíbrio entre os códigos e a inteligência emocional essencialmente humana.
Segundo o relatório The Future of Jobs (O Futuro do Trabalho, em português), divulgado em outubro de 2020, no Fórum Econômico Mundial, pensamento crítico, colaboração, resolução de problemas e flexibilidade são algumas das habilidades e competências socioemocionais que não vão poder faltar aos profissionais de qualquer área dentro dos próximos cinco anos.
“Não podemos mais pensar em carreira sem levar em consideração essas competências, e sobretudo a capacidade de lidar com um mundo em constante transformação, que exige de nós adaptabilidade em todos os níveis de interação”, apontou Ricardo Felix, consultor pedagógico do Senac-SP, durante o webinar O Futuro da Carreira & A Carreira do Futuro, promovido pela Folha de São Paulo em fevereiro de 2021.
Baseado em previsões de especialistas em recursos humanos e estratégia de cerca de 300 empresas globais, o relatório The Future of Jobs está alinhado ao contexto atual de pandemia e aponta uma tendência de automação e integração de tecnologias que podem fechar 85 milhões de empregos no mundo, principalmente em áreas como contabilidade, suporte administrativo e processamento de dados.
As 5 profissões mais demandadas no Brasil:
1. Especialista em inteligência artificial
2. Analista e cientista de dados
3. Especialista em internet das coisas
4. Especialista em transformação digital
5. Especialista em Big Data
Fonte: Relatório O Futuro do Trabalho (The Future of Jobs), do Fórum Econômico Mundial.
O diferencial humano
Ainda segundo o relatório do Fórum Mundial Econômico, 50% dos trabalhadores vão precisar de requalificação para permanecer em suas funções. A transição de carreira para áreas de Tecnologia e Inteligência Artificial também tende a crescer, não sem considerar que o desenvolvimento de capital humano desses profissionais será o maior diferencial em termos de competitividade no mercado de trabalho.
Para Fernanda Amorim, recrutadora e sócia da Find, empresa especializada em consultoria nas áreas de tecnologia digital, as habilidades e competências socioemocionais nunca foram dispensáveis. “Elas se destacam agora, e farão ainda mais sentido num futuro, pois estão inseridas em um contexto de automação. O que vai diferenciar um profissional de uma máquina é a capacidade de ser criativo, colaborativo e flexível na resolução de problemas”, explica.
Daqui para frente, a tendência é romper a ideia de que programadores, desenvolvedores de softwares e cientistas de dados trabalham isolados do resto da equipe. Segundo Fernanda, as empresas vão precisar levar em conta as necessidades dos colaboradores para tangibilizar metas, ao mesmo tempo em que os profissionais do século XXI terão de valorizar o autoconhecimento, a colaboração e o aprendizado contínuo ao longo de suas carreiras para se destacarem.
Pessoas capazes de resolver problemas complexos
A proposta de formar Engenheiros de Software que dominem linguagens de programação, inteligência artificial e base de dados de forma autônoma e comprometida com os relacionamentos interpessoais na essência da rede École 42. O objetivo é preparar os programadores (coders) para, antes de tudo, impactarem positivamente a sociedade como seres humanos (humans).
“O conceito de human coders nasce com a perspectiva de mostrar que as pessoas são capazes de resolver problemas complexos de forma autônoma, criativa e colaborativa”, explica Karen Kanaan, sócia e diretora da 42 São Paulo, que entrou no Brasil em 2019, por meio da iniciativa pioneira da Fundação Telefônica Vivo. “Não existe maneira de encontrar uma solução efetiva sem contar com um coletivo diverso.”
Baseada na matriz francesa, a metodologia disruptiva e gamificada convida pessoas acima dos 18 anos a se especializarem na área de Tecnologia com bolsa 100% financiada pela parceria com empresas privadas, como a Fundação Telefônica Vivo. Sem custo e sem experiência prévia exigida, a ideia é aprender entre os pares e avançar em projetos que passam por diversas trilhas de especialização. Saiba mais sobre como a 42 funciona na prática!
No Brasil, a 42 São Paulo combina desenvolvimento técnico e socioemocional a partir da criação de espaços de troca entre os estudantes, também conhecidos como cadetes. Para avançar nos projetos, a criatividade, a determinação e o trabalho em equipe são critérios fundamentais. Além de oficinas e workshops que estimulam o autoconhecimento e a empatia, o desempenho no curso está diretamente ligado à resolução de problemas da vida real.
“Muitas vezes uma empresa contrata um profissional, mas esquece que vem um ser humano junto. A estratégia da 42 São Paulo para fazer essa integração é o próprio método, que oferece um espaço flexível, seguro e ao mesmo tempo que desafia o estudante a pensar fora da caixa”, resume Karen. “A tecnologia funciona como um meio que caminha junto das necessidades do ser humano que a projeta.”
A forma de avaliação leva em consideração três pilares: progredir, colaborar e servir. Existe uma preocupação em ir além do conteúdo, estimulando a consciência dos cadetes em relação ao próprio aprendizado. O desempenho também soma pontos referentes à contribuição com a comunidade. No final de cada ciclo de aprendizado — geralmente com duas semanas de duração — os cadetes acessam uma plataforma de votação, chamada VoxoTron, onde selecionam os integrantes que mais ajudaram na condução dos projetos.
Leia mais: Quiz: A 42 São Paulo é para mim?
Leia mais: 42 São Paulo se reinventa durante a pandemia