A plataforma, baseada na geolocalização, une estratégias de duas redes sociais: Tinder e Facebook.
Estudante se especializará na área em curso de dois anos nos EUA.
“Por que não unir as redes sociais Tinder e Facebook em uma única plataforma?” A pergunta não saía da cabeça do jovem Gabriel Cantarin, morador de Ibitinga, interior de São Paulo. Estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec), na cidade vizinha de Taquaritinga, ele não desistiu de encontrar a resposta. Ou melhor: optou por criá-la. Aos 21 anos, Gabriel elaborou o Waving (acenando, em tradução livre), rede que pretende ir além dos compartilhamentos, curtidas e postagem de fotos. Baseada na geolocalização, o Waving encontra até 250 pessoas nas proximidades e, diferentemente do Facebook, permite que conversem sem mesmo serem amigas.
Transformar o projeto em uma alternativa ao Facebook parece ambicioso, mas o sonho de uma nova rede social caminha a passos largos para se tornar realidade. “A ideia chamou atenção pela sua essência criativa e inovadora, e também por ter um plano de negócios bem estruturado com alto potencial de mercado”, afirmou o coordenador regional da Agência Inova Paula Souza, Gustavo de Souza Gabriel, em entrevista ao site Centro Paula Souza.
“O diferencial do Waving”, conta Gabriel ao site da Fundação Telefônica Vivo, “é o fato de a rede te conectar com as pessoas próximas, mesmo aquelas que você ainda não conhece, sem foco em relacionamento [como acontece no Tinder]. Isso é algo único. A timeline pensada é semelhante à do Facebook”, explica.
O apoio nacional à iniciativa não demorou a cruzar fronteiras. Por seis meses, Gabriel e o sócio, Charleston Anjos, de 22 anos, seu amigo de longa data, criaram um plano de negócios na internet. Investidores norte-americanos viram o projeto na rede social de startups, chamada Angels.co, e convidaram Gabriel para uma apresentação nos Estados Unidos, em fevereiro. O destino foi a cidade de Sunnyvale, que faz parte da região do Vale do Silício (Califórnia).
Por lá, Gabriel ficou 33 dias para apresentar o projeto aos investidores – movimento que, no cenário do empreendedorismo, é chamado de startup (uma pequena empresa que está começando). Ela ressalta que a experiência foi muito além da procura por patrocínio para o Waving. “Ter a oportunidade de empreender no Vale do Silício foi incrível, conheci novas pessoas e investidores com quem pude trocar experiências e fazer conexões. Foi um aprendizado grande, difícil até de explicar, mas com certeza agregou muito em questão de conhecimento e aumentou minha lista de contatos.”
O resultado não veio em dinheiro, mas em uma bolsa 100% integral da Draper University para um curso de empreendedorismo nos próximos dois anos e meio. “O convite para a bolsa me pegou de surpresa. Inicialmente, eu não tinha conseguido 100% da bolsa, não teria como ir, então neguei o convite. Passado um tempo, recebi uma nova proposta e, dessa vez, fui contemplado com 100% da bolsa. Eu fiquei muito feliz, emocionado e meus familiares também”. O jovem embarcou novamente para a Califórnia no dia 31 de março, para focar nos estudos.
Hoje, o Waving é uma plataforma-beta no site, que ainda está em construção. O internauta pode se cadastrar para receber novidades e informações sobre o lançamento, ainda sem previsão oficial. Mesmo a distância, Gabriel pretende promovê-la durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em agosto. A ideia é aproveitar a visita dos estrangeiros para apresentar a rede social e, até lá, conseguir novos investidores. “Já está tudo pronto, e as Olimpíadas serão um momento de destaque. Gostaríamos de ganhar força com um investidor maior, mas a plataforma irá ao ar de qualquer maneira”, diz ele, otimista com os resultados já conquistados.
Para Gabriel, ser empreendedor exige visão ampla, no sentido de mirar nas tendências futuras no mercado e refletir sobre todas as partes ao mesmo tempo, pensando no resultado que pode ser bom para o cliente. “Realizar pesquisas de mercado para saber o que as pessoas esperam do seu produto também pode ser uma ótima ferramenta”, ensina. “É importante que você saia da zona de conforto e arrisque nas coisas em que acredita. A primeira atitude que tomei para me tornar um empreendedor foi parar de adiar. Aconselho a quem quer empreender que comece, dê o ‘start’! É preciso sair do zero”, finaliza Gabriel, mostrando a força do protagonismo juvenil.