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Aprendizado, superação e muita vontade de crescer são alguns dos lemas da Jaubra, caso que mostra a potência empreendedora das áreas periféricas

A história da Jaubra, startup que surgiu na Brasilândia para oferecer serviço de transporte urbano privado ao bairro da zona norte de São Paulo, é uma mistura de superação e visão de negócios. O bairro, localizado na periferia da capital, sempre foi um dos negligenciados pelos grandes players de transporte individual. Isso deu um estalo para que Alvimar da Silva, 51 anos, percebesse que o dia a dia de quem mora ali não poderia ser interrompido por falta de mobilidade.

“Bolei o projeto a partir das dores do bairro, porque o atendimento em transporte aqui é muito precário e os aplicativos começaram a vetar o acesso por considerarem uma área insegura e de difícil locomoção”, resume o fundador, sobre a origem da empresa em 2017.

Ele conta que o fato de a equipe da Jaubra — capitaneada por ele, pela filha e com envolvimento de outro filho — ser da Brasilândia faz toda a diferença. Não só por conhecerem as pessoas e a região, mas também pela confiança dos usuários.

“Tenho clientes que preferem andar com o nosso app por saber que ele saiu do bairro”, conta Alvimar da Silva.

A família não tinha consciência de que seu projeto era um exemplo de empreendedorismo de impacto social. “Hoje, enxergamos esse impacto. Por exemplo, havia uma mãe que não conseguia levar o filho para um tratamento médico por causa da má qualidade do serviço de transporte público, ou porque o app que ela chamava não a atendia. Os grandes apps têm vetado cada vez mais a periferia. Costumo dizer que, quanto mais eles excluem, mais eu incluo”.

Inclusão essa que não visa apenas lucro, afirma o empreendedor. “Todo mundo gosta de dinheiro, mas eu entendo que empreendedorismo e impacto social andam lado a lado”.

Recalculando a rota

Alvimar conta que muitos projetos, principalmente na periferia, poderiam mudar a cidade e acabam engavetados de tanto esperar por uma chance. A Jaubra teve oportunidade para desviar dessa rota.

No início, foi escolhido por alguns projetos de aceleração, um deles é o Vai Tec, que está em sua 3ª edição, mostrando o potencial da periferia ao apoiar iniciativas de impacto social. O programa é criação da Agência São Paulo de Desenvolvimento (AdeSampa) e da Secretaria Municipal do Trabalho e Empreendedorismo (SMTE), com parceria da Fundação Telefônica Vivo.

A equipe do Jaubra passou por painéis, palestras e acelerações, que ajudam a manter a empresa funcionando, pois ainda não é possível manter o aplicativo apenas com a renda gerada pelo serviço prestado.

“(O Vai Tec) foi uma oportunidade única! O aprendizado que tivemos nos deu visão para saber onde estamos, o que precisamos e onde queremos chegar”, afirma o empreendedor Alvimar, torcendo pelo aparecimento de mais apoiadores. “Se tivessem mais apoiadores como a Fundação Telefônica Vivo, ajudaria muita gente”.

Outro aspecto que mudou ao longo da jornada de dois anos de existência da empresa é o conhecimento sobre ferramentas para melhorar o negócio. “Era um ‘ogro’ da tecnologia. Imagina entrar em um ramo que é tecnológico? No início achei complicado, mas voltei à ‘sala de aula’ e aprendi sobre Canvas, business plan, cash flow (fluxo de caixa)”, afirma o empreendedor social.

No início, participar de palestras era o fim do mundo pela falta de costume ao falar ao microfone ou ao dar entrevistas. “Hoje gostamos. Minha filha é convidada para palestras e painéis”. Aline Landim é definida pelo pai como o “divisor de águas” do projeto. Não à toa, ela foi homenageada pelo prêmio Gol Novos Tempos, conta orgulhoso.

Origem e destino

A Jaubra pode dizer que aplica, na prática, o seu slogan “Novos caminhos, novas possibilidades”. O que começou na garagem de casa agora conta com uma média de sessenta motoristas rodando, vinte deles trabalhando exclusivamente para o app.

A tendência é crescer, conta Alvimar, principalmente com a previsão do lançamento de um novo aplicativo para a Jaubra. “Temos uma fila de espera de 400 motoristas que aguardam essa liberação para começar a trabalhar”.

Além da atuação na Brasilândia, o app recebeu convites para atuar em outras regiões da capital paulista e locais periféricos de Brasília (DF), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE) e Salvador (BA). Trabalhar em outras áreas, que tenham relação com transporte, como a de entrega de mercadorias, é outro problema nas periferias e também está no horizonte da empresa.

Alvimar vislumbra o caminho. “Vejo a Jaubra atendendo a área central e outras regiões, quem sabe outros Estados. Brasilândia foi o princípio, nascemos aqui, somos moradores e nunca vamos abandonar o bairro ou a periferia. Somos pioneiros e enxergo nosso negócio como uma potência que poderá fazer diversas parcerias. A quebrada tem potencial, ao contrário do que muita gente acha”.

Jaubra leva serviço de transporte privado à periferia de São Paulo
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