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O Desafio Criativos da Escola convida estudantes e educadores a criarem planos de ação para mudar a realidade de suas comunidades. Confira os destaques da 6º edição!

#Educação#Estudantes

A imagem de fundo azul e borda púrpura mostra metade do rosto de uma mulher de cabelos cacheados e o desenho de uma lâmpada acima da sua cabeça

A criatividade é a capacidade de ser inventivo, adaptar-se às mais diversas situações e inovar em soluções. Em tempos de crise, essa característica é o que permite transformar realidades. Partindo dessa perspectiva, o Desafio Criativos da Escola, que reconhece e encoraja o protagonismo dos estudantes na construção dessa mudança, ocupou um papel ainda mais significativo no ano de 2020.

A iniciativa faz parte de um movimento global chamado Design for Change,  criado na Índia em 2006 e implementado em cerca de 65 países. O objetivo é atuar a partir de uma metodologia de elaboração de projetos, que estimulam os jovens a estruturarem soluções para os problemas de suas comunidades. Desde 2015, o Instituto Alana traz essa proposta para o Brasil.

Por conta das medidas de isolamento social em combate à pandemia, a 6º edição contou com adaptações para aplicar a metodologia a distância, por meio de missões coletivas e individuais que compõem a Jornada Criativa. Com dinâmicas como Diário dos Sonhos, os jovens puderam refletir sobre eles mesmos e sua relação com o mundo, bem como conhecer ferramentas para construir planos de ação.

O Desafio contou com 2.216 estudantes inscritos e 1.700 jovens e educadores na etapa final. No total, 50 planos foram selecionados nas cinco regiões brasileiras, com grupos formados por estudantes e educadores, do Ensino Fundamental ao Ensino Médio. Diferente dos anos anteriores, nem todos os projetos foram pensados antes da jornada começar.

“Diante de todos os desafios vividos no ano passado, decidimos reformular a proposta para contribuir com estímulos e ferramentas que pudessem ajudar na manutenção de vínculos e no fortalecimento do protagonismo jovem. Esse sempre foi um olhar trazido pelo Criativos, mas que neste contexto se acentuou pela importância da valorização dos sonhos e da dedicação desses estudantes e educadores”, comenta Gabriel Salgado, coordenador do Desafio Criativos da Escola.

“A gente acredita que para defender a expressão desses jovens, é importante olhar também para as condições de trabalho dos educadores, para seus planos de carreira e para a infraestrutura que impacta diretamente o trabalho desses profissionais. Valorizando-os, estamos também possibilitando que abram mais espaços de escuta e partilha entre seus estudantes”, afirma Gabriel Salgado.

No ano de 2020, os temas que mais se destacaram chamaram atenção para problemas estruturais relacionados à educação, muitos buscando soluções para as consequências trazidas pela pandemia. As propostas foram divididas em cinco grandes categorias: educação, meio ambiente, qualidade de vida, igualdade e inclusão.

A seguir, conheça alguns projetos selecionados pelo Desafio Criativos da Escola.

 

Espaço de escuta e acolhimento 

Na Escola Estadual Gilberto Giraldi, no município de Vargem Grande (SP), o projeto surgiu logo no início da pandemia. A ideia dos estudantes era criar um espaço de escuta entre os jovens, onde eles pudessem compartilhar sentimentos e emoções livremente. Assim nasceu o Conexão GG, que através de um QR Code se propõe a mudar vidas.

“O estudante acessa o QR Code e encontra um texto, um vídeo, uma música inspiradora. Pode parecer pouco, mas às vezes uma palavra de acolhimento pode fazer a diferença no seu dia. É papel da escola entender o que acontece não apenas dentro de seus muros, mas na casa dos estudantes, na vizinhança, na comunidade”, diz o professor de História e Projeto de Vida, Ruan Bertolucci,  que é orientador do grupo formado por Bruna Cordeiro e Isabela Maruzo, ambas estudantes do segundo ano do Ensino Médio.

Os conteúdos são selecionados pela equipe, que realizou uma pesquisa prévia para mapear as necessidades e as dificuldades que afetam diretamente o desenvolvimento socioemocional dos estudantes. Na plataforma, os jovens podem opinar sobre o que encontraram de forma anônima, pedir ajuda para os colegas ou professores, dar sugestões para a escola e criar um espaço de confiança para se expressar.

“A escola pública precisa desse reconhecimento e da valorização dos tantos projetos relevantes que já existem. As meninas fizeram um trabalho impressionante de pesquisa, de escuta, e alcançaram seus colegas de uma maneira que talvez os professores não conseguissem. A escola é onde tudo começa. E isso é o que me motiva a querer, cada vez mais, agregar na vida dos meus estudantes”, afirma o professor.

Consumo consciente em prol do meio ambiente 

Já em Barbalha, município do estado do Ceará, a motivação de Evilyn Araújo, Auanny Mendonça e Mairton Rodrigues de Souza, estudantes do curso técnico em Redes de Computadores da EEP Otília Correia Saraiva, parte em dois sentidos: monitorar e conscientizar sobre o consumo de energia.

Para alcançar esse objetivo, os estudantes montaram um protótipo de um equipamento feito de arduíno capaz de medir o valor a ser pago pelo Kwh (kilowatts/ hora) de energia e pelo m3 (metros cúbicos) de água. Dessa forma, os consumidores podem acompanhar o consumo a qualquer momento do mês. Para fazer esse monitoramento, a segunda parte do projeto envolve a programação de um aplicativo.

A ideia surgiu a partir das aulas de Biologia, nas quais a educadora Ana Aline incentivou os estudantes a desenvolverem trabalhos de pesquisa, com o objetivo de desenvolver soluções para questões socioambientais. Evilyn foi uma das primeiras a manifestar interesse, mobilizando outros colegas a participarem. Pouco tempo depois, Auanny encontrou o Criativos da Escola e viu uma oportunidade de apresentar o projeto chamado EMA Emergency.

“Vimos na jornada e na premiação a possibilidade de darmos um salto no desenvolvimento do nosso protótipo e, mesmo com os desafios de organizar todas as etapas a distância, a resiliência da equipe nos trouxe a emoção de estar entre os vencedores e sermos reconhecidos pelo governo estadual. Acreditamos que até o final de 2021, o equipamento e o aplicativo já estejam em fase de testes”, compartilha Ana Aline.

Letramento racial e articulação com o território 

Histórias da Minha Área é o nome de uma música do rapper e historiador mineiro Djonga. É também a inspiração para o projeto de letramento racial conduzido por estudantes do Ensino Médio e educadores do Instituto Federal de Minas Gerais, no município de Ribeirão das Neves. Através de debates, encontros e produções audiovisuais, o Histórias da Nossa Área traz temáticas a serem debatidas a partir das experiências do território e da comunidade.

Racismo estrutural, branquitude, masculinidades e mulheridades pretas, estética e resistência, artes urbanas e negritude, saúde mental com enfoque racial. Esses são alguns dos temas englobados pelo projeto, que faz parte do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEAB). Composto por estudantes e educadores, o grupo já foi reconhecido em menção honrosa pelo Criativos da Escola, em 2019, reconhecendo o projeto de uma estudante do Instituto.

Já em 2020, Ana Luiza Rocha (18), Lidia Nataly Santos (18) e Rayane Souza (17), formaram a equipe Filhas de Dandara para representar o grupo no Desafio, com apoio da professora de História Juliana Ventura. A ideia a partir de agora é mobilizar mais estudantes, oferecer letramento racial para o corpo docente e articular esses estudos com o território de Neves.

“Fazemos parte de uma população majoritariamente negra, que muitas vezes não se reconhece como tal. O que mais chama atenção no projeto é que ele estimula uma racialização dos estudantes negros e uma abertura para os estudantes não-negros para rever aspectos do seu privilégio a partir de situações cotidianas na escola e em outros espaços próximos deles”, compartilha a educadora Juliana Ventura.

Iniciativa estimula protagonismo jovem e soluções coletivas para a comunidade escolar
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