Recursos tecnológicos podem facilitar o processo de ensino-aprendizagem, mas requerem investimentos e formação
Quando o assunto é inteligência artificial (IA) na educação, o que vem à mente? Esqueça o robô no papel do professor, um cenário futurista com os alunos simplesmente mergulhados em computadores e dispositivos móveis.
Inteligência artificial é, na verdade, um conjunto de ferramentas e tecnologias que permitem que determinados mecanismos simulem a capacidade humana de pensamento, raciocínio e resolução de problemas. E, quando aplicada à educação, pode significar grandes potenciais e desafios.
Lúcia Gomes Vieira Dellagnelo, diretora-presidente do Cieb
Para debater a questão, o Centro de Inovação para a Educação Brasileira (Cieb) publicou o estudo Inteligência Artificial na Educação. O trabalho, em formato de nota técnica, traz conceitos de inteligência artificial e de IA na educação, discute aplicações dessas tecnologias no ambiente educacional, analisa seus impactos e mostra caminhos para sua aplicação nas escolas.
A diretora-presidente do Cieb, Lúcia Gomes Vieira Dellagnelo, esclarece que IA não é uma ferramenta em si, mas um conjunto de recursos que podem ser úteis no processo de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, a inteligência artificial fornece uma assessoria inteligente e plataformas de apoio para o surgimento de novas ferramentas.
“Não existe aplicação direta de IA pelo professor na sala de aula, mas a inteligência artificial permite a criação de ferramentas e principalmente, a adaptação de conteúdos, em diferentes plataformas educativas, que oferece formas diversificadas de aprendizagem para os alunos e podem ajudar a vida do professor”, diz.
Conheça alguns benefícios que a IA na educação pode proporcionar:
Para o estudante: Pode tornar a aprendizagem mais fácil, rápida e prazerosa. Além disso, é possível criar ambientes mais inclusivos, considerando-se a possibilidade de adaptação do conteúdo para atender estudantes com dificuldades motora, visual ou auditiva.
Para o professor: Oferecer recursos de automatização dos processos de avaliação para saber e acompanhar as dificuldades de cada aluno e apoiá-lo de forma individualizada e personalizada.
Para o gestor: Automatizar a distribuição de carga didática aos professores e o rastreio de cronogramas, metas e pontos críticos no ecossistema educacional. Com técnicas de IA, também é possível identificar pessoas e escolas ideais para delegar atividades e coordenar processos; otimizar os recursos e minimizar custos.
Desafios na implantação
MairumCeoldo Andrade, gerente de tecnologias educacionais do Cieb
Ao mesmo tempo em que apresenta muitos potenciais, a inserção da inteligência artificial na educação brasileira também enfrenta desafios como a adaptação de currículos, ajuste de práticas pedagógicas, competência do professor (saber usar as ferramentas e analisar os dados extraídos) e infraestrutura.
A diretora-presidente do Cieb ainda ressalta que além das políticas públicas essências para resolver tais questões, a discussão sobre a inteligência artificial deve incluir o uso de evidências e análise de dados na educação.
“A IA só vai gerar benefícios se formos capazes de criar grandes bancos de dados sobre todos os estudantes brasileiros para que realmente a gente gere inteligência a partir desses dados. É preciso criar essa cultura, senão dificilmente vamos aproveitar esse potencial”, comenta.
Mairum Ceoldo Andrade, gerente de tecnologias educacionais do Cieb, acrescenta que os professores devem ver a tecnologia como uma aliada no processo educacional. Para ele, as ferramentas da inteligência artificial podem ser empregadas como apoio, não como um substituto ou empecilho.
“A inteligência artificial pode trazer benefícios e facilidades de diferentes formas, cabe ao professor descobrir e desenvolver as melhores maneiras de inserir essa cultura no dia a dia”, conclui.
A publicação Inteligência Artificial na Educação está disponível em pdf. Acesse para saber mais sobre o tema.